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Por que a construção de usinas fotovoltaicas em aterros ainda é pouco explorada?

Conheça o processo e saiba quais foram os desafios encontrados para desenvolver uma planta em um aterro em Santo André (SP)

Autor: 17 de agosto de 2023outubro 18th, 2023Mercado
6 minutos de leitura
Por que a construção de usinas fotovoltaicas em aterros ainda é pouco explorada?

Foto: Divulgação

A construção de usinas de energia solar em aterros sanitários ainda é algo pouco explorado no Brasil, com pouquíssimas plantas sendo desenvolvidas em razão da complexidade de uma obra com essas características.

Em março deste ano, a primeira usina solar da América Latina em cima de um aterro sanitário desativado foi inaugurada na cidade de Curitiba (PR).

No município de Santo André (SP), um complexo de mesma natureza está em fase final de construção e também iniciará suas operações até o final deste ano.

Com um investimento de mais de R$ 42 milhões, a usina paulista terá capacidade para gerar 517,7 MWh por mês e uma economia de R$ 138 milhões para os cofres públicos de Santo André durante 30 anos.

Ao todo, a usina deverá gerar energia suficiente para reduzir em até 30% os gastos da Prefeitura de Santo André em energia elétrica. O payback – tempo para pagamento do custo da instalação – ocorrerá em até sete anos.

A contratação dos fornecedores para as fases de construção, operação, gestão e manutenção do complexo se deu por meio de um processo de licitação, iniciado em agosto de 2022. A empresa vencedora do certame foi o Consórcio Hélios, que contratou a NTC Somar para fornecer as estruturas de fixação.

Ao Canal Solar, a empresa relatou como foi o processo e quais foram os desafios encontrados para desenvolver uma solução que atendesse as particularidades das quatro usinas solares que compõem todo o complexo.

Fases de construção

De acordo com a NTC Somar, após a realização dos estudos topográficos, marcação e alinhamento do terreno por empresa contratada pela licitante, foi feita a fundação, a concretagem dos primeiros pilares e os testes de arrancamento (Pull Out Test), que tiveram o objetivo principal de verificar o comportamento das estruturas trabalhando em condições extremas.

Ensaio Pull Out. Foto: Divulgação

Ensaio Pull Out. Foto: Divulgação

“Como os terrenos escolhidos para implantação das usinas solares podem apresentar valores elevados de deslocamentos verticais ao longo do tempo por conta da compactação e compressibilidade dos resíduos, os chamados recalques, foi preciso uma solução que se adaptasse à essas condições”, explicou a empresa.

Diante desta situação, a NTC Somar desenvolveu pilares telescópicos para lidar com os desafios da instabilidade no terreno do aterro. A previsão é de que, em 10 a 20 anos, haja afundamento do solo em cerca de 5 ou 10 cm.

“Superamos uma premissa complexa: as fundações, que no decorrer da vida útil da estrutura podem sofrer deslocamentos, devido à acomodação do solo. Os pilares telescópicos, juntamente com os recursos de montagem previstos, possibilitam ajustes futuros no sistema estrutural”, disse Paulo Gomes, engenheiro da NTC Somar e responsável pelas estruturas.

Projeto desenvolvido pela fabricante de estruturas fotovoltaicas. Foto: NTC Somar

Na primeira etapa do projeto, foram entregues pela NTC Somar mais de 800 pilares telescópicos para fixação de mais de 4,1 mil módulos fotovoltaicos. Ao todo, serão instalados 8,82 mil painéis solares nas áreas que, juntas, totalizam 56 mil metros quadrados.

Pilares telescópicos fabricados pela NTC SOMAR. Foto: Divulgação

Complexidade na implantação de usina solar em aterro

Do ponto de vista da engenharia geotécnica, o recalque a longo prazo é um dos maiores impeditivos para a viabilidade de uma usina solar em aterro sanitário, visto que a integridade dos componentes fotovoltaicos é posta à prova com os deslocamentos existentes. Somente com projetos especialmente formulados para cada terreno é possível viabilizar uma obra com esse porte.

Usinas fotovoltaicas em aterro: como viabilizar?

O primeiro passo para estudar a viabilidade da construção de uma usina fotovoltaica em aterro é colher o máximo de informações possíveis sobre a área, como o tipo de aterro disponível e a regulamentação local visto que somente os aterros sanitários oferecem possibilidade de implantação de uma obra com essa complexidade.

Os aterros sanitários são cobertos de terra e posteriormente compactados com maquinários apropriados, pois assim é minimizada a proliferação de doenças e bactérias. Uma característica é que há baixa declividade/aclividade justamente por causa da compactação.

Geralmente, esse tipo de terreno é de poder público e localizado próximo a áreas com altas demandas de energia. Então, os próprios órgãos municipais já estão enxergando as vantagens de se ter usinas solares em aterros. Entre elas, a geração de empregos, o forte apelo sustentável, o uso de tecnologias rentáveis e o baixo custo das terras.

“Contratar fornecedores de confiança e consolidados no mercado é outro fator crucial para o sucesso de uma usina como essa. A NTC Somar possui anos de história e uma engenharia propositiva alinhada com as normas pertinentes, além de ter seus produtos rigorosamente testados”, pontuou a companhia.

Hoje, o Brasil ainda carece de políticas públicas para que haja a destinação correta de resíduos sólidos. Segundo dados da Abetre (Associação Brasileira das Empresas de Tratamento de Resíduos Sólidos e Efluentes), a maioria das áreas existentes para esse fim são lixões.

A região Sul do país é a com maior índice de destinação correta, com cerca de 80% de seus resíduos indo para aterros sanitários, seguida da região Sudeste, com metade desse número.

“Escolher áreas apropriadas e fazer uma gestão limpa é dever dos governos, mas a população pode cobrar por melhorias como aproveitamento de áreas teoricamente inúteis para implemento de ações sustentáveis ao meio ambiente, como instalação de usinas de energias limpa, visando a redução de gastos públicos e a geração de empregos”, destaca a empresa.

Desde 2015, a NTC Somar atua no desenvolvimento de estruturas para painel solar e sistemas de fixação fotovoltaicos, disponibilizando ao mercado soluções para usinas de solo e todos os tipos de telhados e lajes. Para mais informações acesse o site da empresa.

Henrique Hein

Henrique Hein

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter do Jornal Correio Popular e da Rádio Trianon. Acompanha o setor elétrico brasileiro pelo Canal Solar desde fevereiro de 2021, possuindo experiência na mediação de lives e na produção de reportagens e conteúdos audiovisuais.

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