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Valor do mercado de VEs, solar, eólica e H2V deve quadruplicar até 2030

Tecnologias verdes estão crescendo, mas muitos países em desenvolvimento podem perdê-las, aponta UNCTAD
27-03-23-canal-solar-Valor do mercado de VEs, solar, eólica e H2V deve quadruplicar até 2030
Exportações de tecnologias verdes dos países desenvolvidos saltaram de US$ 60 bilhões em 2018 para mais de US$ 156 bilhões em 2021. Foto: Reprodução

Espera-se que tecnologias verdes, como VEs (veículos elétricos), energia solar e eólica e H2V (hidrogênio verde) atinjam um valor de mercado de US$ 2,1 trilhões em 2030quatro vezes mais do que seu valor hoje.

É o que apontou o Relatório de Tecnologia e Inovação 2023 da UNCTAD, principal instituição da ONU que lida com comércio e desenvolvimento. De acordo com o órgão, as receitas do mercado de VEs podem aumentar cinco vezes, atingindo US$ 824 bilhões até 2030, em relação ao valor atual de US$ 163 bilhões.

O índice – que classifica 166 países com base, por exemplo, em P&D (pesquisa e desenvolvimento), capacidade industrial e indicadores financeiros – é dominado por economias de alta renda, principalmente Estados Unidos, Suécia, Cingapura, Suíça e Holanda.

A pesquisa mostra que os países da América Latina, Caribe e África Subsaariana são os menos preparados para aproveitar as tecnologias de fronteira e correm o risco de perder as oportunidades atuais.

Na visão do órgão, as tecnologias verdes – aquelas usadas para produzir bens e serviços com pegadas de carbono menores – estão expandindo e oferecendo oportunidades econômicas crescentes, mas muitos países em desenvolvimento podem perdê-las, a menos que os governos nacionais e a comunidade internacional tomem medidas decisivas.

As desigualdades econômicas correm o risco de crescer à medida que os países desenvolvidos colhem a maior parte dos benefícios das tecnologias verdes, como inteligência artificial, Internet das Coisas e veículos elétricos.

“Estamos no início de uma revolução tecnológica baseada em tecnologias verdes. Esta nova onda de mudança tecnológica terá um impacto formidável na economia global. Os países em desenvolvimento devem capturar mais do valor criado nesta revolução tecnológica para fazer suas economias saltarem”, disse Rebeca Grynspan, secretária-geral da UNCTAD.

“Perder esta onda tecnológica por causa da atenção política insuficiente ou falta de investimento direcionado na construção de capacidades teria implicações negativas duradouras”, relatou.

Exportações de tecnologias verdes

As exportações totais de tecnologias verdes dos países desenvolvidos saltaram de cerca de US$ 60 bilhões em 2018 para mais de US$ 156 bilhões em 2021. No mesmo período, as exportações dos em desenvolvimento subiram de US$ 57 bilhões para US$ 75 bilhões. Já em três anos, a participação dos países em desenvolvimento nas exportações globais caiu de mais de 48% para menos de 33%.

A análise da UNCTAD aponta que os países em desenvolvimento devem agir rapidamente para aproveitar essa oportunidade e seguir uma trajetória que leve a economias mais diversificadas, produtivas e competitivas.

Fortes esforços do governo são necessários

Para se beneficiar da revolução da tecnologia verde, Shamika N. Sirimanne, diretora da divisão de tecnologia e logística da UNCTAD, comentou que são necessárias políticas industriais, de inovação e de energia proativas voltadas para as tecnologias verdes nos países em desenvolvimento. “Tais nações precisam de agência e urgência para apresentar as respostas políticas corretas”.

“À medida que os países em desenvolvimento respondem às crises urgentes e interconectadas de hoje, eles também precisam tomar ações estratégicas e de longo prazo para criar inovação e capacidades tecnológicas para estimular o crescimento econômico sustentável e aumentar sua resiliência a crises futuras”, ressaltou.

Um ambiente de comércio internacional é fundamental

Segundo a companhia, os países em desenvolvimento não podem tirar proveito das tecnologias verdes por conta própria. Grande parte do sucesso de suas políticas domésticas dependerá da cooperação global por meio do comércio internacional, o que exigiria reformas nas regras comerciais existentes para garantir a consistência com o Acordo de Paris para combater a mudança climática.

O estudo diz que as regras do comércio internacional devem permitir que os países em desenvolvimento protejam as indústrias verdes emergentes por meio de tarifas, subsídios e compras públicas – para que não apenas atendam à demanda local, mas também alcancem as economias de escala que tornam as exportações mais competitivas.

O apoio internacional para transferir tecnologias verdes para países em desenvolvimento também é crítico. O relatório propõe a aplicação de princípios que foram invocados contra a pandemia da Covid-19, quando alguns países foram autorizados a produzir e fornecer vacinas sem o consentimento do titular da patente. Isso ofereceria aos fabricantes um acesso mais rápido às principais tecnologias verdes.

Para a UNCTAD, o comércio internacional e as regras de propriedade intelectual relacionadas devem fornecer mais flexibilidade para os países em desenvolvimento implementarem políticas industriais e de inovação para nutrir suas indústrias nascentes, para que novos setores de tecnologia verde possam surgir lá.

Além disso, concluíram ser preciso um programa internacional de compra garantida de itens verdes comercializáveis, pesquisa coordenada de tecnologia verde em nível multinacional, maior apoio a centros regionais de excelência para tecnologias limpas e inovação e um fundo multilateral para estimular inovações sustentáveis e aumentar a cooperação entre países.

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Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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