Tendências do cenário global em ESG para 2023

CEO da Humanizadas elenca os 12 principais pontos mapeados, a partir de uma análise de 21 artigos e relatórios globais
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Renováveis devem cobrir quase toda a alta da demanda de energia até 2025, aponta IEA. Foto: Freepik

Os últimos anos mudaram a maneira como o mundo enxerga a sustentabilidade e as mudanças climáticas. Porém, nesse período de pós-pandemia, também ganhou notoriedade na mídia o movimento “anti-ESG” nos EUA, junto com as interrupções globais da cadeia de suprimentos, riscos de segurança energética, crises econômicas e redução de investimentos.

É o que afirmou Pedro Paro, fundador e CEO da Humanizadas, primeira empresa brasileira de avaliação multistakeholder em ESG orientada à inteligência de dados. Na visão dele, parece que os ânimos por novas direções reduziram – “o que não significa que estamos passando por um retrocesso na agenda, mas sim, lapidando processos”.

Com essa perspectiva em mente, o executivo analisou as principais tendências desse mercado para 2023, a partir de uma análise de 21 artigos e relatórios globais, publicados entre dezembro e janeiro deste ano.

Nesse estudo, foram identificadas 36 tendências citadas, desde o possível crescimento do movimento anti-ESG até o fortalecimento dos padrões e regulamentações, com 4,8% e 71,4% de citações, respectivamente.

Na perspectiva global, existem mais empresas e especialistas preocupados com a melhoria na regulamentação, do que em retroceder com a agenda de sustentabilidade.

O gráfico a seguir ilustra os 12 principais pontos mapeados (de um total de 36 temas identificados), avaliando uma perspectiva global sobre ESG.

Análise do gráfico

A partir dos dados coletados, Paro afirmou que é possível observar o fortalecimento dos padrões e regulamentações (71,4%). “Esse movimento se deve em parte às empresas do Reino Unido, que parecem tomar as rédeas desse debate”.

“No ano passado, foi elaborado o primeiro rascunho de uma nova estrutura de divulgação para os próximos relatórios climáticos obrigatórios e isso deve dar um norte para cada região construir seus próprios modelos de metas conscientes”, apontou.

Com todas essas regulações e as autoridades públicas pressionando por mudanças, o que se espera, de acordo com ele, é que haja um maior investimento no setor no decorrer de 2023. “Inclusive, podemos observar essa tendência através das perspectivas que o próprio mercado tem”.

Um exemplo disso é o “Relatório ESG Radar 2023”, publicado recentemente pela Infosys, empresa de consultoria e serviços digitais. O documento traz uma expectativa de que os investimentos em ESG nas organizações devam chegar a US$ 53 trilhões até o ano de 2025, ou seja, um terço dos ativos globais sob gestão.

“Sob esse aspecto, um ponto cego que identificamos na análise de tendências em ESG é a ausência de temas relacionados à educação corporativa, o desenvolvimento de lideranças na agenda e a formação de uma cultura organizacional orientada à sustentabilidade”, relatou o especialista.

“Enquanto as organizações não tiverem uma liderança e uma cultura capazes de impulsionar e sustentar a agenda ESG, a tendência é convivermos com casos de greenwashing, e não conseguirmos atingir os resultados que almejamos enquanto negócios e humanidade”, ressaltou.

“De qualquer forma, as análises indicam que o ESG está de fato ganhando forma no mundo corporativo, com empresas cada vez mais engajadas em soluções ambientais e sociais, sendo algo enraizador não apenas nas corporações como também no governo e na sociedade como um todo”, concluiu o CEO e Fundador da Humanizadas.

Mais sobre o autor

Pedro Paro é também pesquisador da Universidade de São Paulo e quer mudar o sistema combatendo o greenwashing por meio da criação do primeiro rating ESG do Brasil. Além disso, é estudioso do Grupo de Gestão de Mudanças e Inovação da USP, membro do World Economic Forum e já desenvolveu trabalhos com mais de 400 organizações.

Imagem de Mateus Badra
Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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