Aumento da conta de luz no século é quatro vezes maior que da inflação

Enquanto a inflação acumulada foi de 326% nos últimos 25 anos, a tarifa de energia elétrica subiu 1.299%
2 min 28 seg de leitura
Canal Solar - Aumento da conta de luz no século é quatro vezes maior que o da inflação
Foto: Canva

A elevação do custo da energia elétrica tem sido um dos principais vetores da inflação e da perda do poder de compra dos brasileiros neste século. É o que aponta um estudo encomendado pela Abrace Energia e divulgado nesta quinta-feira (3) pela Ex Ante Consultoria Econômica. 

O levantamento revela que nos últimos 25 anos, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou alta de 326%. No mesmo período, o custo da conta de luz saltou 1.299% — ou seja, quase quatro vezes mais do que a inflação oficial do país.

O resultado desse descompasso? Uma influência de até 90% sobre os preços de produtos essenciais — uma vez que ao elevar a tarifa de energia cobrada das empresas, o reflexo recai diretamente sobre os custos de produção dos setores da indústria, comércio e serviços.

O custo do pão francês, por exemplo, subiu 509% neste século, sendo 85% dessa elevação causada exclusivamente pelo encarecimento da tarifa de energia. Situação semelhante ocorre com o leite longa vida e o queijo, cujas altas de 86% e 92%, respectivamente, são explicadas pelo impacto direto do aumento do preço da energia elétrica. No setor de materiais de construção, o cimento acumula um aumento de 218% associado ao custo energético.

A pesquisa destaca ainda que o aumento de energia utilizada na produção também afeta o custo de produção das empresas de outras maneiras. “Isso ocorre porque as empresas também empregam energia de forma direta e indireta, criando reações em cadeia dos choques dos custos com energia. Por exemplo, o aumento da tarifa da energia elétrica eleva a conta de luz de uma cervejaria ao mesmo tempo em que encarece o preço das embalagens utilizadas na fabricação”, informa o estudo. 

Medida Provisória

A pesquisa divulgada pela Abrace Energia também analisa os efeitos da nova medida provisória do setor elétrico — a MP 1.300/2025. A entidade considera que a iniciativa traz benefícios importantes, como a proposta de melhorar a gestão de contratos no Mercado Livre de Energia. 

No entanto, alerta para o risco de transferir à indústria os custos com subsídios para consumidores de baixa renda. A Abrace entende que — embora socialmente justa — a isenção ou desconto na conta de luz da parcela mais pobre da população, se bancados pela indústria, podem gerar distorções econômicas. 

No entendimento da Abrace Energia, embora esse tipo de consumidor venha a pagar menos na sua conta de luz, o custo pode acabar sendo repassado para os preços de produtos básicos — numa espécie de efeito cascata e que acabaria anulando o ganho real.

Nesse sentido, a entidade defende que os subsídios sociais sejam financiados via orçamento público ou impostos federais, como PIS e Cofins, e não repassados diretamente às empresas, para evitar novos desequilíbrios na inflação.

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Foto de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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