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Voltalia pode ter EBITDA reduzido em € 40 mi após restrição do ONS

Operador está impondo cortes, chamados de "curtailment", para manter estabilidade da rede de transmissão
Voltalia pode ter EBITDA reduzido em € 40 mi após restrição do ONS
Empresa possui 3,1 GW de capacidade em operação e em construção. Foto: Freepik

A Voltalia anunciou que o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) está atualmente impondo uma restrição pronunciada em certas partes da rede – o que pode resultar em um impacto de 40 milhões de euros no EBITDA de 2024 da empresa se for estendido nos próximos meses e se não for compensado financeiramente.

Para um operador de sistema de transmissão, os cortes, chamados tecnicamente de “curtailment”, consistem em limitar a transmissão, por um determinado período, de todo ou parte do potencial de produção de eletricidade de uma usina, a fim de manter a estabilidade da rede de transmissão

No Brasil, como em outras grandes redes elétricas globais, este tipo de corte tem sido raro nas últimas décadas. No entanto, após um apagão em agosto de 2023, o ONS começou a limitar uma parte anormalmente alta da produção para minimizar os riscos de instabilidade. À medida que a rede se mostrou estável, o corte diminuiu gradualmente até se tornar marginal no final de 2023.

Observando a retomada de um nível acentuado de redução de produção, a Voltalia se reuniu várias vezes com o Operador. O volume de redução de produção da companhia no nordeste da rede pode ser expandido por um período que pode durar vários meses, especialmente devido ao atraso na construção de novas linhas de transmissão para fortalecer a rede no nordeste do país.

A Voltalia está atualmente realizando uma série de iniciativas no Brasil, dentro de um coletivo de produtores de energia e por meio de associações profissionais, além de diretamente:

  • Várias ações judiciais, iniciadas ainda em 2023, estão em andamento perante os tribunais federais e locais, com a lei prevendo compensação financeira aplicável, em particular, às usinas da Voltalia;[1]
  • Discussões construtivas estão sendo realizadas em paralelo, com o operador de rede e as autoridades públicas, a fim de acelerar pelo menos uma parte da compensação financeira e reduzir a duração do atual limite de geração.

A empresa afirmou que está confiante na eficácia dessas medidas, mas é difícil estabelecer um valor preciso para o efeito financeiro da redução de produção no EBITDA de 2024. A Voltalia estima que, se o cenário comunicado pelo operador da rede for confirmado, se a Voltalia não for compensada financeiramente e se a taxa de câmbio média EUR/BRL para o segundo semestre do ano ficar em torno de 6, seu EBITDA de 2024 seria reduzido em cerca de 40 milhões de euros.

No primeiro semestre de 2024, o corte forçado no Brasil foi baixo e está de acordo com as previsões da Voltalia. A companhia espera um EBITDA consolidado para o Grupo de cerca de 75 milhões de euros[2] no primeiro semestre de 2024, um aumento de +33% em comparação com o primeiro semestre de 2023.

No segundo semestre do ano, o impacto do atual limite de geração de energia seria acentuado pela sazonalidade da produção, que tradicionalmente é maior no segundo semestre do que no primeiro, e pelos recursos eólicos e solares, que se espera que estejam acima da média de longo prazo no segundo semestre de 2024, dados os níveis observados desde o início de julho e as previsões até o final de dezembro pelos institutos de previsão do tempo.

Organizações profissionais que reúnem produtores de energia, como a Voltalia, consideram que a cautela extrema aplicada pelo operador da rede não seria tecnicamente necessária. As consequências econômicas negativas dessa abordagem, com a perda de potencial de produção de eletricidade, seriam, portanto, evitáveis. Além disso, a falta de compensação financeira não está em conformidade com a lei.

A Voltalia está confiante de que soluções técnicas e financeiras serão encontradas. A companhia, portanto, reafirma suas ambições para 2027, em particular sua meta de EBITDA normalizado[3] de cerca de 475 milhões de euros, dos quais cerca de 430 milhões de euros provenientes de Vendas de Energia.

A empresa também reitera seus objetivos de capacidade:

  • Em 2024: capacidade em operação e em construção de aproximadamente 3,3 GW, dos quais cerca de 2,5 GW em operação;
  • Em 2027: mais de 5 GW em operação e em construção, dos quais cerca de 4,2 GW em operação.

“Embora estejamos surpresos com o anúncio de um nível anormalmente alto de corte forçado no Brasil, estamos confiantes na eficácia das ações coletivas e específicas da Voltalia destinadas a minimizá-lo e a obter compensação financeira. Manteremos nossos acionistas informados à medida que houver progresso”, disse Sébastien Clerc, CEO da Voltalia.


[1] Relativo aos cortes de 2023 e 2024.

[2] Os resultados do primeiro semestre de 2024 serão anunciados em 5 de setembro de 2024 (antes da abertura do mercado). As contas, cujos procedimentos de auditoria estão em andamento, ainda não foram finalizadas. Os números apresentados são estimativas.

[3] “EBITDA normativo” estimado em 31 de dezembro de 2027, calculado com uma taxa de câmbio média anual de 5,5 EUR/BRL e uma produção eólica, solar e hidráulica correspondente à média de longo prazo.

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Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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