O chicote elétrico, um componente relativamente barato e que agrupa os cabos de um veículo, tornou-se um problema improvável na indústria automotiva, levando profissionais e empresas a acreditarem que isso poderá acelerar a derrocada dos carros a combustão.
Isso porque a oferta da peça foi atingida diretamente pela guerra na Ucrânia, onde estão abrigados uma parte significativa da produção mundial e que equipa milhares de veículos novos todos os anos.
A peça – composta por fios, plástico e borracha com trabalho manual de baixo custo – pode não ter a fama de outros componentes, como os motores e as baterias, mas sem ela os veículos não podem ser produzidos.
Neste sentido, a escassez de oferta do componente já tem acelerado os planos de algumas montadoras tradicionais em mudar a produção para uma nova geração de chicotes elétricos feitos por máquinas e projetados para veículos elétricos.
O presidente executivo da Nissan, Makoto Uchida, por exemplo, disse à Agência Reuters que interrupções na cadeia de suprimentos levaram a empresa a conversar com fornecedores sobre a mudança do modelo de chicote elétrico.
A Mercedes-Benz, por sua vez, informou que conseguiu chicotes do México para preencher uma breve lacuna de fornecimento e destacou que alguns fornecedores japoneses estão aumentando a capacidade no Marrocos, enquanto outros buscam novas linhas de produção em países como Tunísia, Polônia e Romênia.
Já a BMW informou que pensa na possibilidade de usar chicotes modulares, que exigem menos chips e menos cabos, o que economiza espaço e os tornaria mais leves.
Expansão dos VEs
Atualmente, os carros movidos a combustíveis fósseis ainda representam a maior parte das vendas de veículos novos globalmente.
As vendas de veículos elétricos dobraram para 4 milhões de unidades no ano passado, mas ainda representaram apenas 6% do total, de acordo com dados da JATO Dynamics.
De acordo com relatório da BloombergNEF, os veículos elétricos serão responsáveis por 10% das vendas de carros em 2025, com esse número aumentando para 28% em 2030 e 58% em 2040.
No Brasil, a venda de carros elétricos registrou aumento de 257% em 2021, com 2.860 veículos elétricos emplacados durante o ano – um resultado quase quatro vezes maior que as 801 unidades comercializadas em 2020, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).