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Crise hídrica encarecerá conta de luz dos brasileiros até o fim do ano 

Chuvas previstas para o mês de março ficaram abaixo da expectativa e contribuíram para que o cenário se agravasse

Autor: 12 de maio de 2021Brasil
5 minutos de leitura
Crise hídrica encarecerá conta de luz dos brasileiros até o fim do ano 

Os reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste encerraram o período de chuvas com o menor nível de capacidade dos últimos seis anos. Na segunda-feira (10), o reservatórios que abastecem as duas regiões brasileiras atingiram a marca de 33,7% de capacidade de armazenamento de energia. 

A última vez que o volume ficou abaixo disso foi em maio de 2015, quando o nível chegou aos 34,6%. Naquele período, a taxa extra na conta de luz vigorou por 14 meses consecutivos. Por causa disso, a expectativa é que, mais uma vez, o consumidor brasileiro pague pelo custo adicional de geração por térmicas até o fim do ano, segundo informações da Folha de S. Paulo. 

Visando poupar água nos reservatórios das hidrelétricas, o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) autorizou o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) a utilizar todos os recursos disponíveis, sem limitação nos montantes e preços associados. A tendência é que a capacidade dos reservatórios atinja a marca de 32,3% até o final do mês. 

No começo desta semana, em conversa com apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil passa pela maior crise hídrica de sua história e que o pior ainda está por vir. Segundo ele, as chuvas previstas para o mês de março foram abaixo da expectativa, o que fez o cenário se agravar ainda mais. “Estamos com um sério problema pela frente. Estamos vivendo a maior crise hidrológica da história. Eletricidade. Vai ter dor de cabeça. Um choque, né? Maior crise que temos notícia. Demos mais um azar”, afirmou.

Desde meados de abril especialistas vêm alertando para os riscos de desabastecimento causados pela falta de chuvas. No primeiro trimestre de 2021, o índice pluviométrico na que caiu sobre a região que abastece o Sistema Cantareira, em São Paulo, por exemplo, foi o mais baixo desde o final da última crise hídrica, em 2016.

Investimentos em renováveis

Na opinião de Carlos Evangelista, presidente da ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída), além da falta de chuvas, o cenário atual também reflete a falta de investimentos em fontes renováveis. “A utilização de energias renováveis poderia ajudar muito. Primeiro, porque se utilizássemos outras fontes de energia manteríamos os níveis dos reservatórios sempre mais altos. É como se estivéssemos, entre aspas, economizando água. E, segundo, porque injetando energia limpa e renovável na rede, poderíamos preterir um pouco das energias térmicas, que são poluentes e bem mais caras”, explicou.

Leia também: Energia solar se mostra uma solução frente à crise hídrica

O executivo reforçou também que já passou da hora do país se inspirar nas estratégias que vêm sendo adotadas mundo afora e começar a investir em renováveis. “O Brasil que tem uma matriz elétrica limpa está fazendo o contrário do mundo. Nós temos uma matriz limpa e estamos ficando com ela mais suja. O mundo inteiro está migrando para as renováveis, a famosa transição energética”, destacou.

Bandeiras tarifárias

No começo do mês, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) acionou o uso da bandeira vermelha 1 no mês de maio, com custo de R$ 4,16 para cada 100 kWh consumidos. A medida foi tomada devido ao período de secas e a ausência de chuva em algumas regiões do país.

“Essa conjuntura sinaliza patamar desfavorável de produção pelas hidrelétricas e elevada necessidade de acionamento do parque termelétrico, pressionando os custos relacionados ao risco hidrológico (GSF) e o preço da energia no mercado de curto prazo (PLD). A conciliação desses indicadores levou ao acionamento do patamar 1 da Bandeira Vermelha”, informou a Agência.

Desde 2015, a ANEEL antecipa parte dos custos das térmicas por meio da cobrança mensal de bandeiras tarifárias sobre a conta de luz. O objetivo é informar aos consumidores sobre o aumento do custo e permitir a redução do uso da energia.  

Atualmente, existem três cores para o sistema de bandeiras: verde, amarela e vermelha. A primeira é usada quando o nível dos reservatórios está alto e não há necessidade de utilizar as usinas térmicas. Já as demais são acionadas, respectivamente, quando os níveis dos reservatórios estão baixos do ideal e quando necessitam das termelétricas.

Vale lembrar que as bandeiras não são o único mecanismo de repasse do elevado custo das térmicas. Elas antecipam esse custo para sinalizar ao consumidor que o produto é escasso. Porém, parte do gasto extra é paga na revisão tarifária das distribuidoras de energia, que ocorre durante o ano.

Henrique Hein

Henrique Hein

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter do Jornal Correio Popular e da Rádio Trianon. Acompanha o setor elétrico brasileiro pelo Canal Solar desde fevereiro de 2021, possuindo experiência na mediação de lives e na produção de reportagens e conteúdos audiovisuais.

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