Selic a 13,75%: qual é o impacto no setor de energia solar?

Copom aumentou a taxa básica de juros e informou que ainda avaliará a necessidade de um novo reajuste
Selic a 13,75%: qual o impacto no financiamento de equipamentos FV
Sistema de energia solar fotovoltaica instalada em solo. Foto: Unsplash

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central informou que manterá a taxa básica de juros da economia brasileira – a Selicem alta por tempo “suficientemente longo”, com o objetivo de controlar a inflação.

No começo do mês, o Comitê aumentou a Selic de 13,25% para 13,75% ao ano e destacou que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, na próxima reunião”. Ou seja, pontuou que os juros podem passar dos 14% ao ano a partir de setembro. 

No entanto, mesmo com os juros nas alturas, profissionais ouvidos pelo Canal Solar garantem que isso não deve atrapalhar o crescimento do setor solar em 2022. Atualmente, mais de 70% dos sistemas fotovoltaicos no Brasil são adquiridos por meio de financiamentos, segundo a Greener

Ou seja, para os especialistas, a manutenção dos juros altos – apesar de oferecerem condições desfavoráveis para compra dos equipamentos – não deverá causar grandes impactos para o setor solar ao longo dos próximos meses. Confira as análises.

Marco Legal da GD

Para Carlos Bouhid, CEO da Suney, empresa que oferta financiamentos para o setor de energia solar, a perspectiva da mudança das regras atuais da GD (geração distribuída), a partir de janeiro de 2023, é hoje “o principal driver do mercado neste segundo semestre, independentemente do cenário”, afirma.

Sem prever números, o executivo comenta que, por causa disso, espera que o setor obtenha resultados ainda melhores no segundo semestre em relação ao primeiro. “Isso acontece porque os benefícios para quem conseguir fazer a solicitação de acesso até dezembro serão maiores do que qualquer oscilação na taxa básica de juros”.

Como para boa parte dos consumidores as novas regras não foram consideradas benéficas, uma corrida pela instalação dos painéis solares passou a ocorrer a partir da publicação da Lei 14.300, visando permanecer e se enquadrar dentro das regras antigas de compensação.  

Crédito e capital de giro

Alexandre Augusto Silva Ferreira, Gerente de créditos da Bluesun Serviços Financeiros, também faz a mesma afirmação e explica que o impacto na demanda de crédito será pequena e deve afetar mais os contratos de consumo, como cheque especial e cartão de crédito,  e de capital de giro PJ. 

“Os primeiros [cheque especial e cartão de crédito] por terem naturalmente taxas mais elevadas e elásticas e o segundo [capital de giro PJ] por se tratar de contratos indexados ao próprio CDI”, pontua. 

Segundo Ferreira, apesar da alta de 0,5 %, a indicação do Copom em relação à inflação foi positiva, dando margem para que na próxima reunião, em setembro, a taxa atual seja, no pior cenário, elevada em mais 0,25%. “De qualquer forma, em termos relativos, o aumento é pouco relevante, tendo em vista o acumulado de 11,75% desde o ano passado”.

O gerente de créditos ressalta que a preocupação se manterá sobre os indicadores econômicos reais e cenário externo, considerando o desemprego e inflação de países como EUA e zona do Euro, além da atividade econômica na Ásia e crise de energia da Europa, que podem afetar tanto o consumo quanto o câmbio, desfavorecendo a classe de produtos importados como painéis solares e inversores. 

“De toda forma, o cenário esperado é otimista e com o reaquecimento da economia local e retomada do consumo o custo de energia se tornará mais uma vez foco das famílias e empresas favorecendo muito aqueles que investirem em sistemas de geração descentralizada e aproveitarem as ofertas de financiamento disponíveis”, finalizou.

Juros pós-fixados

Gabriel Guimarães, sócio-fundador e diretor Comercial da SolarVolt, integradora do setor fotovoltaico de Minas Gerais, também avalia que o cenário seguirá positivo para a energia solar no decorrer do ano.

Segundo ele, a alta da taxa básica de juros deve impactar os investidores que estão buscando crédito por pouco tempo. “A maioria das linhas de financiamento estão vinculadas à taxa CDI. No entanto, possivelmente estamos já no maior patamar da Selic e os juros devem começar a cair nas próximas reuniões do Copom”, avalia ele. 

Em função disso, Guimarães recomenda aos investidores de usinas solares buscarem taxas pós-fixadas assim, ao longo do financiamento (normalmente entre 5 a 10 anos), terão uma taxa média inferior ao cenário atual.

“Mesmo com as taxas altas, ainda estamos trabalhando com investimento em projetos de energia solar com fluxo de caixa positivo desde o primeiro ano. Portanto, o cenário ainda é bastante atrativo e o setor deve manter um forte crescimento nos próximos anos atrelado a alta demanda de energia em função da aceleração prevista da economia”, pontuou. 

Imagem de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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