O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) elevou a taxa básica de juros, a Selic, para 14,25% ao ano. O novo patamar, definido nesta quarta-feira (19), representa uma alta de 1 ponto percentual em relação à taxa anterior, de 13,25%, sendo o maior valor registrado desde 2016.
Esta foi a quinta elevação consecutiva da Selic. Após permanecer em 10,5% entre junho e agosto do ano passado, a taxa começou a subir em setembro, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e três de 1 ponto percentual.
No comunicado desta noite, o Copom alertou que ainda que pode fazer mais um ajuste menor na taxa de juros na próxima reunião, que ocorrerá em maio, indicando a permanência do ciclo de aperto monetário.
O comitê afirmou que o cenário inflacionário do país foi o fator determinando para mais uma elevação da Selic. Em fevereiro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é a principal referência para a inflação no Brasil, avançou 1,31% – a maior alta para o mês de fevereiro em 22 anos.
Nos últimos 12 meses, a inflação oficial do Brasil acumula alta de 5,06%, superando o teto da meta anual do Banco Central, que é de 3%, podendo chegar a no máximo 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto.
Impactos na economia e no setor solar
O recente aumento da Selic já era amplamente esperado pelo mercado e pode gerar impactos significativos na economia, segundo Bernardo Marangon, especialista em finanças no setor elétrico.
“A decisão reforça o atrativo dos investimentos em renda fixa, mas também encarece a dívida pública, reduzindo a liquidez na economia e pressionando o consumo e os investimentos”, explicou.
O profissional também comparou o atual patamar da taxa de juros com o cenário de 2016, último ano do governo Dilma, quando a Selic também atingiu 14,25%. No entanto, ressaltou que o contexto econômico hoje é bem diferente.
“Naquele período, a manutenção prolongada de juros artificialmente baixos dificultou o controle da inflação, levando a ajustes mais bruscos depois. Hoje, a economia está mais aquecida e há boas oportunidades de investimento, mas o grande desafio continua sendo a questão fiscal”, destacou.
Para Marangon, a trajetória dos juros dependerá da condução da política fiscal. “Se os desequilíbrios fiscais persistirem, o Banco Central pode ser forçado a manter os juros elevados por mais tempo para conter a inflação”.
Esse cenário também traz, segundo ele, desafios para o setor de energia solar, uma vez que o custo do capital sobe e os financiamentos se tornam mais caros.
“Com juros mais altos, investidores podem optar por aplicações de menor risco, reduzindo o apetite por projetos de longo prazo como os de energia solar. Isso pode afetar o ritmo de novos aportes no setor”, concluiu Marangon.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e serve de referência para as demais taxas da economia, sendo o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle.
Quando a inflação está em baixa, o Copom reduz a taxa de juros para estimular o consumo e aquecer a economia. Em contrapartida, quando está elevada, como é o caso do cenário atual, o órgão sobe a Selic para restringir o consumo e reduzir a pressão sobre os preços, como alimentos, combustíveis e energia.
O Banco Central só considera reduzir a taxa de juros quando há segurança de que os preços estão sob controle e os riscos de alta da inflação estão afastados, o que não é o caso atual.
Em via de regras, um aumento expressivo na taxa de juros é prejudicial para o desenvolvimento de qualquer país, mesmo sendo uma medida necessária para controlar a inflação.
Do ponto de vista dos investidores, a Selic serve como parâmetro para avaliar a viabilidade de seus investimentos. Isso, por sua vez, impacta negativamente o valor das empresas e dos negócios em geral.
Reuniões do Copom
O Copom é o órgão do Banco Central que se reúne a cada 45 dias para definir o patamar da taxa Selic. O objetivo é fazer com que a política monetária do país atinja seus objetivos de forma eficiente.
Uma vez definida a taxa básica de juros, o Banco Central atua diariamente por meio de operações de mercado aberto, comprando e vendendo títulos públicos federais, para manter os juros próximos ao valor definido na reunião e evitando um descontrole da inflação.
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