O payback (tempo de retorno do investimento) de um mesmo sistema fotovoltaico residencial no Brasil pode apresentar uma variação quase duas vezes maior dependendo do estado em que for instalado. É o que aponta um levantamento do Canal Solar, realizado com base em dados do último estudo publicado pela Greener, em junho deste ano.
Segundo os números apresentados pela empresa de consultoria, a diferença entre os estados com menor e maior tempo médio de payback – Minas Gerais e Amapá, respectivamente – chega a mais de dois anos.
Nos municípios mineiros, um proprietário leva, em média, três anos para reaver todo o investimento. Enquanto isso, nas cidades amapaenses, a espera leva cerca de cinco anos e meio em sistemas que apresentam as mesmas características e o mesmo aporte inicial.
Apesar da distância e da realidade econômica distinta entre os dois estados, a diferença também é encontrada em regiões vizinhas e que contam com poder aquisitivo semelhante.
É o caso de São Paulo e Rio de Janeiro – duas localidades onde o tempo de espera pelo retorno do investimento possui uma diferença de 18 meses. Enquanto os paulistas aguardam, em média, quase cinco anos, os cariocas recuperam os aportes em menos de três anos e meio.
Marcio Takata, CEO da Greener, explica que essa variação de tempo ocorre por causa de três fatores: a quantidade de radiação solar do local onde o sistema é instalado, o preço da energia praticado no estado e o valor do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobrado sobre a parcela TUSD em cada um das unidades federativas.
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“Os locais com maior índice de radiação solar tendem a ser mais favoráveis para o retorno do investimento por uma questão óbvia. Mas, não é só isso. As regiões com maior tarifa de energia, por exemplo, tendem a ter um maior benefício e uma maior economia, afinal com a conta altíssima, tudo que o proprietário puder economizar (com a fonte solar) valerá mais”, comentou.
Com relação à cobrança do ICMS, Takata explica que no Brasil existem regiões que contam com uma situação tributária mais razoável que outras para realizar a compensação de créditos por energia. “Existem estados que têm o benefício do ICMS sobre a TUDS que permitem uma compensação integral no crédito de energia. “É por isso que Minas Gerais, por exemplo, tem um payback tão bom”, destacou.
Metodologia de cálculo
Para calcular o payback residencial de cada um dos estados brasileiros, a Greener levou em consideração o valor dos sistemas no país, que, em junho, era de R$ 4,88/Wp. Também foram considerados a produtividade do local, o custo médio dos sistemas, a tarifa das concessionárias, um PR de 75% e índice de simultaneidade de 30%.
Em relação à última pesquisa, a entidade avaliou que o tempo médio de retorno do investimento de um sistema fotovoltaico de porte residencial diminuiu, em média, 5,9%, sendo que os estados da Bahia, Rio Grande do Norte e Minas Gerais foram os que mais sofreram redução, enquanto Maranhão teve um leve aumento percentual.