A partir de outubro, a capacidade atual de geração de energia do Brasil não vai ser suficiente para atender à demanda da população. Foi o que alertou uma nota técnica divulgada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
O estudo foi feito com base em uma solicitação feita pelo MME (Ministério de Minas e Energia), após ser observada uma afluência menor do que a considerada no estudo anterior, sobretudo na região Sul, onde a capacidade de operação de algumas hidrelétricas está abaixo dos 20%.
No documento, o órgão destaca ser imprescindível aumentar em 5,5 GW (cerca de 7,5%) a oferta de eletricidade a partir de setembro e recomendou ao Governo Federal uma série de medidas para evitar o racionamento de energia no país. As orientações envolvem as seguintes ações:
- Adiar as manutenções programadas das termelétricas, medidas que obrigam a paralisação das usinas;
- Criar condições para aumentar a importação de energia da Argentina e do Uruguai;
- Colocar em operação usinas termelétricas que atualmente não têm contrato com o governo para fornecimento de energia;
- Resolver questões judiciais que impedem o funcionamento de cinco usinas termelétricas: Goiânia II, Campina Grande, Maracanaú, Palmeira de Goiás e Pernambuco III;
- Viabilizar um terceiro navio regaseificador, para garantir o gás natural que permite o funcionamento das termelétricas Termoceará, Fortaleza e Vale do Açu;
- Substituição da energia que deixar de ser gerada em razão da manutenção programada da plataforma de Mexilhão e do gasoduto Rota 1, ambos da Petrobras, que escoam gás natural para termelétricas;
- Colocar em operação a usina termelétrica GNA I, em São João da Barra (RJ).
O levantamento ainda aponta que as previsões de chuva para os próximos meses não são animadoras e que a escassez observada, sobretudo em agosto, resultou numa diminuição dos níveis dos reservatórios da casa de 10% percentuais em relação ao que era esperado pela entidade a partir do mês de julho.
Por fim, a ONS também destaca que está tomando medidas técnicas e operacionais cabíveis para “manter a continuidade do atendimento ao consumidor de energia elétrica no Brasil, mesmo considerando a sensível situação hídrica que atualmente enfrentamos, com o registro das afluências mais baixas dos últimos 91 anos no Sistema Interligado Nacional (SIN)”.
Bolsonaro faz apelo à população
Após a publicação do estudo, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo para que a população economize energia. Em transmissão realizada pelas redes sociais, o chefe do Estado disse que a crise hídrica pela qual passa o país, está no “limite do limite” e pediu para que seus espectadores apagassem um ponto de luz em sua casa.
“Tenho certeza que você pode apagar um ponto de luz agora. Peço esse favor: apague um ponto de luz. Ajude, assim está ajudando a economizar água das hidrelétricas. Já estamos na casa de 10, 15% de armazenamento em grande parte das represas. Estamos no limite do limite. Algumas vão deixar de funcionar se essa crise hidrológica continuar existindo”, disse.
Nesta quarta-feira, o governo já havia anunciado medidas de incentivo à economia de energia, como o oferecimento de descontos na conta de luz para as famílias e empresas que reduzirem o consumo de eletricidade. Durante a live, Bolsonaro ainda afirmou que está estudando a possibilidade de fazer com que os governadores abram mão da cobrança de ICMS sobre a bandeira vermelha cobradas nas contas de luz.
“Quando a gente decreta uma bandeira vermelha, não é maldade, é porque precisa pagar outra fonte geradora da energia (termoelétrica). Estamos conversando também com o ministro Bento (Albuquerque), com governadores, porque quando decreta uma bandeira, infelizmente o ICMS incide dentro da bandeira”, afirmou.
Importância da energia solar
No entendimento de Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) e diretor comercial da Solar Group, a energia solar poderia ajudar a minimizar os problemas enfrentados pelo país nos dias de hoje em razão da crise hídrica.
“A geração própria de energia a partir de pequenos telhados têm a capacidade de, rapidamente, trazer uma grande quantidade de energia de forma pulverizada para o país. Para se ter uma ideia, em apenas 24 horas já é possível instalar pequenos sistemas”, disse ele.
Koloszuk explica que o Governo Federal poderia dar mais incentivos ao setor, ampliando as possibilidades de investimentos em projetos ou realizando campanhas publicitárias que deem mais visibilidade à fonte. “Se o Governo der alguma sinalização de incentivo, não há dúvida que milhares de residências, famílias e pequenas empresas iriam, rapidamente, aderir a energia solar. Hoje, sem incentivo nenhum, o Brasil já tem, por exemplo, cerca de 40% da usina de Itaipu funcionando com energia solar por meio de pequenos telhados”, destacou.
“Temos condições e devemos fazer com que a solar cresça muito ainda, já que é uma fonte de energia limpa e cerca de dez vezes mais barata do que a energia das termelétricas, que hoje geram as nocivas bandeiras vermelhas”, concluiu Koloszuk
Crédito da imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil
Respostas de 2
O problema é o seguinte, energia solar resolve o problema mais não dá lucro prós políticos, por isso que eles votaram pra cobrar taxa, é ó povo se lasca.
Triste ver um país que tem tudo pra dar certo, ver essa situação por interesses chamados : políticos.