No ano em que fortes chuvas causaram grandes prejuízos ao Rio Grande do Sul, incêndios destroem a Amazônia e o Pantanal, e uma forte seca altera a paisagem do país inteiro, os brasileiros sonham com um mundo no qual o país é um líder climático.
Esta é uma das conclusões da pesquisa “Eliminação progressiva dos combustíveis fósseis no Brasil”, conduzida pelo ClimaInfo por meio da plataforma Pollfish.
O levantamento identificou um alto índice de reconhecimento das causas e efeitos da mudança do clima, além do desejo de que o Brasil seja um protagonista na luta contra as alterações climáticas, tanto pelo combate ao desmatamento, como liderando a transição energética global.
A pesquisa apontou que 79% dos participantes ouvidos querem que o Brasil lidere a transição energética no mundo.
Para 64% deles, o Brasil deveria focar seus esforços de desenvolvimento econômico na direção de eliminar a produção e o consumo de combustíveis fósseis.
Um percentual ligeiramente maior, de cerca de 73%, acredita que parar a mudança do clima deveria ser uma prioridade governamental.
Somente 21% dizem que o Brasil deveria agir somente depois que outros países façam a sua transição. A quase totalidade da amostra (97%) apoia o fim do desmatamento até 2030.
De acordo com Delcio Rodrigues, diretor do Instituto ClimaInfo, o que surpreende nesta sondagem é o alto percentual de respondentes que reconhecem que a principal causa das alterações climáticas é a queima dos combustíveis fósseis e o entendimento de que a transição energética pode ser uma oportunidade econômica para o país.
“Ao pesquisar sobre mudanças climáticas, nos deparamos com o Brasil dos sonhos dos brasileiros: um líder da economia aliada à natureza e uma potência no mundo elétrico renovável que está sendo criado”, disse ele.
Transição energética e combustíveis fósseis
A pesquisa identificou ainda que 72% dos entrevistados acreditam que as empresas que produzem combustíveis fósseis, como petróleo ou gás, deveriam ser responsabilizadas pelos extremos climáticos.
Percentual semelhante (71%) acredita que é possível parar de queimar combustíveis fósseis até 2050. Dois terços da amostra (66%) ainda apoiaram o fim de novos projetos de energia fóssil até 2025.
“No Brasil, o principal investidor em fósseis é a Petrobras, e a pesquisa abordou a opinião dos participantes sobre a companhia”, destaca o ClimaInfo.
Nesse sentido, a pesquisa perguntou para os entrevistados se acreditavam que a empresa deveria começar a migrar para o mercado de energias renováveis como forma de manter sua liderança no mercado energético antes de seus concorrentes.
Para 89% dos respondentes a mudança da Petrobras para uma empresa de energia renovável seria boa para o Brasil e 70% acreditam que o Brasil continuará a crescer mesmo se interromper toda nova exploração de fósseis.
O estudo também perguntou a opinião das pessoas se elas acreditam que os impactos sobre a economia brasileira serão devastadores se os eventos extremos piorarem. Para 91% a resposta foi “sim”.
Em relação a eletromobilidade, também é possível notar alguma clareza sobre o que seria um futuro sem combustíveis fósseis: 88% dos respondentes apoiam que todos os novos carros, caminhões e ônibus sejam movidos a energia limpa até 2035 e metade deles (50%) vê a energia solar como prioritária para investimentos governamentais nos próximos cinco anos.
“Esta sondagem de opinião, pioneira ao abordar a questão dos fósseis, traz recados para o governo. Para o poder executivo, a alta aprovação de medidas para descarbonizar a economia é uma boa notícia, já que o país preside o G20 este ano e a Conferência do Clima da ONU em 2025”, destaca o estudo.
A coleta de dados para esta pesquisa foi realizada na Plataforma Pollfish em 15 de julho de 2024, em formato online, e contou com a participação de aproximadamente 2 mil respondentes. A margem de erro da pesquisa é de 2%.
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