A Alemanha – um dos países europeus mais afetados pela crise energética causada pela invasão das tropas russas à Ucrânia – realizou o primeiro leilão global para importação de hidrogênio verde (H2V), com contratos de 10 anos e entrega do combustível prevista para 2024.
Ao todo, serão investidos € 900 milhões nesta primeira rodada de negociações. Novos certames já estão agendados e serão realizados pelo governo alemão ainda este ano, com investimento de mais de € 3,5 bilhões e entregas até 2036.
Outros países europeus devem seguir o mesmo passo. Com isso, abre-se um mercado bilionário de H2V, já que não havia até agora um grande comprador no mercado internacional.
Neste cenário, em razão de sua favorável capacidade para geração solar e eólica, o Brasil acaba se tornando um dos países com condições para despontar como um dos principais produtores e exportadores do combustível a baixo custo.
Um dos desafios, contudo, é encontrar uma forma de exportá-lo de maneira segura, uma vez que trata-se de um gás inflamável, cujo transporte ainda é caro.
Potencial brasileiro
Atualmente, o Brasil já conta com iniciativas no setor privado e em alguns estados para produção do hidrogênio verde. Os principais projetos estão localizados no Nordeste, onde há maior incidência de sol e maior proximidade com a Europa, o que facilita a fabricação e a exportação do combustível.
Alguns dos projetos mais conhecidos são: o do grupo português EDP, que produziu a primeira molécula de H2V no Brasil, no Porto de Pecém, no Ceará; e da Unigel, uma fabricante de fertilizantes nitrogenados, que investiu recursos na construção de uma fábrica de H2V no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia.
Outro caso que também tem ganhado destaque são os acordos realizados pelo Governo do Ceará para construção de um HUB de H2V no estado. A região, inclusive, foi a primeira a publicar uma resolução própria para licenciamento ambiental de usinas de hidrogênio verde do país.
Além delas, a petroleira Shell informou que planeja inaugurar uma planta de hidrogênio verde no Rio de Janeiro em 2025 e o governo de Goiás anunciou, em fevereiro, a criação de uma política própria para incentivar a produção do combustível e seu uso no transporte público e na produção de fertilizantes.
Já no Rio Grande do Sul, medidas de estímulo ao desenvolvimento do combustível começam a ser tomadas, uma vez que o estado contabiliza mais de 100 GW de energia eólica e solar mapeados. A expectativa é que até 2040, a produção de H2V agregue ao PIB do estado mais R$ 62 bilhões.
Hidrogênio verde
O hidrogênio verde é um combustível produzido a partir da eletrólise da água, utilizando fontes de energia renováveis.
Seu uso é considerado fundamental dentro do processo de transição energética, uma vez que pode ser utilizado na indústria para substituir combustíveis fósseis, como o gás, a gasolina, o diesel e o carvão.
Além de possuir um curso completo sobre hidrogênio verde (clique aqui para saber mais), o Canal Solar também já realizou um webinário gratuito sobre o tema. Confira abaixo e fique bem informado: