Geração distribuída: como escolher a melhor modalidade para o seu projeto?

Tenha uma visão clara e detalhada sobre os tipos de GD, suas diferenças e as perspectivas
Geração distribuída como escolher a melhor modalidade para o seu projeto
Conheça as modalidades específicas para a geração distribuída

A GD (geração distribuída) tem se consolidado como uma alternativa viável e sustentável para a produção de energia elétrica no Brasil. Atualmente a resolução Normativa nº 1.000/2021 regulamentada pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), reúne os direitos e deveres dos consumidores e demais usuários do serviço em um único documento, facilitando o entendimento e a adesão às diferentes modalidades de GD.

Compreender os diferentes tipos de geração distribuída é essencial para quem deseja planejar um projeto de energia renovável de forma eficiente. Cada modalidade apresenta características únicas, desafios e oportunidades que podem impactar diretamente na viabilidade e no sucesso do empreendimento.

Este artigo foi pensado para te guiar nessa jornada, oferecendo uma visão clara e detalhada sobre os tipos de GD, suas diferenças e as perspectivas futuras. Continue lendo e descubra como escolher a melhor opção para o seu projeto!

Os tipos de geração distribuída

A Resolução Normativa nº 1.000/2021 da ANEEL define modalidades específicas para a geração distribuída, abrangendo diferentes formas de participação no Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE). Abaixo, apresentamos os principais tipos:

Autoconsumo Local

Definição: Segundo a Resolução Normativa nº 1.000/2021, o autoconsumo local é caracterizado pela microgeração ou minigeração distribuída instalada no mesmo endereço da unidade consumidora, onde o excedente de energia gerada é compensado diretamente pela mesma unidade. (pág. 12 do documento)

Exemplo: Uma residência que possui painéis solares no telhado, gerando energia para suprir suas necessidades diárias e compensando o excedente na fatura mensal.

Autoconsumo Remoto

Definição: Modalidade de participação no SCEE caracterizada por:

  • Unidades consumidoras de titularidade de uma mesma pessoa física ou jurídica, incluídas matriz e filial;
  • Possuir unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidades consumidoras que recebem excedentes de energia;
  • Atendimento de todas as unidades consumidoras pela mesma distribuidora. (pág. 12 do documento).

Exemplo: Uma empresa que instala uma usina solar em uma área rural para abastecer as filiais localizadas em diferentes cidades, desde que sejam atendidas pela mesma distribuidora.

Geração Compartilhada

Definição: A geração compartilhada envolve consumidores que se reúnem por meio de consórcio ou cooperativa para dividir os benefícios da energia gerada em uma única unidade com microgeração ou minigeração distribuída. (pág. 12 do documento)

Exemplo: Um grupo de moradores de um condomínio que investe coletivamente em uma fazenda solar, compartilhando a energia gerada proporcionalmente entre os participantes.

Diferenças entre as modalidades

Cada modalidade apresenta características próprias que influenciam no planejamento e operação dos projetos de energia distribuída. Vamos explorar as principais diferenças:

Autoconsumo Local:

  • Produção e consumo no mesmo local.
  • Exige espaço físico adequado para instalação dos sistemas geradores.
  • Benefício imediato na redução da conta de luz.

Autoconsumo remoto:

  • Produção de energia em local diferente do consumo.
  • Ideal para quem não possui espaço no local de consumo, mas tem condições de investir em outra região.
  • Demanda infraestrutura para transmissão da energia gerada.

Geração compartilhada:

  • Envolve investimentos coletivos.
  • Amplia o acesso à energia renovável para consumidores que não possuem espaço ou recursos para um sistema próprio.
  • Requer a formalização de consórcio ou cooperativa, com regras claras de participação.

Evolução das modalidades

O desenvolvimento das modalidades de geração distribuída no Brasil seguiu caminhos distintos ao longo do tempo, impulsionado por diferentes fatores regulatórios e de mercado.

Geração local

A geração local foi a modalidade que mais se desenvolveu inicialmente. Entre 2012 e 2015, era a única opção disponível, impulsionada pela formação de um ecossistema solar robusto, liderado por integradores e pela crescente adesão de residências e pequenos comércios.

Este ecossistema fomentou a popularização da energia solar e a criação de condições favoráveis ao investimento no setor.

