4 de maio de 2024
solar
No Brasil Hoje

Potencia GC SolarGC 13,5GW

No Brasil Hoje

Potencia GD SolarGD 28,9GW

Tendências do setor elétrico a partir do Open Energy

Consumidor poderá ter mais clareza sobre os gastos na conta de luz

Autor: 25 de janeiro de 2023dezembro 21st, 2023Opinião
4 minutos de leitura
Tendências do setor elétrico a partir do Open Energy

Consumidor poderá ter mais clareza sobre os gastos na conta de luz

Na última década, o mercado financeiro mudou de perfil com o surgimento dos bancos digitais e inovações regulatórias. O caminho trilhado pelas fintechs, no entanto, pode ser replicado em outros segmentos de perfil semelhante – muitos dados, pouca inovação e consumidores ávidos por redução de custos.

Nossa aposta é que o setor de energia vai ser o próximo da lista a mudar radicalmente nos próximos anos. Não por acaso, criamos a proposta de Open Energy, inspirada no “Open Banking” e no “Open Finance”.

Ela parte do mesmo princípio: os dados são propriedade do consumidor e é deles o direito de compartilhá-los  ou consentir o acesso a provedores de serviços que irão beneficiá-los. No setor bancário, um uso comum da inovação aberta, por exemplo, é oferecer linhas de crédito e outros produtos mais adequados ao perfil de cada cliente.

Agora, mantenha o mesmo princípio e mude do setor bancário para o elétrico. Com liberdade para compartilhar seus dados como e quando quiser, o consumidor poderá ter mais clareza sobre os gastos na conta de luz.

Como isso pode funcionar na prática? Uma possibilidade é ter mais controle do seu consumo de energia e identificar no detalhe as causas dos aumentos momentâneos na conta de luz.

Outro caminho é ter o apoio de uma empresa que poderia sugerir ações práticas para minimizar os impactos de consumo na sua conta, mas isso é só o começo.

Esse tipo de iniciativa é quase sempre um espaço muito frutífero para inovação. São infinitas as possibilidades de novos produtos e serviços no contexto do Open energy que podem vir a beneficiar os consumidores de energia

Nos Estados Unidos, o Open Energy começou a ser implementado em 2012. A primeira iniciativa foi disponibilizar as informações da conta de luz em uma planilha a partir do site da distribuidora.

Isso permitiu que os americanos fizessem auditoria das próprias contas, decidissem a modalidade tarifária que melhor se encaixaria no seu perfil de consumo e compartilhassem seus dados com comercializadoras de energia para acessar um produto mais adequado às suas necessidades.

Isso porque, assim como boa parte da Europa e Austrália, os consumidores residenciais dos Estados Unidos têm acesso ao chamado mercado livre de energia – isto é, podem escolher de quem comprar energia.

No Brasil, os consumidores do chamado mercado cativo só podem comprar energia da distribuidora. Mas existe uma consulta pública em andamento para colher insumos sobre uma proposta de abertura gradual do mercado livre até 2028, hoje restrito basicamente a indústrias e outras empresas de grande porte.

Neste ponto, fica evidente que, embora Open Energy, que nada mais é do que a ideia de inovação aberta a partir do compartilhamento consentido de dados, e abertura do mercado livre sejam discussões diferentes, são muitas as articulações possíveis das duas iniciativas.

Aliás, ambas seguem tendências mundiais de inovação no mercado de energia que já se tornaram realidade em diversos países. Isso mostra uma tendência clara: o empoderamento do consumidor e o maior uso da tecnologia no chamado mercado de utilities (utilidades, em português, que são os serviços de água, luz, telefonia, gás, etc)

Falando em tecnologia, o setor elétrico (aqui e  lá fora) vem se tornando berço de um novo tipo de empresa – são as climate techs, startups que se apoiam em tecnologia para ajudar a conter a mudança climática.

No Brasil, uma dessas companhias é a Lemon Energia, que conecta usinas solares, de biogás e pequenas hidrelétricas a milhares de pequenos negócios em alguns dos principais mercados do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Com a implementação do Open Energy, as startups que unem energia a tecnologia poderão abrir um leque de possibilidades e novas soluções que proporcionarão uma melhor experiência aos clientes, ganhos de eficiência para todos as partes e mais transparência e agilidade.


As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.

Ana Capelhuchnik

Ana Capelhuchnik

Diretora jurídica da Lemon Energia. Formada em direito pela PUC-SP e em ciências sociais pela USP, especialista em direito digital pela FGV e mestranda e pesquisadora na área de ambientes e desenvolvimento na USP.

Um comentário

  • Inovação muito pertinente e que muito faz falta ao mercado brasileiro, a informação exclusivamente nas mãos das distribuidoras tende apenas a beneficiar a própria distribuidora em prejuizo ao consumidor. É preciso estimular a concorrência no Brasil que tem uma das maiores tarifas de energia do mundo.

Comentar

*Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Canal Solar.
É proibida a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes e direitos de terceiros.
O Canal Solar reserva-se o direito de vetar comentários preconceituosos, ofensivos, inadequados ou incompatíveis com os assuntos abordados nesta matéria.