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Integradores de SP e RS programam manifestações contra reprovações por inversão de fluxo

Mobilização ocorrerá no dia 1º de novembro em frente às sedes da CPFL, em Campinas (SP), e na RGE em São Leopoldo (RS)
Integradores de SP e RS programam manifestações contra reprovações por inversão de fluxo
Sede da CPFL, local onde ocorrerá uma das manifestações. Foto: Divulgação/CPFL

Profissionais do mercado de energia solar estão se mobilizando para realizar manifestações nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul no dia 1º de novembro. O ato está programado para acontecer das 14h às 17h em dois locais: na sede da CPFL, em Campinas (SP), e na sede administrativa da RGE Rio Grande Energia, em São Leopoldo (RS). 

A ação, organizada pela Aliança Solar, união entre INEL (Instituto Nacional de Energia Limpa) e MSL (Movimento Solar Livre), visa protestar contra as crescentes reprovações de projetos de GD (geração distribuída) sob alegação de inversão de fluxo.

Segundo a Aliança Solar, o objetivo é chamar a atenção para as dificuldades que integradores e empresas do setor têm enfrentado devido às recusas dos projetos por parte das distribuidoras.

De acordo com a organização, a ação busca garantir que as concessionárias cumpram o que está previsto na lei e na regulamentação. “Essas empresas têm a responsabilidade, ao reprovar um projeto devido ao fluxo inverso de potência, de apresentar um relatório detalhado, conforme o Artigo 73 da Resolução 1000, que demonstra a localização exata do fluxo inverso”, afirmou a organização.

“No entanto, muitas concessionárias têm utilizado respostas padronizadas para reprovar projetos, sem o devido embasamento técnico. É importante ressaltar que as concessionárias não podem vetar um projeto, elas são obrigadas a apresentar alternativas para que o consumidor possa acessar a rede e injetar a energia no circuito elétrico público”, completou.

Impactos no mercado de geração distribuída

O Canal Solar recebeu diversos relatos de profissionais do setor sobre a situação. Segundo reclamações das empresas instaladoras, muitos projetos estão sendo reprovados por supostas condições de inversão de fluxo, dificultando a continuidade das instalações e prejudicando a expansão do mercado de energia solar.

Em entrevista à redação, Lauro Porcher, CEO da Solsul, relatou que, desde o início do ano, as concessionárias começaram a inviabilizar obras na rede, especialmente por questões de inversão de fluxo.

Ele contou ainda que a maioria das instalações atendidas pela empresa são do segmento da indústria, comércio e agro. “Com a ANEEL reduzindo o limite de corte para fluxo inverso para 7,5 kW, a situação se tornou alarmante: desde o início de outubro, mais de 80% dos projetos estão sendo reprovados”, disse Porcher.

“A preocupação é com nossos colaboradores, pois sem venda não existe receita e, sem recursos, teremos que demitir”, relatou.

O Canal Solar também recebeu um relato do engenheiro eletricista Guilherme Sperling Trapp. “Estamos tendo diversas reprovações da RGE. Principalmente, por inversão de fluxo. Nas reprovações, são apresentados estudos sem comprovação de dados, nem de quem é responsável técnico pelo estudo”, disse.

“Aparentemente, é um estudo padrão. Nestes estudos, são apresentadas opções para conexão, porém estas não são viáveis para execução do projeto do cliente, o que inviabiliza o acesso do cliente à GD”, complementou.

O engenheiro ainda citou que a instrução de não injetar energia durante os períodos de maior geração solar inviabiliza projetos de menor porte, como os de residências, agronegócios familiares e pequenas empresas.

O engenheiro também comentou que algumas reprovações estão ocorrendo sob a alegação de falta de informações. “Ao verificarmos, vemos que foram enviadas todas as informações sem erro algum. Aparenta ser uma forma de postergar os prazos estabelecidos pelas Resoluções Normativas”, relatou.

“Já tivemos que diminuir a equipe e estamos trabalhando incansavelmente com nossa equipe de Engenharia para argumentar e reverter essas reprovações. Do nosso ponto de vista, essas reprovações estão prejudicando o direito do consumidor de ter sua geração distribuída”, afirmou.

“Tememos que, se essa onda de reprovações continuar, afetará todo o setor de energia solar distribuída e, em especial, o direito dos consumidores a usufruir dos benefícios da geração solar de forma sustentável”, finalizou.

