A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) inaugurou, nesta terça-feira (14), nas proximidades da Unidade Administrativa 2, no campus Pampulha, uma planta-piloto que contém dois Saebs (sistemas de armazenamento de energia em baterias).
O objetivo principal é avaliar os impactos técnicos, regulatórios, econômicos, operacionais e ambientais da integração dos Saebs à rede de distribuição de energia elétrica.
O projeto também deve abrir possibilidades para modelos de negócios, capacitação e transferência tecnológica para a Cemig, com vistas ao fornecimento de eletricidade de melhor qualidade para a sociedade.
Segundo o professor Wallace do Couto Boaventura, da Escola de Engenharia, que é o coordenador geral do projeto, trata-se de “um laboratório em real escala que vai permitir a investigação da interação entre os Saebs e a rede de distribuição”.
“Essa solução chega no oportuno momento em que vivenciamos a necessidade de viabilizar a integração das fontes renováveis. Há um esforço enorme para conseguir integrá-las na iniciativa privada. O armazenamento de energia é, talvez, uma das mais factíveis soluções para contrapor o esforço adicional que essas fontes geradoras colocam sobre o sistema de distribuição”, explicou.
De acordo com a UFMG, os Saebs instalados utilizam tecnologias de armazenamento diferentes. O Saeb 1 vale-se de tecnologia de íons de lítio, gera 1,1 MWh e tem potência de 750 kVA. O Saeb 2, por sua vez, tem tecnologia de chumbo-carbono (PbC), armazena 1.000 kWh e conta com potência de 500 kVA.
Uma infraestrutura de comunicação é responsável por interligar os equipamentos ao centro de operação de distribuição da Cemig, onde serão feitos o controle e a supervisão em ambiente de tempo real.
Estão previstos a experimentação de diversas formas de interação entre os Saebs e a rede, incluindo a regulação de tensão e controle de potência reativa, o corte de pico de carga, a suavização de potência, o agendamento de despacho de potência, a compensação de reativos, o suprimento de energia em contingência e a interação com as usinas fotovoltaicas da UFMG e do Mineirão.
A universidade afirmou que o sistema será capaz de fornecer informações completas, respaldadas por dados experimentais. A plataforma será utilizada para diversas atividades de P&D (pesquisa e desenvolvimento) e dará suporte à busca contínua da melhoria da qualidade da energia entregue à sociedade.
Mais sobre o projeto
Os Saebs foram instalados no campus da UFMG como desdobramento de projeto realizado no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), por meio de convênio firmado entre a Cemig, a UFMG, a Fitec (Fundação para Inovações Tecnológicas), a Concert e o Itemm (Instituto de Tecnologia Edson Mororó Moura), executoras, com interveniência da Fundação Christiano Ottoni.
Para o professor Cícero Starling, diretor da Escola de Engenharia, a iniciativa é emblemática da interação da universidade com o setor produtivo, na medida em que gera recursos de infraestrutura e para os capitais humanos, e ainda promove o envolvimento dos estudantes.
Marney Antunes, diretor de distribuição da Cemig, destacou que o projeto é uma ferramenta que possibilita vislumbrar o futuro dos acumuladores de energia. “A integração com o sistema elétrico é nosso grande desafio”.
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida manifestou sua satisfação em desenvolver mais um projeto em conjunto com a Cemig e a expectativa de que essa rede seja expandida para os outros campi da UFMG. “A universidade existe também para estabelecer parcerias no campo da inovação. É um modelo para nosso estado e nosso país”.
A equipe técnica inclui também os professores Eduardo Nohme, Victor Flores e Wadaed Uturbey, a servidora Nathália de Almeida Melo, do Departamento de Engenharia Elétrica, e pesquisadores de outras instituições.