Nos últimos tempos estamos vendo uma revolução nos tamanhos de módulos. Se em 2021 vimos uma corrida por módulos entre 400-450W, agora estamos vendo o mercado em frenesi por conta dos módulos de 530 – 600+W.
A pergunta que fica é: vale a pena comprar esses módulos maiores? E a resposta é: Depende!
Mesmo com uma resposta aberta, a primeira barreira que precisa ser derrubada é a do maior argumento que escuto dos integradores quando a decisão é por módulos grandes: “o cliente não tem espaço no telhado e preciso usar módulos maiores”. Acompanhem-me na conta abaixo.
Um sistema de 7 kWp, se feito com painéis de 450W utilizaria 15,55 painéis. Eu sei que não dá para ter 0,55 partes de um módulo, mas é só para fazermos uma aproximação de contas. Se utilizarmos nosso novíssimo XPower 450W, temos os seguintes parâmetros:
- Eficiência: 20,7%: Isso significa que no momento de maior irradiação solar possível, de 1000 W/m2, ele gera 207 W/m²;
- Comprimento: 2,094 m;
- Largura: 1,038 m.
Com esses dados na mão, chegamos ao seguinte número do nosso sistema:
- Área total necessária para se gerar 7 kWp: 33,81 m²;
- Cada módulo possui 2,174 m²;
- Necessitaríamos então de 15,55 painéis (fizemos o ciclo matemático para ver que as contas se encontram no número necessário de painéis.
Agora, vamos fazer o mesmo processo matemático, também considerando um gerador de 7 kWp, mas dessa vez utilizando outro módulo que possuímos em estoque, o Risen 590. Para esse caso, precisaríamos de 11,86 painéis. Abaixo, os dados do módulo:
- Eficiência: 20,8%: Isso significa que no momento de maior irradiação solar possível, de 1000W/m2, ele gera 208W/m2²;
- Comprimento: 2,172 m;
- Largura: 1,303 m.
Com esses dados na mão, chegamos ao seguinte número do nosso sistema:
- Área total necessária para se gerar 7kWp: 33,65 m²;
- Cada módulo possui 2,83 m²;
- Necessitaríamos então de 11,86 painéis (fizemos o ciclo matemático para ver que as contas praticamente se encontram no número necessário de painéis.
Quando olhamos para os números acima, o que mais salta aos olhos é que realmente necessitamos de menos módulos quando o sistema utiliza o Risen de 590W, mas precisamos ir além e fazer uma análise que valha o nosso entendimento técnico.
A área necessária para gerar os 7kW com o XPower 450 é de 33,81 m² e com o Risen 590W de 33,65 m². Uma diferença de singelo 1%! A potência cresceu, mas o tamanho do módulo cresceu proporcionalmente. Aqui, podemos concluir que falta de espaço nunca pode ser o motivo para utilização de módulos maiores, mas sim a eficiência deles: quanto mais eficiente, menos espaço eu vou utilizar.
Então, porque utilizar módulos acima de 500 W? Aqui entra a beleza da engenharia e ela tem que ser feita. Cito alguns casos que justificam:
- Utilização em microinversores: nestes casos, diluímos o valor do microinversor em mais potência de módulos, fazendo com que o custo por Watt do sistema seja menor;
- Usinas de solo: menos conexões e possíveis pontos de falhas;
- Quando o arranjo dos módulos no telhado favorecê-los;
- Quando terceirizamos o serviço de instalação e esse é cobrado por módulo (desde que cobrado o mesmo valor).
Com certeza existem outras razões, mas o que não podemos é definir um padrão ou simplesmente dizer que é falta de espaço. E aí, qual o seu motivo?
15 respostas
Recentemente fiz a instalação em casa de 8 módulos de 540 da Jinko com 2 microinversores da marca data… Até o momento não tenho que reclamar….
O sistema está gerando mais de 500KWH
Realmente quando se fala em área o principal diferencial é a eficiência, sempre foi assim desde os primeiros comparativos entre módulos Poli e Mono.
