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Trajetória do Brasil como top 3 no mercado de energia solar 

Em menos de 10 anos, país salta rumo à liderança da transição energética
Trajetória do Brasil como top 3 no mercado de energia solar
Solar representa 20,2% da matriz elétrica brasileira. Foto: Isabella Silva/ Click Solar

Com colaboração de Yanael de Medeiros

O Brasil é o terceiro maior mercado mundial de energia solar, ficando atrás somente da China e dos Estados Unidos. Os dados são do relatório “Global Market Outlook For Solar Power 2024 – 2028” da Solar Power Europe.

No país, o uso de energia solar fotovoltaica corresponde a mais de 20% da matriz elétrica, de acordo com o infográfico ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).

Até 1º de outubro, a matriz expandiu adicionando 7,8 GW ao SIN (Sistema Interligado Nacional), com 84,74% provenientes de fontes renováveis, segundo dados do SIGA (Sistema de Informações de Geração da ANEEL)

Em termos de recursos, desde 2012, o setor solar já foi responsável pela criação de mais de 500 mil empregos diretos e indiretos. Já o acúmulo de investimentos desde o início de sua expansão ultrapassou R$ 120 bilhões entre GD (Geração distribuída) e GC (Geração Centralizada).

Só neste ano, o solar já evitou a emissão de cerca de 30 milhões de toneladas de CO2 que seriam emitidos por fontes de energia fósseis e a arrecadação para os cofres públicos é estimada em cerca de R$ 30 bilhões entre ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), PIS/COFINS, IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ISS (Imposto sobre Serviços), Contribuições sociais e Encargos setoriais.

Qual caminho foi preciso traçar para chegar até aqui? 

Para chegar neste mercado em constante expansão que conhecemos, o primeiro recurso para a energia solar como conhecemos hoje surgiu em 1954 com Russell Shoemaker Ohl criando a primeira célula fotovoltaica.

Russell inventou a primeira placa de silício; Calvin Fuller, foi o químico que desenvolveu o processo de dopagem do silício; Gerald Pearson estabilizou as placas de silício a partir de reações químicas produzidas pelo contato de uma junção P-N ou diodo com as placas mergulhadas em lítio e Daryl Chapin procurava uma fonte de energia alternativa para as baterias usadas em redes telefônicas remotas.

Em 1955, as células de silício foram usadas pela primeira vez como fonte de alimentação de uma rede telefônica na Geórgia, nos Estados Unidos. A utilização de painéis fotovoltaicos se deu em 1958 com um painel de 1W anexado ao satélite Vanguard I, que foi enviado ao espaço, para alimentar seu rádio na viagem.

Primeiros passos da solar no Brasil

O primeiro sistema fotovoltaico no Brasil foi instalado no Campus Central da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) em 1997. O projeto foi trazido pelo professor Ricardo Rüther, montado com um inversor de 2 KW e 78 módulos fotovoltaicos de 32 W

Em 2011 foi instalada a primeira usina solar do país em Tauá (CE), com quase 5 mil painéis fotovoltaicos em cerca de 350 quilômetros. A usina, gerava 1 MW tornando essa região a primeira a produzir energia fotovoltaica em escala comercial.

Porém, o desenvolvimento da energia solar no Brasil teve início em 2012, quando se tornou uma opção viável para os que os consumidores gerassem sua própria energia. Neste ano, a criação da Resolução 482 pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), contribuiu para este avanço.

Para Bernardo Marangon, diretor da Prime Energy e professor do Canal Solar, a Resolução foi o marco inicial da GD no Brasil. “Sem ela, seria impossível injetar energia na rede elétrica de maneira regulamentada, o que viabilizou o desenvolvimento do setor e incentivou a adoção de fontes renováveis descentralizadas, como a solar”, comenta.

Em 2014, houve a primeira contratação de energia solar de geração pública centralizada de acordo com o MME (Ministério de Minas e Energia)

Para 2015, houve a criação do ProGD (Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída) para estimular o desenvolvimento da geração distribuída de energia renovável.

Já em 2017, a energia solar ganhou mais espaço nos leilões, e grandes projetos de usinas solares começaram a ser implementados, especialmente nas regiões Nordeste e Sudeste. O Brasil ultrapassou a marca de 1 GW de capacidade solar instalada.

Em 2019, o Brasil atinge o marco de 2 GW de capacidade instalada e entra para o ranking dos 10 maiores mercados de energia solar do mundo

No ano de 2022, foi aprovado o novo Marco Legal da Geração Distribuída, que trouxe regras mais claras e maior segurança jurídica para investidores. O marco definiu o modelo de compensação de energia e começou a cobrar, de forma gradual, pelo uso da rede elétrica para sistemas de geração distribuída.

“Após um processo conturbado com a ANEEL, que propôs uma compensação muito restritiva, o tema chegou ao Congresso. A aprovação desse marco foi essencial para garantir a continuidade e expansão da GD no Brasil” complementa Marangon.

2023 foi o ano de recordes de energia solar no país, atingindo 26 GW de capacidade instalada e se consolidando como o terceiro maior mercado do mundo

Perspectivas de futuro da energia solar

Para Bernardo Marangon o principal destaque para o ano de 2024 é a regulamentação sobre a inversão de fluxo, “na minha visão, impulsionará o uso de baterias. Essa regulamentação é fundamental para o bom funcionamento da rede elétrica e para garantir a estabilidade da geração distribuída”, explica.

Com diversos marcos já alcançados, agora o Brasil tem perspectivas ainda maiores para liderar a transição energética no mundo. Até 2030, as projeções indicam a superação de 50 GW de capacidade instalada tanto na GD quanto na GC.

A integração de sistemas de armazenamento com baterias também é uma perspectiva futura que permitirá estabilidade no fornecimento de energia, se tornando uma parte essencial do setor nos próximos anos.

Além de outras inovações tecnológicas como painéis solares mais eficientes, inversores inteligentes, usinas solares flutuantes e demais soluções que buscam reduzir custos e aumentar a eficiência.

“O setor de GD enfrentará sérios desafios se as baterias não forem rapidamente introduzidas, seja de forma centralizada ou distribuída. Já estamos vendo problemas semelhantes na GC, com a redução da geração devido à falta de capacidade de transmissão. A implementação ágil de soluções de armazenamento é vital para a sustentabilidade do setor”, conclui o professor.

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Emily Castro
Graduanda em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Possui experiência na produção de matérias para portais jornalísticos, rádio e podcast.

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