Publicada no início de 2025, a NBR 17193 estabeleceu novos padrões de segurança para instalações fotovoltaicas no mercado brasileiro, incluindo a obrigatoriedade do AFCI (sistema de interrupção para falha de arco elétrico) e da FDR (função de desligamento rápido).
Com essas exigências, a norma busca garantir maior proteção para as equipes de combate a incêndios e manutenção, elevando o nível de responsabilidade técnica em todo o setor solar.
No entanto, para que essas medidas sejam realmente eficazes, é urgente que o mercado invista na capacitação dos profissionais. Sem preparo técnico adequado, os riscos de falhas na instalação e no manuseio dos equipamentos continuam altos, mesmo diante da evolução regulatória.
A qualificação não é apenas um diferencial competitivo: tornou-se uma necessidade imediata para acompanhar as exigências crescentes e garantir a conformidade dos projetos.
Impacto da NBR 17193
Para Jefferson Miranda, gerente comercial da BayWa r.e., a chegada da norma representa um marco positivo para o segmento. “Ela traz uma regulação importante, com foco prioritário na segurança – não só para os bens, mas principalmente para as pessoas, incluindo o Corpo de Bombeiros, que muitas vezes está na linha de frente em situações de incêndio”, destacou.
Segundo ele, ao incorporar práticas globais, a NBR 17193 equaliza o mercado de forma mais justa, beneficiando fabricantes que aliam proteção e eficiência. “A norma ajuda a trazer clareza e objetividade, pontos que até então estavam ausentes na regulação do setor”, acrescentou.
Contribuição da Enphase para segurança do setor
Conforme informou Thales Corrade, gerente de engenharia da Enphase Brasil, os circuitos do sistema fotovoltaico instalados em edificações devem incluir uma função de desligamento rápido para fazer com que todo o sistema opere em níveis seguros de tensão quando acionada.
“Isso se justifica pelo fato de que, mesmo quando um inversor string convencional é desligado, os módulos sob radiação solar estarão operando ao seu valor de tensão de circuito aberto e, por estarem somadas em uma string, representam um risco de choque elétrico para os bombeiros e para equipes de manutenção que estejam no telhado diante de uma situação de emergência ou eventuais atividades de O&M”, explicou.
Experiência da SolarEdge no desenvolvimento da norma
Com forte presença global, a SolarEdge contribuiu ativamente para o desenvolvimento da norma brasileira, trazendo aprendizados de países onde as exigências de segurança já são consolidadas, como Estados Unidos e nações da Europa.
“Na SolarEdge, sempre afirmamos que a segurança é um dos pilares da empresa”, ressaltou Maurício Ritter, gerente de Produto da marca. “Desde que começamos a vender nossos produtos no Brasil, todos os equipamentos já contavam com recursos de segurança integrados, como o SafeDC, que reduz a tensão para 1V em caso de queda de energia ou falha no sistema”.
Ritter lembrou que muitos dos requisitos da nova norma já faziam parte dos equipamentos da fabricante, o que facilita a adequação dos projetos à NBR 17193. “Existe um mito de que adicionar segurança encarece demais os sistemas. Na prática, mostramos que é possível entregar tecnologia avançada, segurança e competitividade ao mesmo tempo”.
A norma, embora já em vigor, ainda pode passar por adequações. Segundo o gerente, pontos como o processo de desligamento rápido e o distanciamento entre módulos são temas em aberto para futuras emendas, mas a versão atual permanece válida até novas atualizações.
BayWa r.e.: adequação gradual e suporte técnico no mercado
Na visão da BayWa r.e., a adequação do mercado à NBR 17193 será gradativa, impulsionada tanto por novas exigências técnicas quanto por demandas dos próprios consumidores e seguradoras.
“Estamos ajustando nossos estoques para trabalhar exclusivamente com produtos que atendam aos novos requisitos, como o desligamento rápido”, afirmou Miranda. Ele acredita que o peso dessas exigências começará a ser mais sentido no momento da contratação de seguros e na emissão do parecer de acesso por parte das concessionárias.
Além da oferta de produtos já adequados à norma, a BayWa aposta em suporte técnico e capacitação como grandes diferenciais. “Não trabalhamos apenas com equipamentos que fornecem esses recursos, mas também apoiamos os fabricantes na adaptação e promovemos treinamentos técnicos contínuos, mesmo para profissionais que ainda não fazem parte da nossa base de clientes”, reforçou.
Conforme Paulo Caldeira, engenheiro de suporte da BayWa r.e., a norma é um passo importante, mas sua eficácia depende da aplicação prática. “Normas só fazem sentido se forem aplicadas corretamente. Por isso, a fiscalização eficiente e a capacitação da mão de obra são essenciais para garantir que as regras saiam do papel”, alertou.
Caldeira destaca que, apesar da evolução, o mercado ainda convive com falhas graves de instalação, como o uso de multímetros de baixa qualidade, cabos subdimensionados e falta de testes de comissionamento. “Já vi transformadores pegando fogo por strings mal conectadas. É um risco real”, enfatizou.
Desafios e oportunidades para um mercado em transformação
Os especialistas concordam que o futuro do setor exigirá um novo patamar de profissionalização. Além da adequação à NBR 17193, Paulo Caldeira alerta para desafios iminentes, como a qualidade da energia em redes saturadas, a expansão dos sistemas de armazenamento e a rastreabilidade de componentes para combater roubos de cargas.
Ele recomenda estratégias personalizadas para cada elo da cadeia solar: instaladores devem buscar certificações atualizadas e equipamentos de medição profissional; integradores devem diversificar serviços e estruturar sua operação; distribuidores precisam manter suporte técnico robusto; e fabricantes devem antecipar exigências normativas e investir em inovação.
“Quem investir agora em tecnologia resiliente, capital humano e conformidade avançada não só vai sobreviver às mudanças — vai liderar o novo mercado de energia descentralizada”, concluiu Paulo Caldeira.
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