Veículos elétricos representarão mercado de US$ 46 trilhões até 2050

Relatório da BNEF aponta que para alavancar os VEs será preciso adotar políticas decisivas em todas as frentes
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11-06-21-canal-solar-Veículos elétricos representarão mercado de US$ 46 trilhões até 2050

O mercado de VEs (veículos elétricos) se mantém e está em aceleração em todo o mundo, principalmente com base na economia relativa quando comparados às alternativas com motores de combustão interna. 

Segundo o estudo Electric Vehicle Outlook realizado pela BNEF (BloombergNEF), o “segmento deve crescer mais do que nunca”. A empresa estima que os VEs representarão uma oportunidade de mercado de US$ 7 trilhões até 2030 e US$ 46 trilhões até 2050.

No entanto, a consultoria fez uma ressalva: para alavancar os carros eletrificados os governos que visam a neutralidade de carbono devem adotar políticas decisivas em todas as frentes.

Dentre as ações necessárias, a BNEF apontou a expansão das redes de recarga, o incentivo à reciclagem de baterias e novas regulamentações sobre caminhões pesados – além da promoção de alternativas de transporte ativo, tais como ciclismo e caminhadas. 

No cenário de transição econômica – o qual não considera medidas adicionais de políticas – as vendas globais de veículos neutros em emissão de carbono subiriam de 4% em 2020 para 70% em 2040. 

Países como China, Estados Unidos e as economias europeias estão à frente desses números. Porém, de acordo com a pesquisa, os níveis mais baixos de adoção em economias emergentes reduzem a média global. 

No caso dos ônibus elétricos, por exemplo, as vendas subiriam para 83% em 2040. No mesmo período, os veículos comerciais leves aumentariam sua fatia de mercado de 1% hoje para 60%. Já os comerciais médios e pesados devem alcançar pouco mais de 30% – saindo de praticamente zero hoje.

“O crescimento do transporte elétrico até aqui tem sido uma história de sucesso e o futuro do mercado de VEs é brilhante. Entretanto, ainda há mais de 1,2 bilhões de carros de combustão interna na estrada e a transição da frota é lenta”, disse Colin McKerracher, chefe da equipe de Transporte Avançado da BNEF.

“Alcançar a neutralidade de carbono até meados do século exigirá ‘todos os jogadores na área do pênalti’, particularmente no que tange aos caminhões e outros comerciais pesados, segmentos em que a transição ainda não começou”, ressaltou. 

Transporte rodoviário

No relatório da BloombergNEF, foi também adicionado um cenário de neutralidade de carbono para o setor de transporte rodoviário. 

O levantamento mostra que os carros elétricos de passageiros, por exemplo, teriam que atingir quase 60% das vendas mundiais em seu segmento até 2030, não 34% como no cenário de transição econômica – ou seja, 55 milhões de VEs vendidos naquele ano, em vez de 32 milhões.

“O ano de 2030 está apenas a dois ciclos de atualização de modelos para as montadoras. Portanto, muito em breve, será necessário oferecer segurança em relação a políticas para viabilizar investimentos para alcançar uma taxa de penetração mais alta”, comentou McKerracher.

Para o especialista, isto é particularmente verdadeiro para países que ainda não têm padrões mais restritos para emissões de CO₂, ou para economia de combustível. “A adoção antecipada é vital para a construção de infraestrutura e interesse mais amplo do consumidor”.

De acordo com Nikolas Soulpoulos, chefe da equipe de Transporte Comercial da BNEF, os legisladores precisam tomar medidas urgentes no segmento de caminhões pesados, que está “fora da rota” da neutralidade de carbono. 

“Além de introduzir padrões mais restritos para emissões de CO₂, ou para economia de combustível para caminhões, pode ser necessário que os governos considerem a implementação de decretos para a descarbonização de frotas”, relatou.

“Fora isso, os governos devem considerar incentivos para impulsionar o frete em caminhões menores, que podem fazer a transição para eletricidade mais rapidamente do que os maiores”, acrescentou o analista. 

Implicações para investimentos

Outro ponto destacado pelo Electric Vehicle Outlook  é que para o setor de VEs representarem uma oportunidade de mercado global de US$ 46 trilhões até 2050 – sob o cenário de transição econômica a rede de recarga precisa chegar a mais de 309 milhões de carregadores em todos os locais até 2040.

Apenas os carregadores domésticos teriam que chegar a 270 milhões; os públicos, 24 milhões; carregadores em locais de trabalho, 12 milhões; e para ônibus e caminhões, 4 milhões. Para instalar todos estes, seriam necessários mais de US$ 58 bilhões de dólares em investimentos acumulados nas próximas duas décadas. 

A eletricidade utilizada para carregar carros elétricos na estrada adicionaria 9% à demanda global até 2040. Segundo estimativas da BNEF, a maior parte da demanda adicional por energia em todo o mundo nas próximas décadas será atendida pela construção de capacidade renovável.

Baterias de íon-lítio

O relatório da BNEF indicou ainda que a demanda por baterias de íon-lítio para VEs deve aumentar acentuadamente, de 269 GWh em 2021 para 2,6 TWh por ano, até 2030, e 4,5 TWh até 2035. 

Sob o cenário de transição econômica, a demanda pelos metais utilizados em baterias, tais como lítio, cobalto, níquel e manganês, também deve “explodir”. Contudo, será preciso mais investimentos, tanto em mineração quanto refino. 

Saiba mais: Preço da bateria de lítio deve cair 68% até 2050

Ademais, para a BloomberNEF, a reciclagem dos metais utilizados nas baterias é um fator fundamental para viabilizar projetos com armazenamento. Sem reciclagem, o estudo aponta que a demanda acumulada de lítio até 2050 excederá as reservas atualmente conhecidas. 

Imagem de Mateus Badra
Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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