A implementação de tecnologias robotizadas e 100% customizadas em usinas solares de GC (geração centralizada) tem mostrado um impacto direto na redução dos custos (OPEX) e num aumento da eficiência das operações nesses tipos de empreendimentos.
Em entrevista exclusiva ao Canal Solar, Rodrigo Antônio Panham, Asset Manager da EDP Renováveis, destacou que soluções como robôs autônomos e o uso da IA (inteligência artificial) para o controle de vegetação e monitoramento de equipamentos não apenas otimizam processos, como também melhoram a segurança em campo e garantem maior retorno financeiro aos projetos.
O executivo também falou da importância das empresas do setor realizarem parcerias com startups e universidades para desenvolver soluções robotizadas e personalizadas para atender as especificidades presentes em cada parque solar.
A entrevista foi concedida pelo profissional na última quinta-feira durante a 4ª edição do Solar O&M Fórum, realizada pela Blue Ocean Business Events, no Novotel Center Norte, em São Paulo.
O evento reuniu executivos, desenvolvedores de projetos de energia renovável, fabricantes, fornecedores e ISPs (provedores de serviços independentes) para discutir as tendências, os desafios operacionais e as melhores práticas no segmento de O&M de energia solar e eólica.
A programação incluiu painéis de debates, apresentações de casos reais e sessões de networking exclusivas, com uma visão estratégica de diversas multinacionais em relação ao futuro da operação e manutenção no setor de renováveis no Brasil.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
Canal Solar: Quais as principais desafios e o que podemos esperar do futuro dos serviços de O&M na geração centralizada. Qual é a sua visão sobre o assunto?
Rodrigo Panham: Na geração centralizada, vejo uma oportunidade imensa para a aplicação de novas tecnologias.
Um exemplo é a inteligência artificial, que, embora ainda seja um conceito relativamente novo, representa o caminho para maximizar a eficiência e reduzir custos operacionais.
Outro ponto relevante é a robotização, que tende a melhorar significativamente o OPEX, especialmente ao reduzir a necessidade de profissionais em campo.
Isso é crucial no controle de vegetação, uma área que, além de ser custosa, está associada à maioria dos acidentes em saúde e segurança no setor.
Hoje, ainda há uma falta de escala comercial para a implementação de robôs autônomos em parques centralizados, mas o potencial é enorme para novos desenvolvedores.
Por exemplo, firmamos uma parceria com uma universidade na Espanha para desenvolver um robô capaz de operar na nossa usina com a mesma eficiência de um trator, mas com maior autonomia.
Esse tipo de equipamento ainda não está disponível no mercado, mas é algo que, sem dúvida, tem um espaço promissor para desenvolvedores.
E parcerias com startups são uma boa saída para as empresas?
Sem dúvida. Atualmente, essa é a alternativa mais viável. Há casos de sucesso, como o nosso e o da Iberdrola, na Espanha, que também adotou uma abordagem semelhante.
Startups, em parceria com universidades, representam o caminho ideal para desenvolver soluções robotizadas e personalizadas para parques solares.
No Brasil, ainda não contamos com grandes marcas especializadas no controle de vegetação que atendam às demandas específicas de cada parque.
Muitas vezes, a complexidade do relevo e das drenagens torna inviável o uso de tratores ou mesmo de mão de obra convencional. No entanto, com o auxílio de robôs, essas operações tornam-se viáveis e eficientes.
Acredito que essa é uma oportunidade significativa que desenvolvedores e startups podem começar a explorar no Brasil, preenchendo uma lacuna importante no mercado.
Você mencionou a inteligência artificial. Pode dar um exemplo prático de como ela pode otimizar processos de O&M em parques solares?
Um ótimo exemplo é a análise da curva IV digital da performance do parque. Essa tecnologia permite identificar, de forma remota, os principais pontos críticos em um parque solar, algo que uma inspeção termográfica ou visual não consegue detectar com precisão. É uma oportunidade incrível de IA que empresas como, por exemplo, a Huawei já estão explorando no mercado.
E qual seria o impacto em termos de otimização de custos?
Vou citar o caso de Pereira Barreto com o caso da robotização, onde utilizamos cinco tratores e seis pessoas para o controle de vegetação do parque. Com um robô, conseguimos realizar o trabalho equivalente a 2,5 tratores.
Além disso, o robô se torna um CAPEX, não um OPEX, o que oferece um retorno sobre o investimento em aproximadamente um ano. Considerando que o equipamento pode ser usado por 10 ou 15 anos. É UM benefício muito expressivo.
Qual foi a redução de custos nesse caso?
Conseguimos reduzir nosso OPEX em 30%, o que é bastante significativo. A aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas pelo investidor pode parecer um custo elevado no início, mas, com um payback em dois anos e uma operação de 25 anos, vale muito a pena.
Então, a popularização da robotização, com uma redução da dependência de operações humanas são uma tendências sem volta?
Com certeza. Ainda há muito espaço para ser explorado pelas empresas nesse campo da robotização. Como mencionei, a robotização pode não ser viável para todos os parques, mas soluções customizadas, desenvolvidas em parceria com startups e universidades, podem atender às necessidades específicas de cada projeto.
Questões como altura das estacas, ângulos de manobra de tratores e robôs, e espaço entre as placas precisam ser analisadas caso a caso para garantir a eficiência da operação. Por isso, uma robotização personalizada, junto com desenvolvedores e startups, é vista por nós como uma excelente solução.
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Respostas de 2
sei da importância da tecnologia porém o que mais e preocupante serão as perdas de postos de trabalho principalmente,em países de terceiro mundo onde políticas sociais são utilizadas para eleger políticos ,para manter sistemas de governo.
Acredito que o esforço mútuo e necessário para que possamos gerar empregos e conviver com a tecnologia.
A tecnologia chegou para ficar. Agora um novo mundo se abre para os investidores. As empresas terceirizadas de O&M no curto prazo não tem como investir na mesma velocidade do avanço da tecnologia, contratos deverão ser repactuados.