O apagão que afetou 25 estados e mais o Distrito Federal causou quedas de energia que provocaram transtornos aos brasileiros no transporte público, no lazer e no funcionamento de órgãos públicos em diversas cidades.
Diversos moradores, empresas e instituições (públicas e privadas) ficaram sem acesso à energia elétrica em razão de uma falha na rede de operação do SIN (Sistema Interligado Nacional), conforme informou o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
De acordo com profissionais ouvidos pelo Canal Solar, apesar do ocorrido ser algo atípico nos dias de hoje, já existem soluções para evitar com que apagões (até mais graves do que esse) ocorram.
A bateria de lítio, por exemplo, que foi recentemente homologada pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), é uma das alternativas que já está disponível e é mais segura do que o sistema atual em relação a esse tipo de problema, conforme explica Lucas Freitas, CEO da Genyx.
“Um dos grandes diferenciais do uso da bateria de lítio é que elas possuem maior capacidade de armazenamento, além de maior vida útil e garantias muito superiores às baterias chumbo. As aplicações de sistemas híbridos, quando o sistema tem a capacidade de injetar energia na rede e também armazená-la em baterias com o mesmo equipamento, permitem que residências e empresas fiquem imunes a situações de falta de energia como a que vimos hoje no apagão, pois eles garantem a disponibilidade de energia por meio de baterias e das placas de energia solar”, disse ele.
Por esse motivo, o executivo destaca que as empresas e as residências que possuem algum tipo de equipamento crítico, como geladeiras para resfriamento de alimentos, medicamentos ou mesmo maquinário empresarial como servidores ou linhas de produção, quando possuem esse tipo de tecnologia, conseguem manter suas operações e ter segurança no fornecimento de energia.
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Geraldo Silveira, engenheiro do Canal Solar também destaca a utilização dos sistemas solares híbridos como uma solução, sobretudo para consumidores de menor porte, que podem manter as luzes de uma casa acesas até mesmo em casos de queda de energia em toda a rede elétrica.
“A nível de residência, um consumidor que vive numa região afetada pelo apagão, se tiver instalado um sistema solar híbrido com baterias, não ficará sem energia elétrica. Isso acontece porque o consumidor teria como priorizar as cargas emergenciais na configuração do seu sistema”, disse ele.
“Esse consumidor poderia, por exemplo, continuar trabalhando no seu computador desde que sua tomada esteja conectada no circuito prioritário, que é alimentado pelo inversor híbrido, que irá retirar do sistema de armazenamento (bateria) a energia necessária para alimentar as suas cargas prioritárias”, complementou o profissional.
Inversores híbridos
O Canal Solar também conversou, nesta terça-feira (15), com Matheus Medeiros, engenheiro eletricista e especialista em produtos na Sungrow, para responder algumas dúvidas sobre inversores híbridos. Confira abaixo as perguntas feitas pela reportagem e as respostas dadas pelo profissional:
Qual é a capacidade de armazenamento dos inversores em caso de apagões?
Os inversores fotovoltaicos não possuem capacidade de armazenamento, porém eles possuem funcionalidades que auxiliam na estabilidade do sistema em caso de ocorrências. Para se ter uma capacidade de armazenamento, seria necessário sistemas de armazenamento por baterias, que podem ser um forte aliado da energia fotovoltaica.
Existe interferência no sistema fotovoltaico durante estas ocorrências?
Os inversores fotovoltaicos se mantêm conectados à rede durante os períodos de tempo definidos pelo ONS (Operador Nacional do Sistema) e possuem funções de suporte à rede a fim de contribuir na estabilidade do sistema. Dessa forma, os inversores fotovoltaicos atuam ativamente para evitar um efeito cascata que desconectaria diversas plantas.
De acordo com o Submódulo 2.10 dos Procedimentos de Rede do ONS, existem certos parâmetros que o inversor deve suportar, como em eventos de subtensão ou sobretensão ou no caso da injeção de potência reativa sob defeito (conforme ilustram as imagens abaixo).
Há algum cuidado preventivo com os equipamentos que pode ser feito para quando ocorrer essas situações?
Extrapolados os tempos determinados pelo ONS, os inversores se protegem automaticamente e se desconectam do sistema pela proteção chamada anti-ilhamento, garantindo assim a não injeção de corrente na rede elétrica.
Como se comporta a usina fotovoltaica na retomada do sistema?
Uma vez que o sistema recupera sua estabilidade, a usina fotovoltaica voltará a injetar corrente na rede elétrica respeitando uma rampa de carga que garante a operação harmoniosa do sistema.
7 respostas
Boa noite. Acho interessante compartilhar a minha experiência. Eu tenho um sistema híbrido, composto por 42 painéis de 550W divididos em 6 strings de 7 painéis cada. Cada par de strings (14 painéis) alimenta um inversor híbrido de 8kW (12kW de pico), são três inversores no total (cada um alimentando uma fase do meu sistema). Todo o sistema está conectado a seis bateriais de Litio de 5kW (30Kw de capacidade total) de back-up. Aqui em SP, o lugar onde eu moro ficou mais de 50 horas sem energia na semana passada, estávamos entrando na terceira noite quando a energia voltou e nós éramos a única cada (em centenas) com energia normal, realizando as atividades diárias normalmente. Para todos aqueles que podem investir em um sistema híbrido, seja qual for a capacidade, eu recomendo (muito).
Mas se temos o anti-ilhamento e o inversor se desconecta, como vai funcionar o sistema híbrido?
Isso não ficou muito claro na matéria.
O inversor hibrido, diferentemente do inversor on-grid, possui uma estrutura de conexão à rede diferente, sendo uma entrada exclusiva para a rede e outra para a carga. No caso de anti-ilhamento, a conexão da rede é perdida, porém a conexão da carga é alimentada pelo sistema fotovoltaico ou pela energia armazenada pelo banco de baterias (no caso à noite). Porém, esse tipo de inversor, embora tenha passado em testes do INMETRO, ainda não está homologado para ser colocado em residências, sendo empregado atualmente (23/08/2023) em sistemas off-grid (desconectados da rede).
Muito bom artigo, também estou envolvido em trabalhos relacionados a inversores fotovoltaicos, o autor pode entrar em contato comigo para escrever alguns artigos sobre Solis inversores ?
Só falta homologar esse tipo de inversor no Brasil. Há mais de 2 anos que ouço que esses inversores serão homologados e nada ainda. Infelizmente também entendo a questão de segurança para os funcionários das distribuidoras no caso de operação em redes (anti-ilhamento). O ideal seria regularizar imediatamente o grid-zero e as concessionárias verificarem firmemente cada instalação em que se optar por esse tipo de inversor, pois pode trabalhar independente da rede, uma vez que a carga não está em paralelo com o inversor em relação à rede, mas na saída do mesmo, separando carga de rede (grid), dessa forma garantindo o fornecimento à bateria da carga e não injetando corrente na rede. Mas isso demanda fiscalização intensa.
Tenho uma invenção de um gerador de energia e o propósito é atuar neste gargalo justamente no período noturno. Minha intenção é terminar a montagem do protótipo até o final desse ano ou n início do próximo. Gostaria de contar com o apoio de vocês. Desde já adianto que não posso revelar o que faz o movimento do rotor antes de conseguir a patente internacional. Neste projeto está eu e meu filho que vai administrar a patente internacional talvez por royalties.
O projeto teórico está pronto.
Boa noite
Os sistemas usando inversores híbridos já podem ser homologados? Existe normas da ANEEL q autorizem o uso desses inversores?