O CLA (Centro de Lançamento de Alcântara) recebeu a entrega de uma microrrede de energia elétrica inteligente para atender as demandas de energia durante operações do espaçoporto no Maranhão.
Com a entrega do sistema, ocorrerá a diminuição do uso de geradores a diesel usados como backup durante os lançamentos, dando mais autonomia e segurança.
O projeto de P&D (pesquisa e desenvolvimento) surgiu de uma iniciativa da AEB (Agência Espacial Brasileira), junto à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). O Grupo Equatorial Energia foi a empresa responsável pela construção, pesquisa e desenvolvimento da microrrede nas dependências internas do Espaçoporto,que engloba o fornecimento do BESS (Battery Energy Storage System) em parceria com a fabricante de equipamentos elétricos WEG Automação.
“A Microrrede Inteligente é fruto de uma interlocução entre a AEB e a ANEEL, para estruturar um projeto que atendesse as demandas de energia elétrica do Espaçoporto de Alcântara, por meio da Lei n° 9.991/2000, que prevê investimentos em P&D, no âmbito do setor elétrico brasileiro”, informou a AEB.
Segundo a AEB, por se tratar de uma iniciativa de P&D com recursos do setor elétrico, foram contatados, para realizar o projeto, professores e especialistas do Instituto de Energia Elétrica da UFMA (Universidade Federal do Maranhão).
“Eles realizaram estudos e pesquisas, a fim de ampliar o conhecimento sobre as necessidades do município de Alcântara relacionadas ao setor. A iniciativa partiu da AEB que, ainda no primeiro semestre de 2019, procurou a ANEEL para apresentar os desafios que o Espaçoporto de Alcântara enfrentaria, em termos de energia, nos anos vindouros”, relatou a AEB.
De acordo com a Agência espacial, na ocasião, discutiram-se questões de eficiência energética, qualidade de energia e garantia de suprimento e, discutiu-se, por fim, a viabilidade de se estruturar um projeto de P&D, no âmbito Lei n° 9.991/2000, com a utilização de energias renováveis para suporte às operações do Centro.
Em decorrência desse encontro, realizaram-se outras reuniões técnicas que possibilitaram a formatação de uma proposta de projeto. Após essas tratativas, no segundo semestre de 2019, a ANEEL iniciou a estruturação do projeto juntamente com a Equatorial Energia.
Em maio de 2022, foi emitido, pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), o licenciamento ambiental, uma vez que, para a instalação das 2.880 placas solares, foi necessária a utilização de uma área de 1,65 hectares, aproximadamente 16.500 metros quadrados.
“Essa iniciativa pioneira uniu entidades do setor espacial, do setor elétrico e da academia, proporcionando uma ação inovadora em região carente de infraestrutura. Graças à acolhida da Aeronáutica, via seu Estado-Maior (EMAER), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), viabilizou-se significativa melhoria na confiabilidade do suprimento de energia elétrica, via fonte alternativa de reduzido impacto ambiental”, destacou Carlos Moura, o presidente da AEB.
“A disseminação do uso da energia solar com sistemas de armazenamento busca garantir segurança, qualidade e resiliência no fornecimento de energia durante os lançamentos de foguetes. Além disso, também contribui para a redução de impactos ambientais, visto que o consumo total de energia elétrica será reduzido e o consumo de diesel será eliminado com o uso dos sistemas de armazenamento”, ressaltou a AEB.
Características da rede
A rede elétrica inteligente gera energia solar e conta com 2.832 painéis solares de 445 Wp. A usina fotovoltaica possui 1,26 MWp e é capaz de gerar 1.823 MWh de energia por ano.
O projeto contempla também um robusto sistema de armazenamento de energia, que conta com um sistema de baterias (BESS) de tecnologia de íons-lítio, que armazenam o triplo de energia, se comparada aos outros tipos de bateria, com potência instalada de 1 MW e 1 MWh de capacidade de armazenamento.
Redução no consumo de energia do CLA
Segundo o grupo, além de fornecer resiliência e segurança, a implementação dessa rede também vai trazer o benefício de uma redução de 30 a 40% do consumo de energia mensal do CLA.
“Foi uma honra para a Enova participar de um projeto de tamanha relevância. Essa é uma das primeiras microrredes funcionais do Brasil. Ela possui algumas características que a tornam muito únicas: o foco em sustentabilidade, resiliência e o local tão especial em qual ela foi construída”, pontua João Caracas, superintendente da Enova Energia.
Avanço significativo no setor espacial
Segundo o Grupo Equatorial Energia, a entrega da microrrede ” representa um marco na história dos lançamentos espaciais no Brasil”. ” Essa iniciativa inovadora promete revolucionar os lançamentos de foguetes e satélites, proporcionando maior confiabilidade e autonomia para as operações espaciais”, afirmou em nota.
“A rede elétrica inteligente, desenvolvida pelo Grupo Equatorial Energia,. A tecnologia avançada implementada no CLA permitirá o gerenciamento eficiente e inteligente da energia elétrica, contribuindo para um ambiente de lançamento mais seguro e confiável”, acrescentou.