Expansão da energia solar flutuante avança no reservatório Billings

Expansão inclui três novas unidades fotovoltaicas em diferentes locais do reservatório paulista
Canal Solar - Expansão da energia solar flutuante avança no reservatório Billings
Usina solar flutuante Araucária, na represa Billings. Foto: Marcelo Camargo/Governo do Estado de SP

A segunda fase do programa de instalação de usinas de energia solar flutuante da EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) deverá entrar em operação comercial entre o final de 2025 e início de 2026.

O início das obras depende apenas da liberação da licença pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). A nova etapa não vai focar na ampliação da primeira usina solar flutuante do Brasil – a usina Araucária, de 5 MW ac (7 MWp) de capacidade, em operação desde maio de 2024.

A opção agora é pela implantação de três novas unidades – cada uma com 2 MW ac totalizando 6 MW ac – em diferentes locais do reservatório Billings, todos a serem conectados a pontos da rede elétrica da distribuidora ENEL São Paulo, cujos pareceres de acesso já estão garantidos.

O investimento previsto para essas três unidades adicionais é calculado em R$ 30 milhões – um montante igual ao destinado a Araucária, que custou um pouco mais em relação à sua potência final devido a custos fixos que agora serão diluídos na expansão do parque.

Expansões

A implantação de Araucária ficou a cargo da Sunlution, empresa ligada à KWP Energia, uma das sócias da EMAE no parque. A usina conta com 10,5 mil painéis fotovoltaicos, de 665W ac cada, montados em flutuadores de tecnologia francesa.

Quando totalmente concluído, o complexo da Billings deve chegar a 130 MW ac de potência instalada, ao custo da ordem de R$600 milhões, segundo calcula Gustavo Nasser, diretor de Finanças, Estratégia e Relações Institucionais da EMAE.

A EMAE detém hoje 5% de participação no empreendimento como um todo, que é executado em parceria com a KWP Energia, atual proprietária da posição majoritária, de 95%, juntamente com a comercializadora Comerc Energia. A ideia, segundo Nasser, é fazer com que a EMAE escale essa presença até uma fatia de 49%, pelo menos. 

A produção de Araucária, enquadrada na modalidade GD (geração distribuída) por autoconsumo foi totalmente negociada em contratos de longo prazo com grandes empresas. O Banco Santander comprou 3 MW ac e a Raízen, do Grupo Cosan, adquiriu 2 MW ac, suprimento esse para atendimento da rede OXXO de lojas de conveniência.

Nasser não esconde seu otimismo pelas futuras perspectivas do projeto, cujos primeiros passos tiveram origem ainda na fase estatal da companhia. A performance de Araucária, destaca, é considerada bastante positiva, com fator de capacidade superior às estimativas iniciais. 

Já as perspectivas de expansão do parque, para além dos 130 MW ac previstos são as melhores possíveis, assinala. A configuração atual vai ocupar apenas cerca de 0,7% da área total do reservatório Billings, ativo da EMAE que alimenta a usina hidrelétrica Henry Borden, de  quase 900 MW instalados.

“Toda segurança elétrica para São Paulo, o maior centro de carga do Sudeste,  é muito bem vinda e estamos posicionados numa localização estratégica da região metropolitana”, justifica o diretor da EMAE.

1 GWp em negociação

Ediléu Cardoso, CEO da KWA Energia, afirma que o segmento de usinas de energia solar flutuante está aquecido no Brasil. A empresa pertence à holding KWApar, que controla também a Sunlution e a CTBM, licenciada exclusiva para o Brasil da francesa Ciel et Terre, detentora da tecnologia dos flutuadores usados em Araucária e que também vão ser empregados nas obras de expansão da EMAE.

Segundo o executivo, há em torno de 1 GWp sendo negociados no momento, envolvendo grandes players dos setores de geração de energia e saneamento. Essa expectativa de grandeza já existia antes mesmo de a consultoria PSR divulgar um recente relatório em que aponta que a instalação de usinas solares flutuantes em apenas 1% da superfície dos reservatórios hidrelétricos brasileiros poderia adicionar até 38 GW de capacidade à matriz nacional.

“O estudo da PSR contribuiu para intensificar as consultas, mas o interesse pela modalidade cresceu muito, por várias razões. Companhias hidrelétricas e de saneamento, por exemplo, não precisam pagar por concessões para instalar usinas solares flutuantes em seus reservatórios, aproveitando, portanto, a possibilidade de investir em uma segunda fonte de receita”, explica Cardoso. 

A proximidade de reservatórios junto a grandes centros de carga, aponta, é outro ponto chave. Metrópoles não possuem extensas áreas disponíveis para a instalação de usinas solares, o que faz das represas sites muito estratégicas.

Além disso, lembra Cardoso, instalados sobre o espelho d’água, as usinas solares flutuantes reduzem o índice de evaporação, têm rendimento ligeiramente melhor devido a temperaturas um pouco mais baixas e ainda são menos prejudicadas por poeira acumulada, problema comum em usinas instaladas em solo.

Outro ponto importante, de acordo com o executivo, é que a tecnologia evoluiu bastante. Os flutuadores atuais estão na 4ª geração. “Hoje há 30% menos plástico  para sustentar 40% mais capacidade em painéis, diluindo os custos”, explica.

Itaipu Binacional

A KWP Energia, por meio da Sunlution, também está presente nas obras de implantação de uma usina solar flutuante no lago da usina da Itaipu Binacional, juntamente com a empresa paraguaia Luxacril.

As obras já estão em andamento e o projeto prevê uma planta inicial de 1 MWp de capacidade. Serão instalados  1.568 módulos da JA Solar, de 705 Wp cada e 22,7% de eficiência. A área a ocupar é estimada em 7 a 10 mil metros quadrados, no lado paraguaio da usina.

O prazo para a execução do serviço é de 150 dias, segundo o contrato. Mais 180 dias serão adicionados a título de  assistência técnica, treinamento e aceitação final do projeto. A previsão de operação é março de 2026. A energia gerada vai atender à demanda dos escritórios da Itaipu.

Segundo estimativa da Sunlution, apenas 10% da lâmina d’água do reservatório já seriam suficientes para implantar uma usina solar com 14 mil MW de potência instalada, ou seja, uma nova Itaipu.

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Foto de Antonio Carlos Sil
Antonio Carlos Sil
Antonio Carlos Sil é jornalista formado pela FMU/FIAM. Atuou como repórter pela Brasil Energia, além de serviços prestados para Agência Estado, Exame e Canal Energia. Trabalhou em assessorias de comunicação da CPFL Energia, CESP e AES Tietê. Cobre setor elétrico desde 2000. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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