Atualmente no Brasil, as aplicações com baterias são permitidas no modelo off-grid, onde não há paralelismo com a rede de eletricidade pública.
Já em outros mercados mais maduros, como Europa, Ásia e EUA, é possível que a energia das baterias seja injetada na rede pública, o que ajuda na confiabilidade de todo o sistema elétrico e também na modicidade tarifária.
Falta em nosso país, regulamentações e regras para que as tecnologias de bateria decolem. Esta é a avaliação da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar).
Por isso, a agência, que tem atuado de forma consistente no assunto junto aos órgãos públicos competentes, pretende apresentar, no segundo semestre deste ano, um estudo específico para contribuir na criação de políticas públicas e de uma regulamentação do uso de baterias e tecnologias de armazenamento de energia no país.
O principal objetivo da elaboração deste estudo é estimular e fortalecer o segmento de armazenamento mercado de baterias no Brasil, beneficiando o setor elétrico brasileiro.
“Falaremos de regulamentação, de tributação e também abordaremos outras políticas públicas, como linhas de financiamentos. Além disso, discutiremos sobre as normas técnicas, que é um assunto que precisa ser desenvolvido nessa área”, informou Markus Vlasits, Coordenador da Força-Tarefa de Armazenamento da ABSOLAR.
Segundo a ABSOLAR, a tecnologia de armazenamento por meio de baterias traz mais valor ao segmento de geração distribuída, dando maior liberdade e mais autonomia aos consumidores.
Além disso, contribui para ampliar a participação da fonte solar fotovoltaica na matriz elétrica brasileira, seja por meio da geração centralizada ou distribuída.
Vlasits enfatizou que o setor de armazenamento já é realidade em muitos países. “Temos mercado, entre os quais se destacam a Califórnia, a Alemanha, Austrália e a Coreia do Sul, que possuem uma capacidade de armazenamento instalada considerável”.
“Aqui no Brasil, estamos começando a explorar e conhecer essas oportunidades. Um passo importante para o mercado brasileiro foi a aprovação da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) de P&D (pesquisa e desenvolvimento) de projetos de armazenamentos.
Além disso, estamos vendo a primeira geração de projetos comerciais, que são projetos de média e alta tensão. Estamos começando a explorar este negócio, mas tem muita coisa a ser feita”, acrescentou Vlasits.
Recentemente, a Alsol, em parceria com a BYD, montou um sistema de armazenamento de energia, localizado em Uberlândia (MG), com capacidade instalada de 1.26MVA / 1.366 MWh.
Para Adalberto Maluf, diretor de marketing, sustentabilidade e novos negócios, a criação de uma regulamentação tornará a energia fotovoltaica mais democrática.
“A BYD já entregou mais de 5.500 kWh em projetos de armazenamento no Brasil, desde projeto de pesquisa e desenvolvimento, na chamada 21 da ANEEL, a sistemas isolados na Amazonas.
Na Ilha Grande e na Ilha do Cardoso. Acreditamos que seria muito importante a criação de regulamentações específicas sobre o tema para que o armazenamento possa crescer como um instrumento de melhoria da qualidade da rede e deixar com que qualquer pessoa possa ser um proconsumer, um consumidor que gera, armazena e devolve essa energia para rede nos horários onde a rede mais necessita”.
Oportunidades
Ainda de acordo com Vlasits, no mercado de armazenamento existem, pelo menos, três segmentos, sendo que cada um oferece oportunidades específicas e necessita de regulamentações exclusivas:
- armazenamento para usuário comerciais e industriais (projetos ‘atrás do medidor’): foco em redução de consumo durante horário de ponta, redução de demanda contratada, backup de energia;
- armazenamento de grande porte (’em frente do medidor’): prestação de serviços ancilares, diferimento de investimento em infraestrutura de transmissão e distribuição, facilitar despacho de usinas renováveis de grande porte, trading de energia;
- armazenamento para sistemas isolados: substituir gerador diesel com projetos híbridos (solar + armazenamento); grande impacto ambiental, ajudará para reduzir a CCC (subsídio de combustível pago para concessionárias e geradores no Norte do Brasil).
Marco no setor fotovoltaico
Recentemente, o país registrou a implantação do primeiro sistema de irrigação de três pivôs implantado em uma propriedade rural no sudoeste de Goiás, a cerca de 300 km de Goiânia, com o uso da energia solar.
A estimativa é que com a solução o cliente final tenha uma redução de 60% no consumo diário de diesel.
O sistema de irrigação é abastecido por meio de um sistema fotovoltaico de 773 kWp, com 700 kVA de inversores, 750 kVA de gerador diesel e um banco de baterias de 300 kWh de autonomia.
Os inversores, o banco de baterias e o gerador a diesel operam de forma coordenada, o que garante excelente confiabilidade no atendimento das cargas.