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XP Investimentos: relatório aponta retomada no setor solar no 2º semestre

Pesquisa revela confiança de executivos brasileiros na recuperação da demanda para o mercado fotovoltaico

Autor: 20 de setembro de 2023Mercado
8 minutos de leitura
XP Investimentos: relatório aponta retomada no setor solar no 2º semestre

78% dos entrevistados expressaram alta ou média confiança na recuperação da demanda neste segundo semestre de 2023.. Foto: Divulgação

O setor de energia solar no Brasil tem enfrentado um ano desafiador. No entanto, um relatório da XP Investimentos, realizado a partir de entrevistas com 37 executivos do mercado fotovoltaico em todo o Brasil, revelou tendência positiva: 78% dos entrevistados expressaram alta ou média confiança na recuperação da demanda neste segundo semestre de 2023.

As entrevistas foram realizadas durante a XP Solar Week, evento realizado pela corretora e que contou com a presença da Ecori, Intelbras, Trina, WDC e WEG. Para acessar o relatório na íntegra clique aqui.

O relatório divulgado pela XP pontua que a antecipação significativa da demanda no quarto trimestre de 2022 levou a um aumento nas vendas antes da implementação da Lei 14.300, que mudou as regulamentações para energia solar no Brasil.

Evolução de módulos fotovoltaicos importados no Brasil. Fonte: Company e XP Research/Reprodução

Evolução de módulos fotovoltaicos importados no Brasil. Fonte: Company e XP Research/Reprodução

Além disso, a pesquisa mostra que as condições macroeconômicas atuais, incluindo altas taxas de juros e aprovações de crédito mais rigorosas, têm impactado os negócios.

Outro fator é o aumento do custo do financiamento dos projetos que levam clientes a reconsiderarem seus planos de investimentos, ao passo que muitos estão enfrentando rejeição ao solicitar linhas de crédito bancário.

Este último fator preocupa os executivos, principalmente para o segmento de painéis residenciais, pois aproximadamente 60% dos projetos eram financiados.

À XP, a Trina Solar pontuou que muitos fornecedores estavam oferecendo produtos de baixa qualidade com preços baixos, resultando em painéis solares ineficientes e aumento das taxas de inadimplência nos bancos, levando a uma diminuição das ofertas de crédito para o segmento solar.

Apesar de não mencionado no relatório, o preço da energia em patamares menores que em anos anteriores devido às boas condições hidrológicas, também contribuiu para um primeiro semestre menos aquecido.

Mas onde está então o otimismo?

Apesar desses desafios, a XP sugere que o pior pode ter ficado para trás e que a presença de empresas mais preparadas, como revendedores e importadores, pode favorecer a dinâmica competitiva no setor solar.

Ainda de acordo com o relatório, as empresas apontaram que após a normalização dos níveis de estoque, o cenário competitivo poderá se tornar menos agressivo, com os clientes potencialmente favorecendo a qualidade em vez dos preços

A XP destacou ainda que para os empresários do setor de energia fotovoltaica, as informações divulgadas neste relatório são cruciais para entender o cenário atual e futuro do mercado.

Além disso, ressaltou que a chave para o sucesso será a capacidade das empresas de se adaptar às mudanças regulatórias e macroeconômicas, gerenciar eficientemente os estoques e manter a confiança na recuperação do mercado.

A multinacional brasileira WEG, uma das principais empresas do setor de energia solar no Brasil, revelou algumas das estratégias utilizadas ao longo do desafiador ano de 2023. Segundo a XP, a companhia tem demonstrado resiliência em meio aos desafios do mercado fotovoltaico, mantendo um desempenho estável apesar da queda na demanda deste ano.

Em seu relatório, a XP conta que os clientes da WEG no setor solar eram, até recentemente, principalmente clientes C&I (Comercial e Industrial) no segmento de GD (geração distribuída). Esse posicionamento proporcionou à empresa alguma estabilidade nas vendas em meio à queda da demanda.

Olhando para o futuro, uma das diretrizes estratégicas da WEG parece ser expandir sua participação no segmento residencial. A empresa planeja aproveitar as potenciais sinergias com outros produtos, como o WEG Home.

No entanto, para atender ao segmento residencial, a WEG estruturou um canal de distribuição mais extenso. Harry Neto, Head  de Energia Solar Distribuída da WEG, destacou que os integradores WEG, por serem maiores, têm o foco prioritariamente no trifásico comercial, industrial e usina.

