Os aportes em energia solar devem superar pela primeira vez, em 2023, os valores gastos com a extração de petróleo, destaca a IEA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês), em seu novo relatório global sobre investimentos, divulgado nesta quinta-feira (25).
A estimativa da entidade aponta que cerca de US$ 2,8 trilhões devem ser investidos em energia em todo mundo neste ano, dos quais US$ 1,7 trilhão devem ser destinados às tecnologias limpas. O restante, aproximadamente US$ 1 trilhão, vai para carvão, gás e petróleo.
As energias neutras em carbono incluem as renováveis (eólica, solar e afins), assim como a nuclear, bombas de calor e baterias de carros elétricos. Os investimentos no conjunto destas atividades devem registrar um aumento de 24% no período 2021-2023.
Em contrapartida, os valores destinados aos hidrocarbonetos e ao carvão continuam avançando a um ritmo de 15% por ano. “A energia limpa está se movendo rapidamente e mais rápido do que muitas pessoas imaginam. Isso fica claro nas tendências de investimento, onde as tecnologias limpas estão se afastando dos combustíveis fósseis”, disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol.
Segundo ele, para cada dólar investido em combustíveis fósseis, cerca de 1,7 dólar está indo para energia limpa. “Cinco anos atrás, essa proporção era de um para um. Um exemplo brilhante é o investimento em energia solar, que deve ultrapassar pela primeira vez a quantidade de investimento na produção de petróleo”, destacou o executivo.
Ao todo, a energia solar deverá receber mais de um bilhão de dólares por dia em investimentos, o que representa US$ 380 bilhões em 2023 – um valor acima dos US$ 370 bilhões previstos para exploração e extração de petróleo, destaca o relatório da AIE.
Neutralidade de carbono
Apesar do crescimento acelerado das energias limpas em todo mundo, os investimentos em combustíveis fósseis seguem acima dos níveis necessários para que o planeta consiga atingir a neutralidade de carbono até 2050, a principal meta do Acordo de Paris.
“A demanda global por carvão atingiu um recorde histórico em 2022 e o investimento neste ano está a caminho de atingir quase seis vezes os níveis previstos em 2030 no cenário Net Zero”, destaca a Agência.
Ainda segundo a IEA, as maiores deficiências no investimento em energia limpa estão nas economias emergentes e em desenvolvimento, que ainda se utilizam muito das fontes poluentes.
“Existem alguns pontos positivos, como investimentos dinâmicos em energia solar na Índia e em renováveis no Brasil e em partes do Oriente Médio. No entanto, o investimento está sendo retido por fatores, como taxas de juros mais altas, estruturas políticas e projetos de mercado pouco claros, infraestrutura de rede fraca, serviços públicos com problemas financeiros e alto custo de capital”.