Após um incidente na linha de transmissão que conecta a Subestação Xingu ao Rio de Janeiro, os mercados do Sudeste e Sul devem enfrentar restrições no fluxo de energia vindo da região Norte. Como consequência, os preços de energia durante as horas de pico nessas regiões podem sofrer aumento.
Essa avaliação é de Vladimir Pinto, head de Energia e Saneamento da XP, e Bruno Vida, analista de Utilities da XP. Segundo os especialistas, os fluxos de energia do Norte para o Nordeste devem crescer, resultando em um aumento no curtailment da geração em usinas de energia renovável no Nordeste.
“Como esses aumentos temporários são impulsionados por problemas de transmissão elétrica, espera-se que nem o PLD (preços de energia de curto prazo) nem os custos do curtailment para usinas renováveis aumentem. Consequentemente, esses custos provavelmente serão repassados aos consumidores finais por meio da ESS (Encargos de Serviço do Sistema)”, explicam.
A linha de transmissão foi interrompida após as tempestades de 22 de janeiro, impedindo o envio de 4 GW de energia da Usina Hidrelétrica Belo Monte para os mercados do Sudeste e Sul. Com isso, essas regiões precisarão recorrer a usinas térmicas mais caras durante os horários de pico. A expectativa é de que a situação seja normalizada até 2 de fevereiro.
Os especialistas da XP, no entanto, apontam que alguns fatores podem mitigar a necessidade de despacho adicional de energia, como:
- A previsão de temperaturas mais amenas no Sudeste nesta semana, o que deve reduzir o consumo de energia;
- A retomada da operação da usina nuclear de Angra, aliviando a necessidade de geração adicional.
Apesar do acionamento de plantas mais caras, os especialistas destacam que o impacto nos preços de energia nos mercados Sul e Sudeste será limitado, pois o problema é de natureza elétrica, causado por falhas no sistema de transmissão.
Os custos adicionais serão cobertos pelos Encargos de Serviço do Sistema e, consequentemente, refletidos nas tarifas dos consumidores finais. “Consequentemente, não antecipamos que as empresas com energia não contratada se beneficiem dessa situação”, afirmam.
Outra consequência prevista é o aumento do curtailment no Nordeste. Com o fluxo de energia para o Sudeste e Sul limitado, os fluxos de energia do Norte para o Nordeste devem crescer, reduzindo a demanda por geração renovável na região. No entanto, os analistas ressaltam que “o impacto deve ser mínimo, uma vez que as razões para essas mudanças são principalmente “elétricas” e, portanto, devem ser compensadas pelo sistema elétrico como um todo”.
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