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Startup de Joinville (SC) cria a 1ª usina solar tokenizada do Brasil

Os tokens são mantidos na carteira digital de cada uma das pessoas que investiu

Autor: 2 de junho de 2023Projetos
5 minutos de leitura
Startup de Joinville (SC) cria a 1ª usina solar tokenizada do Brasil

Projeto Genesis a primeira usina solar fotovoltaica tokenizada do Brasil

O projeto Genesis é a primeira usina solar tokenizada em operação no Brasil. A planta fotovoltaica de 15,4 kWp foi construída em outubro de 2022 pela TAB Energia, empresa Epcista solar de Joinville (SC), no telhado de seu próprio escritório industrial.

A usina foi 100% financiada por meio de financiamento coletivo, onde os investidores compraram cotas da planta adquirindo tokens NFT (Non-fungible Token), de R$ 100 cada. Esse é o modelo de negócio da startup IPE Assets, criada em março de 2022, também em Joinville e que é incubada pela TAB.

Para Michel Pabst, cofundador da IPE Assets e entusiasta da tecnologia blockchain, a proposta reúne as principais tendências de inovação do mercado de energia e de investimentos.

“Fontes renováveis estão na vanguarda da transição energética pela baixa pegada de carbono, assim como a tecnologia de blockchain, que tem o potencial de democratizar o acesso a investimentos em energia limpa, antes mais restritos a venture capital, family offices e fundos de investimento e também oferecer uma oferta global de um ativo real através de tokens NFT”, comenta Pabst.

O executivo ainda explica que a inovação do financiamento coletivo se dá pelo fracionamento do capital de investimento (Capex) das usinas em tokens NFT, onde cada token é a representação digital da fração mínima desse CAPEX.

Neste modelo, cada investidor adquire um ou mais tokens e ajuda a viabilizar a construção da usina que, uma vez ligada, vai gerar energia e injetar na rede da concessionária local gerando créditos, conforme o modelo de GD (geração distribuída).

Esses créditos abatem o consumo de energia de consumidores finais. O pagamento da fatura com esse abatimento por sua vez remunera a usina e consequentemente os investidores e investidores.

Os tokens são mantidos na carteira digital de cada uma das pessoas que investiu. Nessa mesma carteira são depositados os dividendos mensais, oriundos dos créditos gerados pela usina.

A IPE ainda dolariza esses dividendos antes de depositar nas carteiras dos investidores. Com isso, ela se torna uma excelente oportunidade de dolarizar – além do DCA (Dólar Cost Average) – e uma ótima alternativa para quem busca diversificar a carteira de investimentos, com a vantagem adicional de ser livre de imposto de renda.

Modelo de negócio da tokenização de usinas da IPE Assets

Modelo de negócio da tokenização de usinas da IPE Assets

O cofundador da startup destaca ainda que esse modelo de negócio já existe em outros mercados, como o imobiliário, por exemplo, onde um empreendimento é tokenizado na planta e os investidores são remunerados pelo aluguel dos imóveis, quando finalizados.

No entanto, no mercado solar fotovoltaico apesar de várias iniciativas prévias, o projeto Genesis é o primeiro a ser entregue e a pagar dividendos aos investidores.

“Essa é uma importante milestone no processo constante de consolidação do mercado de integração solar e também da tokenização de ativos: o MVP da startup já pagou 5,54% do aporte nos primeiros cinco meses de 2023, o que dá um horizonte de retornos acima da renda fixa no Brasil, mesmo em um cenário de alta da Selic (atualmente em 13,75% a.a.)”, pontua Pabst.

Ele destaca ainda que o investimento em renováveis não terá seu retorno atrelado à taxa básica de juros, estando na verdade correlacionado com a inflação energética, que historicamente é superior às taxas de inflação oficiais do país.

Pabst também reforça a importância de trabalhar em parceria com a TAB Energia, que acreditou no projeto e incuba a startup, lançando mão dessa forma de todo seu time de engenharia e técnico, mitigando assim os riscos de execução e operação das usinas tokenizadas pela IPE Assets, o que segundo o cofundador da startup é essencial para a segurança do investimento.

Segundo Lucas Lima, coordenador de novos negócios da IPE Assets, essa modalidade de financiamento de ativos traz em sua essência todos os pilares da ESG, pois o core business é tokenizar usinas de energias renováveis, democratizar a oportunidade de aportar em usinas para investidores pessoa física e dada a natureza das transações em blockchain, que são sempre 100% públicas e auditáveis.

“A coisa toda é muito simples, o token é como se fosse a ficha da festa junina que compramos no caixa, só que não é mais no papel, agora é digital. Ninguém precisa pagar a festa sozinho, se quiser pode, mas a ideia é que cada pessoa contribua um pouco e todos terão suas partes proporcionais no lucro”, exemplifica Lima.

“Além disso, o conceito de NFT é como na festa: cada ficha é de uma brincadeira, comida ou bebida diferente, elas não se misturam. Na startup é da mesma forma, os tokens de uma coleção não se misturam com os de outra. Cada usina é uma coleção”, acrescenta.

Ele pontua que uma vantagem dessa versão digital da ficha é que a tecnologia blockchain permite registrar a história de cada token. “Dessa forma nem na mesma coleção eles se misturam pois sabemos todas as transações que ocorreram em cada token, e esse é o componente que traz segurança ao processo. Se alguém vender ou transferir esse token de carteira, o pagamento do dividendo, que é via contrato inteligente, segue o token, pagando sempre o portador”, acrescenta.

Atualmente, a IPE possui a coleção Genesis 1, em operação desde 2022. Esse projeto está em expansão de novos 40 módulos (Genesis 2). Essa expansão entrará em operação em junho de 2023.

Ericka Araújo

Ericka Araújo

Head de jornalismo do Canal Solar. Apresentadora do Papo Solar. Desde 2020, acompanha o mercado fotovoltaico. Possui experiência em produção de podcast, programas de entrevistas e elaboração de matérias jornalísticas. Em 2019, recebeu o Prêmio Jornalista Tropical 2019 pela SBMT e o Prêmio FEAC de Jornalismo.

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