Transtornos e prejuízos para o setor

O impacto dessas reprovações tem gerado preocupações entre os profissionais do setor. Segundo o engenheiro eletricista Gessé Corrêa Júnior, da empresa Facility Soluções em Engenharia, a situação criou um grande mal-estar, especialmente porque os clientes finais são obrigados a lidar com custos adicionais e com a frustração de não poder operar o sistema como planejado.

“Isso tem afetado negativamente as vendas de energia solar. Dependemos da aprovação dos projetos para avançar com as instalações. Imagina concluir uma instalação e, em seguida, descobrir que o projeto foi reprovado por causa de uma inversão de fluxo. É um grande transtorno para todos os envolvidos”, afirmou.

Ele também ressaltou que a GD (geração distribuída), que é representada por milhões de pequenos geradores de energia instalados em telhados, estacionamentos e propriedades rurais, será essencial para evitar apagões no futuro.

Isso porque a energia é gerada nas áreas de consumo, garantindo maior segurança energética. “Uma residência que está gerando energia também fornece para os vizinhos, contribuindo para a estabilidade da rede“, acrescentou.

Segundo Renato Zimmermann, da Aliança Solar, a GD, representada por milhões de pequenos sistemas de geração de energia em telhados, estacionamentos e propriedades rurais, será fundamental para evitar apagões, especialmente no verão e durante eventos climáticos extremos. Esse modelo de geração de energia oferece novas soluções tecnológicas que ampliam a segurança da rede elétrica.

Além disso, Zimmermann alerta que, sem essas alternativas, a economia brasileira poderá sofrer prejuízos, uma vez que a energia elétrica é essencial para a maioria das atividades produtivas e para o crescimento econômico do país.

“Isso porque a energia é gerada dentro das áreas de consumo, garantindo, assim, uma maior segurança energética. Uma residência que está gerando energia também fornece para os vizinhos, contribuindo para a estabilidade da rede, que também precisará ser modernizada”, afirma Zimmermann.

Os organizadores estão contando com a participação de manifestantes de várias cidades e regiões, na sua maioria de micro e pequenos empresários que lutam para se manterem atuantes neste setor que vem se destacando pela geração de empregos e novas oportunidades tecnológicas.

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Yvana Leitão
Produtora do Podcast Papo Solar. Possui experiência produção e elaboração de matérias jornalísticas. Graduanda em jornalismo pela Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação de Campinas.

6 respostas

  1. Temos que criar o dia do apagão fotovoltaico.
    Convidar todos os donos de sistema fotovoltaico a desligar seu sistema neste dia, quero ver como o Operador nacional do sistema vai contornar a situação, vai ser um apagão geral..
    O sistema fotovoltaico no Brasil é que está equilibrando o déficit de energia do país.

  2. Preocupante isso. Eu trabalho com projeto em Geração distribuída de créditos de energia solar e projeto de instalação de usinas sem precisar de financiamento. Gd com desconto de 8% a 20% podendo chegar até 90% em economia para nosso cliente residencial e empresarial. Busco parceiros para expansão do projeto. Interessados chamar diretamente no watts 51984863327.

  3. Entenda-se por “eventos climáticos” a escassez hídrica que diminui a geração de energia elétrica por meio desta fonte e neste sentido, qualquer quilowatt gerado a partir outra fonte limpa é bem vindo e providencial.
    Quanto à inversão de fluxo, cada setor da distribuição deve ser analisado separadamente pois as condições não são iguais para todos os setores.

  4. A distribuidora deve apresentar o estudo conforme manda o manual de instruções do artigo 73, regulamentado via despacho da ANEEL e FIM. Mas as empresas do setor solar não estão se preocupando com o sistema de distribuição, apenas querem vender, muitas vezes instalam de qualquer jeito, dando prejuízo ao cliente. Agora falar que a solar vai ajudar a rede elétrica em eventos climáticos extremos é rir na cara da população que não sabe do assunto. Energia solar é para abater a conta pessoal do consumidor, e é isso que está na lei. As empresas do setor solar usam discursos velados para disfarçar seus interesses pessoais: grana à qualquer custo, burlar o sistema de compensação e ganhar cada vez mais subsídios.

  5. é o lob das concessionária de energia elétrica falando mais alto.pois a anel, é um.orgao pago pelos contribuintes mas com objetivo explícito de favorecer sempre as grandes distribuidoras.basta ver aonde estão empregados os seus antigos dirigentes.

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