Quais foram as inovações e desafios do setor solar em 2024?

‘O mercado é como um rio: colocamos uma barragem, mas ele encontra outra forma de fluir’ afirma diretor de vendas LATAM da DAH Solar
Quais foram as inovações e desafios do setor solar em 2024?
Em 2024, os módulos fotovoltaicos apresentaram um desenvolvimento de soluções cada vez mais eficientes. Foto: Isabella Silva/ Click Solar

“A demanda vai sempre existir, o mercado é soberano. A fonte solar fotovoltaica é uma tendência que não é mais tendência, já é realidade”. Esta é a análise de Felipe Santos, diretor de vendas LATAM da DAH Solar.

Durante o último episódio da terceira temporada do podcast Papo Solar, transmitido na terça-feira (17), o diretor destacou que apesar da retirada de nove ex-tarifários do Governo e do esgotamento das cotas de isenção de importação, o fator preço não é o preponderante para a geração de demanda e geração de mercado.

No encerramento do ano, o Governo Federal anunciou a revogação de ex-tarifários dos produtos: Módulos fotovoltaicos (NCM 8541.43.00) e Inversores fotovoltaicos (NCM 8504.40.90) e o esgotamento das cotas concedidas para a importação de módulos fotovoltaicos sem a aplicação do impostos.

Com o fim da cota geral, todos os módulos fotovoltaicos importados para o mercado nacional que não utilizaram do benefício das cotas estarão sujeitos à alíquota de 25%.

Para a GD (Geração Distribuída), que atende principalmente consumidores residenciais e pequenos comércios, o impacto é considerado menor. Estudos apontam que o aumento do imposto pode estender o prazo de retorno do investimento em até três meses, o que ainda mantém o payback dentro de limites aceitáveis.

Já para os grandes projetos de GC (Geração Centralizada), o impacto é mais significativo, podendo desestimular novos investimentos. Apesar disto, “os grandes projetos sofrem mais, mas o mercado é soberano e deve encontrar soluções”, afirmou Santos durante o bate-papo.

Apesar das divulgações às vésperas do encerramento do ano, o diretor ressalta que o custo da energia solar no Brasil ainda é competitivo quando comparado a outras fontes e que há a possibilidade de adaptação através da reestruturação de projetos e renegociações de contratos.

O aumento dos impostos de importação resolvem o problema da indústria nacional?

“Eu vejo que não! É muito mais rápido importar o produto, ele vai chegar aqui mais barato do que esperar toda essa cadeia ser produzida”, afirma Santos.

“Todo o país que define que vai colocar isso como uma estratégia da sua indústria local, primeiro precisa desenvolver uma indústria de base. Precisa ter uma indústria de polisilício, de wafer, uma indústria de célula. Então é preciso primeiro ter toda a cadeia”, explica.

Apesar das adversidades enfrentadas, Santos afirma que “o mercado é como um rio: colocamos uma barragem, mas ele encontra outra forma de fluir”.

Ainda vamos ter “restos” de cota global disponível?

O sistema de cotas foi estruturado para distribuir 70% das importações entre todos os players do mercado e os outros 30% exclusivamente para os maiores importadores.

“O que acabou agora foi a cota global, aquela destinada a todos os importadores. No entanto, os top 15 ainda têm até março para regularizar suas operações e garantir o uso da cota especial. Caso essas reservas não sejam efetivadas, os volumes podem ser redistribuídos ao mercado geral a partir de 1º de maio”, explica o diretor.

Evolução tecnológica 

Em 2024, os módulos fotovoltaicos apresentaram  um desenvolvimento de soluções cada vez mais eficientes. Os módulos de maior destaque no mercado são os de 610 Wp e 585 Wp, e as células bifaciais tornaram os módulos bifaciais mais baratos de produzir, otimizando ainda mais os custos.

Além disso, a baixa dos preços dos módulos fotovoltaicos foi impulsionada pelo avanço tecnológico, redução dos custos das commodities, capacidade de produção em escala, incentivos do governo chinês e mudanças no mercado global. 