Autoconsumo remoto

A partir de 2016, grandes grupos consumidores de energia, como empresas de telecomunicações, redes de farmácias, bancos, redes de restaurantes e academias, começaram a adotar o modelo de autoconsumo remoto.

Este crescimento foi facilitado pela possibilidade de alocar as unidades consumidoras em locais com condições mais favoráveis à geração e pela popularização de contratos de locação de ativos, eliminando a necessidade de investimentos iniciais significativos pelos clientes.

Geração compartilhada

A geração compartilhada começou a ganhar espaço em 2020, com as primeiras cooperativas e consórcios surgindo em Minas Gerais. Em 2024, este modelo se tornou o mais utilizado, especialmente devido à necessidade de pulverizar os clientes e viabilizar novos projetos.

Assim como no autoconsumo remoto, a locação de ativos tem sido um fator chave para o crescimento da geração compartilhada, permitindo maior acesso a clientes que antes não conseguiam investir diretamente em projetos de GD.

Tamanho atual

De acordo com os dados mais recentes da ANEEL, a capacidade instalada de geração distribuída no Brasil alcançou os seguintes números:

Autoconsumo Local:

  • Quantidade de Usinas: 2.548.968
  • Potência Instalada: 25.949.062,64 kW

Autoconsumo Remoto:

  • Quantidade de Usinas: 537.316
  • Potência Instalada: 7.646.868,70 kW

Geração Compartilhada:

  • Quantidade de Usinas: 12.515
  • Potência Instalada: 1.358.581,28 kW

Condomínios:

  • Quantidade de Usinas: 386
  • Potência Instalada: 16.959,66 kW

Outras Modalidades:

  • Quantidade de Usinas: 183
  • Potência Instalada: 5.287,14 kW

Conclusão

A geração distribuída tem se mostrado um dos pilares fundamentais para a democratização do acesso à energia renovável no Brasil. Cada modalidade — autoconsumo local, autoconsumo remoto e geração compartilhada — desempenha um papel único, oferecendo soluções adaptadas às diferentes necessidades dos consumidores.

O crescimento exponencial do setor, impulsionado por avanços regulatórios, tecnológicos e pelo amadurecimento do mercado, reflete o potencial transformador da GD. O autoconsumo local liderou o caminho, criando um ecossistema robusto de integradores e fornecedores.

Posteriormente, o autoconsumo remoto ganhou espaço, atendendo grandes consumidores com múltiplas unidades. Por fim, a geração compartilhada tem se consolidado como uma alternativa viável e inclusiva para pequenos consumidores e cooperativas.

Ao olhar para o futuro, espera-se que a geração distribuída continue a crescer, alimentada por inovações tecnológicas, novos modelos de negócio e uma crescente conscientização sobre sustentabilidade. Esse avanço não apenas transforma o setor elétrico, mas também contribui para a criação de um sistema energético mais resiliente, descentralizado e acessível a todos.

Agora, com informações detalhadas sobre cada modalidade e suas perspectivas, você está mais preparado para identificar as oportunidades e desafios que fazem sentido para o seu projeto de energia renovável.

As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.

Picture of Bernardo Marangon
Bernardo Marangon
Graduado em Engenharia Elétrica e mestre em Engenharia Elétrica pela UNIFEI. Atuou 5 anos na EDP Brasil entre 2010 e 2015, passando pelas áreas: planejamento da Operação e Manutenção de Usinas Hidroelétricas e área de Novos Negócios. Foi Diretor de Geração no Grupo Léros entre 2016 e 2018. Atualmente, é sócio administrador da Exata Energia, do Grupo Prime Energy, liderando três frentes de negócio: Consultoria financeira, Comercialização de energia e investimentos em Geração do grupo. Está estruturando uma nova iniciativa, a comercialização de créditos, por meio da GD compartilhada. É professor do Canal Solar há 4 anos, tendo lecionado para mais de 3 mil alunos sobre o tema de análise de investimento em geração distribuída, mercado livre e armazenamento de energia.

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receba as últimas notícias

Assine nosso boletim informativo semanal

capa-da-revista-canal-solar-edicao-especial-intersolar-2021
capa-edicao-7
capa-revista-canal-solar-3