Retrospectiva 2024: relembre os fatos que marcaram o setor de solar no Brasil

O setor de energia solar no Brasil encerra 2024 com marcos expressivos, consolidando-se como uma das principais fontes de geração elétrica do país
Imagem aérea do Complexo Solar Jaíba I & II, em Minas Gerais. Foto: Recurrent Energy
Imagem aérea do Complexo Solar Jaíba I & II, em Minas Gerais. Foto: Recurrent Energy

Reportagem publicada na 26ª edição da Revista Canal Solar. Clique aqui e baixe agora gratuitamente!

O setor de energia solar no Brasil encerra 2024 com marcos expressivos, consolidando-se como uma das principais fontes de geração elétrica do país. 

O ano trouxe avanços tecnológicos, crescimento significativo em capacidade instalada e contribuições importantes para a sustentabilidade e a economia do país. 

Contudo, também foi marcado por desafios como a reprovação de projetos por inversão de fluxo, o aumento de impostos sobre módulos fotovoltaicos, cortes na geração de energia e eventos climáticos extremos que impactaram diretamente o setor.

Nesta retrospectiva, revisitamos alguns dos principais acontecimentos que marcaram o ano do mercado fotovoltaico nacional, projetando os próximos passos de um setor que não para de crescer.

Inversão de fluxo e Resolução 1.098 da ANEEL

Manifestantes reunidos em frente à sede da CPFL, em Campinas (SP). Foto: Canal Solar
Manifestantes reunidos em frente à sede da CPFL, em Campinas (SP). Foto: Canal Solar

O ano foi bastante desafiador para os profissionais que atuam no mercado de GD (geração distribuída) no Brasil, especialmente no que diz respeito à inversão de fluxo – um dos tópicos mais debatidos entre integradores, consumidores e concessionárias. 

A Resolução Normativa 1.098, publicada pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) em 31 de julho, trouxe novas diretrizes para o tratamento técnico e regulatório dos projetos de GD, redefinindo critérios para a análise de viabilidade de conexões.

A resolução estabeleceu três cenários específicos em que a inversão de fluxo não pode ser usada como justificativa para reprovar projetos:

  • Usinas zero-grid, que não injetam energia na rede;
  • Instalações que atendem aos critérios de gratuidade e têm potência compatível com o consumo local;
  • Microgeração de até 7,5 kW, na modalidade autoconsumo local.

Esses parâmetros, contudo, geraram desafios no processo de adaptação às novas regras, com muitos integradores e consumidores reclamando que elas são insuficientes para amenizar atrasos e reprovações técnicas sem justificativa aparente por parte das concessionárias. 

Ao longo do ano, manifestações em diversos estados, especialmente em Minas Gerais e São Paulo, destacaram o descontentamento de profissionais do setor fotovoltaico com as práticas de algumas distribuidoras, que utilizavam a inversão de fluxo como barreira para novas conexões. 

Protestos organizados por associações como o INEL (Instituto Nacional de Energia Limpa) e o MSL (Movimento Solar Livre) pressionaram a ANEEL e as concessionárias para uma implementação mais transparente e justa das novas regras.

Uma das manifestações de maior destaque ocorreu no dia 1º de novembro nas sedes da CPFL, em Campinas (SP), e da RGE, em São Leopoldo (RS). 

Contudo, embora o ano tenha sido desafiador, a Resolução 1.098 ajudou a fazer com que o uso de sistemas híbridos e zero-grid crescessem, mostrando que o mercado brasileiro está se diversificando e encontrando soluções para superar as dificuldades técnicas.

Fake Power

Falta de fiscalização tem gerado desafios ao setor solar. Foto: PV Evolution Labs/Reprodução
Falta de fiscalização tem gerado desafios ao setor solar. Foto: PV Evolution Labs/Reprodução

O termo fake power, ou “potência falsa”, também foi um dos temas mais debatidos no setor de energia solar em 2024, especialmente devido ao impacto na confiança do mercado e nas projeções de geração. 

Esse problema, que envolve a entrega de uma potência nominal pelos inversores que não correspondem à geração real ou compatível com a capacidade dos módulos, gerou preocupações em toda a cadeia fotovoltaica.

Ao longo do ano, foram registradas diversas denúncias de sistemas que apresentavam discrepâncias significativas entre os relatórios de geração e a energia efetivamente produzida.

Um dos principais desafios enfrentados foi a falta de padronização técnica e de fiscalização em projetos de GD. 

Muitos sistemas foram instalados sem testes rigorosos de desempenho ou auditorias adequadas para verificar a conformidade dos equipamentos.

A ocorrência de fake power, com isso, prejudicou a confiança de consumidores em sistemas solares, especialmente em regiões onde integradores utilizaram equipamentos não certificados ou de procedência duvidosa. 

Os problemas culminaram numa ação de fiscalização inédita realizada pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), com o objetivo de avaliar a qualidade e a conformidade dos produtos disponíveis no mercado.

O órgão submeteu amostras de painéis fotovoltaicos de diferentes marcas a ensaios laboratoriais e identificou irregularidades em ao menos um produto, que apresentou potência significativamente inferior à declarada pelo fabricante na etiqueta. 

Além deste caso, outras duas marcas também estão sendo analisadas em laboratórios credenciados. A operação abrangeu os estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás. 

O Inmetro prometeu realizar novas fiscalizações ao longo de 2025, fazendo com que o mercado acredite que o impacto do fake power possa vir a ser reduzido no próximo ano, não só por isso como também pelo fato de haver uma maior conscientização das empresas sobre o tema. 

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Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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