Fake power

Em 2024, o termo fake power ganhou destaque como um dos desafios mais preocupantes para instaladores, distribuidores e consumidores finais, termo que se refere aos módulos fotovoltaicos que entregam uma potência real inferior à especificada no rótulo ou no datasheet. 

Segundo Felipe Santos, até maio de 2023, a regulamentação do Inmetro permitia uma tolerância negativa de até 5% nos módulos fotovoltaicos. Isso significa que, por exemplo, um módulo de 555 Wp poderia, legalmente, entregar apenas 527 Wp. “A gente não pode falar que um módulo 530 Wp era ilegal na época, estava dentro da regra”.

Com a atualização para a Portaria 140 do Inmetro, essa tolerância negativa foi eliminada, permitindo apenas resultados positivos. Apesar disso, “o mercado brasileiro hoje é um dos mais competitivos do mundo em termos de preço, isso abre espaço para práticas questionáveis”, pontuou Santos.

O especialista também pontuou que para resolver os problemas enfrentados com o fake power é preciso inspeção de recebimento, exigência de certificados e parceria com fabricantes confiáveis. “Não adianta só falar de preço. Temos que sair dessa conversa rasa e buscar qualidade, inovação e compromisso com o consumidor final”, pontua.

Armazenamento de Energia

O armazenamento de energia é uma das principais tendências do setor fotovoltaico, principalmente para sistemas menores, como os residenciais e comerciais. 

Para o diretor, com o aumento de casos de insegurança energética, a adoção de baterias pode se tornar essencial, mesmo em áreas urbanas. “Não estamos falando do interior; estamos falando de São Paulo, capital. Viver uma insegurança energética na maior cidade da América Latina é algo complicado”.

“Esse tipo de solução não é trivial, antes de simplesmente instalar baterias, é preciso entender a necessidade do cliente, a carga necessária e o dimensionamento correto. Caso contrário, o custo do projeto pode escalar rapidamente, chegando a valores como R$ 70 mil ou mais.”

“Os integradores precisam se especializar, entender as nuances do armazenamento e oferecer um diferencial ao mercado. É um setor que está amadurecendo e, com isso, a régua está subindo”, conclui Santos.

Assista ao episódio completo

Todo o conteúdo do Canal Solar é resguardado pela lei de direitos autorais, e fica expressamente proibida a reprodução parcial ou total deste site em qualquer meio. Caso tenha interesse em colaborar ou reutilizar parte do nosso material, solicitamos que entre em contato através do e-mail: [email protected].

Picture of Emily Castro
Emily Castro
Graduanda em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, possui experiência na produção de matérias para portais jornalísticos, rádio e podcasts. Também atua como produtora do Podcast Papo Solar e dos projetos Solar em 60 e Estude com o Canal.

Uma resposta

  1. Prezaos senhores,
    O mercado é soberano e não aceita sofisma de qualquer espécie. Esses aumentos de impostos para importados com a vã intenção de proteger a industrial nacional já se provaram ser ineficiente e deu, em épocas passadas, como os “burros n’água. Vide a tentativa de proteção da indústria naval, a de petróleo com o famigerado decreto presidencial do conteúdo nacional de 65%. Temos que investir na saída óbvia ululante que na área de educação, sobretudo na formação de técnicos de nível médio. Os exames internacionais de avaliação do ensino básico nos coloca numa posição vergonhosa. Vide o exame do PISA da OCDE! Estamos sempre nos últimos lugares. Não há saida se não tivermos o professor como o protagonista do complexo processo ensino/aprendizagem. Engenheiro, professor, mestre em ciencias de engenhria elétrica, projetista em geração fotovoltiaca, eficiência energética e estação de carregamento de veículos elétricos.

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receba as últimas notícias

Assine nosso boletim informativo semanal

capa-da-revista-canal-solar-edicao-especial-intersolar-2021
capa-edicao-7
capa-revista-canal-solar-3