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GD: há custos, mas existem benefícios que a tecnologia entrega ao sistema

CEO da consultoria PSR concedeu entrevista ao programa da Abrace e falou sobre o papel da geração distribuída

Autor: 8 de março de 2023Setor Elétrico
5 minutos de leitura
GD: há custos, mas existem benefícios que a tecnologia entrega ao sistema

Usina de 5,55 kW em São José dos Campos (SP). Foto: Sunova/Divulgação

O presidente da PSR, Luiz Barroso, afirmou que o futuro do setor elétrico está na descentralização do suprimento, mas ponderou que existem custos que precisam ser pagos pelos usuários de geração distribuída (GD), assim como também é preciso valorar os benefícios que essa tecnologia entrega para o sistema.

Eu sou super a favor de GD e acho que é o futuro está na descentralização do suprimento, mas existem custos que precisam ser pagos por essas tecnologias e existem valores que essas tecnologias agregam ao sistema”, disse em entrevista para o programa Vozes da Energia, promovido pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace).

Segundo o consultor, o mercado de energia está praticamente aberto com o surgimento da geração distribuída, permitindo que o consumidor compre energia de quem ele quiser. “A GD é o segmento que mais cresce no mundo. A Espanha tem instalado na faixa de 6 GW por ano e no Brasil não é diferente.”

Barroso disse que esse crescimento da GD tem ocorrido através de vários modelos de negócios, mas muito calcados em uma estrutura de incentivo. “No caso do Brasil, existe um incentivo muito forte que em muitos casos traz um benefício de R$ 500/MWh e no melhor caso, R$ 700/MWh.”

Para ele, o mais importante é separar regulatóriamente o que é custo a ser pago pelos usuários de GD e o que é valor que a GD agrega ao sistema. “Tem um custo da rede que precisa ser pago, porque como o consumidor que tem a GD não se desconecta da rede, ele está usando a rede das distribuidoras nas horas que não tem sol.”

Transição energética

O consultor também falou sobre o papel do Brasil no processo de transição energética. Destacou que o país tem recursos, marco regulatório, ambiente de investimentos, agências reguladoras sólidas e, sobretudo, tem escala para se tornar uma grande “power house” de fornecimento de produtos de baixo carbono global.

Ele lembrou que enquanto o mundo tenta transformar o setor energético sujo em um setor mais limpo, o Brasil já tem um setor energético bastante limpo. No entanto, disse que o país precisa achar um espaço para o gás natural, porque os outros países já se desenvolveram utilizando o insumo proveniente do petróleo.

“O Brasil tem uma janela que precisa ser trabalhada. O gás no Brasil faz sentido econômico e ambiental em vários usos, como na indústria, no setor de transportes e mesmo no setor elétrico em algumas condições. A gente só precisa saber comparar laranja com laranja”, comentou.

Luiz Barroso, CEO da PSR, consultoria renomada no setor elétrico nacional. Foto: Reprodução/Abrace

Luiz Barroso, CEO da PSR, consultoria renomada no setor elétrico nacional. Foto: Reprodução/Abrace

Hidrogênio

No contexto das mudanças climáticas, disse o executivo, os europeus estão “empurrando” a indústria do hidrogênio como o grande elemento transformador energético global. Essa competição pelo hidrogênio conflita com a visão das petroleiras, que apostam na captura e sequestro de carbono.

“Essa corrida tecnológica está correndo agora. Não está claro quem vai ser o vencedor. Não sei se o hidrogênio verde vai conseguir ter o protagonismo que os europeus estão querendo, porque hoje ele é caro, custa 2,5x mais do que o preço do seu concorrente.”

Para ele, o Brasil não deve se amarrar a uma única rota tecnológica. “Acho que o Brasil tem que se posicionar observando o que está acontecendo e tentar capitalizar nas áreas que mais agrega valor.”

“Por isso, a estratégia do governo é muito importante, tanto no mundo energético quanto no nosso microcosmo da modernização do setor elétrico. Onde qualquer caminho serve, os agentes começam a gerar capturas do poder concedente com agendas individuais por falta de uma direção”, apontou.

Modernização do setor elétrico

Segundo o dirigente, a modernização não é um botão que a gente aperta e no dia seguinte estamos modernos. A modernização é um conjunto de ações que são criadas e desenvolvidas ao longo do tempo, que durante determinado período vai mudar a direção do mercado de energia para um setor com mais eficiência.

“É muito importante o governo dar as cartas para onde a gente quer ir. Muito da falta de efetividade das medidas de modernização do Brasil vem da dificuldade do próprio governo no direcionamento dessa modernização”, explicou.

Para ele, a modernização passa por alguns elementos principais: em primeiro lugar a melhoria na formação de preço, segundo, reconhecer o valor que cada fonte agrega ao sistema, terceiro, tratar da segurança de mercado.

Já a abertura do mercado livre entra como um vetor de eficiência para a melhoria na qualidade da energia e no custo final para o consumidor. “Essa abertura de mercado demanda uma série de outros aperfeiçoamentos regulatórios, para a gente garantir que a abertura do mercado beneficie o consumidor através da competição por quem melhor entrega um preço ou serviço ao setor elétrico.”

Wagner Freire

Wagner Freire

Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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