Atualmente avalio quantitativo estrutural e agilidade para a Mão de Obra, modulo grande e pesado não permite o mesmo rendimento da equipe, porém assim como cada projeto, a instalação é exclusiva, então temos sempre que avaliar o melhor aproveitamento do tempo, afinal custos sempre serão sobre Homem-Hora, e um saldo de tempo na grande maioria dos casos não haverá um “aproveitamento”, então há diversas situações em que os módulos menores compensam, “ahh, como era melhor para o instalador nos tempos dos módulos de 250w e menos de 20kg”.
Um fator que deve ser levado em conta, caso o cliente precise de um aumento de potência em seu sistema, é a tendência de após um ou dois anos, não ser encontrado no mercado módulos de menor potência que ficam desatualizados, daí a solução é usar micro-inversores, porém com o trabalho adicional de ligação CA (e proteções como DPS e disjuntores) no quadro de distribuição do imóvel. Tudo na engenharia tem solução a questão é sempre aplicar o melhor custo benefício para tudo, sabendo que há retorno para QUALQUER investimento em sistema solar aplicado.
Tem um fator, ao meu ver que também justifica. Termina-se trabalhando com inversores, se micro, 1.800, 2.000, e isso ajudará no futuro porque dará flexibilidade para trocas de módulos em casos de falhas.
Porque comprar um Core I7 ou um Ryzen 9 se você pode usar um Intel Celereon ??
A tecnologia avança e mais energia por metro quadrado é sempre melhor. Ponto!
Ainda há no mercado muitos modelos de inversores que não atendem as capacidades de corrente dos módulos de maior potencia, principalmente se considerar no projeto cálculos que envolvem fatores de temperatura, corrente máxima na mppt, entre outros. No entendo cabe ao projetista se atentar a estes detalhes.
E muita atenção pois os modulos de 665W que estão pipocando no mercado exigem inversores que trabalhem com corrente de 20A, e muitos inversores tem limitação de 16A. Já vi inclusive relatos de revendas fazendo a venda desses modulos com inversores de 16A, depois deu “caca” na hora da instalação!
Importante reflexão! O integrador é o profissional que propõe ao cliente a solução. A decisão final, claro, é do consumidor, mas o fornecedor não pode ser “escravo” da vontade leiga do cliente. Posicionar-se tecnicamente é, acima de tudo, uma questão de ética profissional.
Valeu, Bruno!
Uma coisa que considero é o espaço pois nem sempre temos espaço lateral suficiente,as temos espaço para “cima”.Em alguns lugares não tem espaço para completar com módulos deitados, mas se forem mais compridos da certinho. E instalações em laje tbm ficam bons dependendo do formato da laje.
Mesmo que desse a mesma potência , ainda sim compensa os módulos maiores , menos trabalho , menos não de obra , e menos material p dar defeito
A matéria está muito bem escrita, mas seria importante uma atualização para falar também da compatibilidade módulo inversor. As marcas estão atualizando seus inversores, e tem distribuidor querendo empurrar pro integrador inversor de geração antiga com módulo >500W.
E muitos inversores atualizados ainda não são compatíveis com os módulos de 660W.
Canal solar, foca nesse assunto que tem muito integrador que nem sabe o que está fazendo.
Royose Miranda de Frias
A única vantagem que eu via na instalação de módulos mais potentes é a questão de espaço no telhado do cliente, mas levando em consideração os comentários dos colegas: Arquimedes; Tiago e Sérgio, preciso repensar sobre esse conceito.
Questões já citadas acima tem o fator do peso dos módulos distrubuído ou concentrado no telhado. Faz a diferença.
Concordo plenamente, ainda complemento dizendo que, se um módulo de 590W apresenta algum defeito, ele irá precisar ser retirado para manutenção em garantia. Se fosse um módulo de 405W, por exemplo, a perda seria bem menor naquela string, no caso de inversor tradicional. Outro ponto, para o instalador, é a dificuldade de carregar, alçar, posicionar um módulo de 590W com seus 2,38×1,30, em relação ao tradicional 2,09×1,04. Fora o peso!
É importante observar também alguns dados característicos de cada módulo, como por exemplo a tensão de Voc e a corrente de operação Impp. Dependendo da forma como o arranjo dos módulos é feito ele pode impactar na operação segura do inversor.