Mesmo que a transição energética ainda não tenha saído dos blocos iniciais, uma vez iniciada, as renováveis ultrapassarão os combustíveis fósseis. A partir de agora, a maior parte das adições de energia serão eólica e solar, que crescerão 9 e 13 vezes, respectivamente, até 2050.
Essa é a conclusão da sétima edição do relatório Perspectiva de Transição Energética, da DNV, publicado nesta semana. Segundo a pesquisa, a produção de eletricidade mais do que duplicará até 2050, trazendo eficiência ao sistema energético. A divisão do mix energético entre fósseis e não-fósseis é atualmente de 80/20, mas passará para uma divisão de 48/52 em meados do século.
O estudo apontou que as instalações solares atingiram um recorde de 250 GW em 2022, bem como a energia eólica fornecerá 7% da eletricidade global ligada à rede e a capacidade instalada duplicará até 2030, apesar da cadeia de abastecimento.
No entanto, no curto prazo, o relatório apontou que as restrições da rede de transmissão e distribuição estão a emergir como um obstáculo para a expansão da eletricidade renovável e dos ativos de energia distribuída relacionados, como o armazenamento ligado à rede e os pontos de carregamento de VEs (veículos elétricos) em muitas regiões, incluindo na América do Norte e Europa.
“Há reveses a curto prazo devido ao aumento das taxas de juro, aos desafios da cadeia de abastecimento e às mudanças no comércio de energia devido à guerra na Ucrânia, mas a tendência a longo prazo para a transição energética permanece clara: o sistema energético mundial passará de uma situação mix energético que é 80% de base fóssil para um que é cerca de 50% de base não fóssil no espaço de uma única geração”, disse Remi Eriksen, presidente do Grupo e CEO da DNV.
“Isto é rápido, mas não o suficiente para cumprir as metas de Paris. Antes da COP 28, a DNV publicará o seu relatório ‘Caminho para Net Zero’, mostrando que a tecnologia não é o principal desafio, mas sim os incentivos para impulsionar a rápida implantação de energias renováveis e armazenamento e os desincentivos para reduzir as emissões de combustíveis fósseis”, acrescentou.
Demais destaques
De acordo com a DNV, nos últimos cinco anos, os combustíveis fósseis responderam apenas a metade da nova procura de energia a nível mundial, apesar de um rápido desenvolvimento de capacidade renovável.
Entre 2017-2022, as renováveis satisfizeram 51% da nova procura de energia, enquanto a restante procura foi suprida por combustíveis fósseis.
Outro ponto enfatizado pelo estudo é que limitar o aquecimento global a 1,5°C é menos provável do que nunca. Para alcançar os objetivos do Acordo de Paris, as emissões de CO2 teriam de ser reduzidas para metade até 2030, mas a DNV prevê que isso nem sequer acontecerá até 2050.
Conforme a companhia, tais emissões serão apenas 4% inferiores às atuais em 2030 e 46% inferiores em meados do século. As emissões de CO2 relacionadas com a energia continuam a atingir níveis recordes e só deverão atingir o seu pico em 2024, que é efetivamente o ponto em que começa a transição energética global.
“Globalmente, a transição energética ainda não começou, se, por transição, quisermos dizer que a energia limpa substitui a energia fóssil em termos absolutos”, afirmou Eriksen.
“É evidente que a transição energética começou a nível setorial, nacional e comunitário, mas, globalmente, as emissões recordes provenientes da energia fóssil estão em vias de aumentar ainda mais no próximo ano”, concluiu o executivo.