“Para ganhar espaço no mercado residencial de pequenos integradores, não exclusivos WEG, estamos abrindo alguns distribuidores exclusivos WEG, que dará acesso a todos os integradores, focado principalmente no aumento de market share no residencial”, informou.

“Essa oportunidade de ser distribuidor regional de monofásicos, está sendo prioritariamente para integradores WEG cinco estrelas que têm cultura da nossa empresa e tamanho para estocar produtos. Dessa forma a WEG se posiciona mais como fabricante e vai atender diretamente somente integradores exclusivos, os não exclusivos deverá comprar do distribuidor que venderá somente produtos WEG”, explicou Neto.

Em relação ao posicionamento do produto, a WEG deve continuar focando em um nicho mais premium, visando clientes que priorizam a qualidade sobre o preço. A empresa também comentou sobre alguns produtos lançados na Intersolar 2023.

Esses lançamentos incluem o microinversor SIW100G, o módulo fotovoltaico WPV de 550 W e com eficiência de 21,5%  e o SIW410G, destinado para aplicações comerciais e industriais e de geração centralizada. A WEG também apresentou seu portfólio de estruturas metálicas e o carport de fabricação própria.

Outra empresa que expressou confiança no setor solar, apesar dos desafios enfrentados no segundo semestre deste ano, é a Intelbras.

A XP relatou que a Intelbrás acredita que há uma melhor condição de compra após a queda no preço do polissilício e espera acelerar a rotatividade de estoque no segundo semestre do ano. Para a empresa, o quarto trimestre deve melhorar um pouco com o novo estoque mais barato.

O relatório indicou ainda que a Intelbras se posiciona como um nível de preço um pouco mais alto, mas com um canal de distribuição consolidado. Em relação à opção de fusões e aquisições no segmento solar, a empresa afirmou que não pretende adquirir nenhuma outra empresa no segmento, mas que acredita na consolidação natural do setor.

A empresa também é otimista em relação ao segmento de mini usinas, que eles acreditam ter espaço para crescimento e aumento da participação de mercado. A Intelbras continua a acreditar no potencial do segmento solar, mas entende que o mercado precisa se organizar para crescer de forma sustentável.

Na avaliação da XP, essas declarações da Intelbras reforçam a importância do setor de energia solar para o futuro da matriz energética brasileira e destacam o potencial de crescimento das mini usinas fotovoltaicas.

Estoques e preços de venda

Um ponto já considerado mas que merece destaque é o estoque das empresas do setor solar. Segundo a XP, as empresas de energia solar compraram seu estoque no ano passado por cerca de US$ 0,24 FOB (Free On Board) por painel de 500 W a 600 W, devido às incertezas em relação à alta demanda de 2022 e à potencial escassez de polissilício.

Já neste ano, após a lei 14.300 e restrições de crédito dos bancos brasileiros, o mesmo painel está custando a metade do preço, cerca de US$ 0,17 FOB, afetando diretamente a receita e os custos das empresas, com o preço de venda sendo reduzido em cerca de 30% no mercado brasileiro.

A WDC Networks informou à XP que para superar essa situação adotou a venda de projetos em 21 parcelas, diminuiu o custo de operações e investiu em novas soluções,  como locação de equipamentos.

Escassez de mão de obra é desafio relevante para o setor

O relatório da XP apontou um obstáculo significativo: a falta de mão de obra especializada. O desafio foi apontado à XP pela Trina Solar, que destacou que a escassez de mão de obra se torna ainda mais relevante quando há mais de 300 usinas solares em construção atualmente.

Para a fabricante, essa falta de profissionais qualificados é um obstáculo para o crescimento do setor. No entanto, a Trina Solar pontuou que representa uma oportunidade para aqueles que estão dispostos a investir em sua formação e atualização, já que profissionais bem preparados e atualizados têm uma vantagem competitiva significativa neste mercado em rápido crescimento.

Em suma, apesar dos desafios atuais, o mercado de energia fotovoltaica oferece inúmeras oportunidades. A chave para aproveitar essas oportunidades é investir em formação e atualização, garantindo assim um lugar neste setor em rápido crescimento.

Filipe Calmon

Filipe Calmon

Jornalista com vasta experiência nas editorias de política e economia. Graduado em Comunicação e Jornalismo pela Universidade Vila Velha. Pós graduação MBA Executivo, Gestão de Negócios pela Ibmec.

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