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Desafios da inversão de fluxo de energia na geração distribuída de energia solar

Muitas distribuidoras de energia têm interpretado erroneamente as diretrizes, resultando em práticas irregulares

Autor: 5 de outubro de 2023dezembro 21st, 2023Opinião
4 minutos de leitura
Desafios da inversão de fluxo de energia na geração distribuída de energia solar

Há cerca de 1 GW em projetos represados pelas concessionárias. Foto: Divulgação

Nos últimos anos, a geração distribuída de energia solar ganhou destaque como uma fonte limpa e sustentável, permitindo que residências e empresas produzam eletricidade a partir da luz solar.

No entanto, um desafio significativo tanto para os consumidores quanto para as operadoras de energia é a chamada “inversão de fluxo de energia”.

A inversão de fluxo ocorre quando a quantidade de energia elétrica produzida pelos sistemas de geração distribuída excede a demanda dos consumidores conectados à mesma rede de distribuição.

Esse excesso pode ocasionar problemas como sobrecarga, desequilíbrio de tensão e interrupções no fornecimento de energia elétrica.

Esse problema tem sido frequentemente utilizado pelas concessionárias de energia elétrica como argumento para suspender ou negar a implantação de projetos de energia solar em residências, pequenos comércios e indústrias.

O aumento nas suspensões e cancelamentos de projetos fotovoltaicos por parte das concessionárias de energia elétrica já resultou em um prejuízo estimado em mais de R$ 3 bilhões para o setor, de acordo com dados da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).

De acordo com um levantamento realizado com 715 empresas de instalação, há cerca de 1 GW em projetos represados pelas concessionárias, somando um total de 3,1 mil pedidos de conexão cancelados e suspensos nos últimos meses.

Para enfrentar esse desafio, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) estabeleceu regulamentações específicas, como a Resolução Normativa ANEEL nº 1.000/2021.

Conforme essa regulamentação, as operadoras de energia devem realizar estudos para identificar soluções viáveis para eliminar a inversão de fluxo. Essas soluções incluem a reconfiguração de circuitos, a definição de novos circuitos elétricos, conexões em níveis de tensão superiores e até mesmo a redução da potência injetada.

Os consumidores que desejam adotar a geração distribuída de energia solar desempenham um papel fundamental nesse processo. Eles devem aprovar o orçamento de conexão e, quando se trata de conexões que podem resultar em inversão de fluxo, devem escolher entre as alternativas apresentadas pelas distribuidoras.

No entanto, a implementação dessas regulamentações nem sempre é direta. Muitas distribuidoras de energia têm interpretado erroneamente as diretrizes, resultando em práticas irregulares.

Alguns dos desafios comuns incluem a não emissão de orçamentos de conexão com base na alegação de inviabilidade técnica, emissão de orçamentos inadequados e até mesmo a paralisação de conexões em curso, causando atrasos significativos para os consumidores.

Diante dessas práticas irregulares, é recomendável que os consumidores ajam de maneira proativa. Medidas administrativas perante a ANEEL ou ações judiciais podem ser necessárias para garantir que os direitos dos consumidores sejam respeitados e que as regulamentações sejam aplicadas corretamente pelas distribuidoras de energia elétrica.

A inversão de fluxo de energia é um desafio real na adoção da geração distribuída de energia solar, mas também é um desafio que pode ser superado com base nas regulamentações e diretrizes estabelecidas pela ANEEL.

Para mitigar esse problema, a instalação de inversores híbridos têm ganhado espaço, reduzindo as chances de reprovação em projetos de geração distribuída, uma vez que evitam a inversão de fluxo.

No entanto, apenas essa medida não é suficiente. É fundamental que os consumidores estejam cientes de seus direitos e estejam dispostos a tomar medidas quando necessário para garantir um ambiente justo e eficiente para a produção de energia solar.

A energia solar distribuída continua sendo uma parte vital da transição para um futuro mais sustentável e energeticamente eficiente.


As opiniões e informações apresentadas são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, a opinião do Canal Solar.

Bruno Catta Preta

Bruno Catta Preta

Bruno Catta Preta, diretor de relações institucionais da Genyx. Coordenador da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar) em Minas Gerais. Graduação em Administração de Empresas.

Um comentário

  • Excelente artigo, Bruno!
    “É fundamental que os consumidores estejam cientes de seus direitos e estejam dispostos a tomar medidas quando necessário para garantir um ambiente justo e eficiente para a produção de energia solar.”
    Conhecimento sempre é a melhor estratégia, a antecipação de movimentos também, na Europa está se falando muito em sistema off grid, talvez se no Brasil os consumidores dessem maior atenção (é certo que o valor das baterias ainda é salgado), mas quando as distribuidoras/concessionárias virem o caixa baixar, elas pensem em somar forças ao invés de usar a má fé impedindo o desenvolvimento sustentável, limpo e eficiente de acontecer no Brasil.

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