O diretor de vendas da BYD, fabricante de módulos e baterias do setor solar, Marcelo Taborda, foi o convidado para o bate-papo desta semana no Papo Solar, podcast apresentado pela jornalista Ericka Araujo.
Destacando a inovação do mercado em armazenamento solar e principalmente como a fabricante se encontra neste meio, Taborda ainda pontuou sobre diversas histórias que impactaram sua carreira neste meio e a importância de linhas financeiras no país que fomentem este nicho de mercado.
Marcelo, nos conte como foi a sua entrada no mercado solar e a atual posição da empresa?
Minha entrada neste mercado foi em 2017 na reinauguração da fábrica da BYD, vim da indústria de eletrônicos há quase 20 anos trabalhando na área, e trouxe muito do que aprendi em outras empresas para a BYD.
Aquele ano foi o início de tudo para a BYD no Brasil, atuando com usinas centralizadas, todos ali estavam aprendendo e disseminando conhecimento juntos.
O que para mim, o solar agregou muito mais, me trouxe um desafio de algo novo e dinamismo, me fez reviver pro mercado em termos de conhecimento, a indústria eletrônica é mais madura e segmentada, já o solar no Brasil estava engatinhando na época, e todos entraram com muita vontade de aprender.
Hoje basicamente a BYD trás a energia sustentável como solução e não um produto isolado.
A BYD não é somente uma empresa de módulos e baterias, é uma empresa de soluções. Hoje somos a companhia do mercado que leva uma solução integrada com painéis, baterias e mobilidade elétrica.
A BYD é uma empresa também segmentada em armazenamento de energia, qual o potencial do ponto de vista da fabricante no Brasil? Quais são as movimentações que têm sido realizadas?
Esse mercado de armazenamento é muito importante para a BYD, estamos chegando a em média 100 GW/h de produção, a frente das baterias, boa parte é em relação na produção de energia, a tecnologia de baterias de lítio é a mais eficiente e segura do mundo, no Brasil estamos fazendo isso desde 2018, e fomos eleitos pela Alemanha como o mais maduro nesse sentido.
E temos diversos sistemas, desde sistemas de off grids com ilhas, até sistemas híbridos para fazer uma ponta e backup, e consideramos o sistema de armazenamento o pilar da eficiência energética, tem a solar e a eólica, mas são fontes intermitentes onde que você irá precisar de uma bateria para estabilização, armazenando durante o dia com uso à noite.
Como a BYD está presente para o agronegócio, se tratando de um setor que cada vez mais está transitando para o solar, em função de cobrir as demandas e aumentar ainda mais a expansão no Brasil.
O mercado Agro é essencial para a BYD, ele demanda em todos nossas soluções, o mercado olha diferente para empresas nacionais por confiança e garantia.
Em contrapartida a BYD vê no agro uma forte tendência de crescimento, atualmente o agro utiliza muito do gerador a diesel. Não podemos colocar o diesel como algo criminoso, já existem opções seguras, sustentáveis e suficientes, podendo ser utilizado agora como o backup do backup, não precisa jogar fora o gerador mas usa a bateria de lítio também, o lítio chegou para viabilizar os projetos híbridos de offgrid, antes você tinha baterias que produzem gases tóxicos com vida útil de 4 anos, as de lítio já trazem uma vida útil maior e uma segurança igualmente proporcional ao usuário e meio ambiente, e isso se torna algo procurado pelo mercado agr.
O site da BYD é aberto a linhas de financiamento, e que foi citado aqui também, quais são em parceria?
Desde de 2017 a BYD entendeu que era o recurso do BNDES, principalmente o plano safra e o Finame, são muito importantes para o mercado agro, porque proporciona ao cliente final uma linha específica de financiamento visando potencializar e até desenvolver priorizando os fabricantes nacionais.
Essa linha do plano safra fomenta muito o mercado de solar também, tem até 3 anos para começar a pagar, com uma linha de financiamento com taxas baixas comparadas ao mercado.
Ouvimos bastante isso “eu começo a ganhar dinheiro muito antes de começar a pagar” a conta fecha muito mais fácil para esses clientes que estão envolvidos no solar, e com taxas baixas comparadas ao mercado e incentivos, é bom pra todo mundo.
Por sermos uma fabricante nacional é fundamental estarmos ligados nessas questões e poder explorar ao máximo facilitando o acesso ao cliente final, tornando o plano safra fundamental.
A empresa passou por um processo de reestruturação comercial aqui no Brasil, queria que você comentasse como foi para a BYD este momento.
Para a gente entender melhor os motivos que levaram temos que voltar um pouco no momento que iniciamos neste mercado.
Inicialmente começamos com usinas centralizadas que tem uma pegada totalmente diferente de GD (geração distribuída), que é um mercado mais dinâmico, pujante, as coisas mudam muito rápido, e lá em 2017 começamos a olhar para este segmento. Já existia no mercado grandes players e principalmente grandes distribuidores que já comercializavam acima de 40 MG mês, então começamos a mostrar para o diretor de mercado, Nelson, o que era GD.
Apresentando o mercado pra ele, fizemos uma venda de no final daquele mesmo ano de módulo double glass para um grande distribuidor do mercado na época, mas quando os lotes foram chegando para os integradores tivemos uma divergência, por se tratar de um produto diferente, feito para grandes indústrias muitos não sabiam como instalar, e na época eu era diretor da engenharia de produtos comecei uma análise a respeito e fomos visitar todos os integradores do Brasil ensinando a montar. E com isso fomos crescendo dentro deste mercado, firmando parceria com grande distribuidor que foi ficando mais intensa, ganhando notoriedade, capilaridade e em seguida lançamos o modelo simple glass em 2018.
Crescendo no mercado algo começou a incomodar a gente que era o fato de apenas vendermos módulos e somos uma empresa de solução e não de produtos isolados, começamos a procurar atacar na solução. Ainda naquela época vendíamos muitos módulos importados e os produtos nacionais com o apoio do BNDS eram períodos sazonais, então nos meses de janeiro até maio a venda era fraca e o segundo semestre já era muito forte, por se tratar de uma fábrica, ela precisa de uma constância de produção, pensando em contornar a situação em 2020 ano de pandemia, instalamos um segundo turno de produção e infelizmente por talvez falta de estratégia, estávamos fabricando muito além do que poderíamos vender pelo potencial do mercado também, e chegamos na mudança comercial, colocamos uma idéia e fomos atrás do desafio de desenvolver novas parcerias em 2020.
Apresentamos os módulos e felizmente conseguimos manter o segundo turno ativo pelo ano de 2021 e agora em 2022 iniciamos o terceiro turno de produção na fábrica.
Voltando sobre armazenamento, como a BYD está presente nestes projetos e você como profissional da área vê o potencial no mercado?
O mercado de armazenamento hoje vive o que o mercado solar viveu lá traz, uma tecnologia que não é tão conhecida pelo mercado, e para alguns projetos a conta ainda não fecha, mas para a maioria fecha sim.
Então quando falamos em bateria e armazenamento muita gente já associa com aquela coisa isolada no off-grid , e esquecemos de dizer que, quando falamos em sistema de armazenamento você abre o leque de aplicações, saindo somente do off-grid e passa a trabalhar com eficiência energética. Todos os tipos de comércio e indústrias, até usinas renováveis cabem o sistema de armazenamento, ele é capaz de levar a eficiência, os ganhos significativos em termos de estabilidade, aproveitamento de energia gerada.
Já existem sistemas de armazenamentos que trabalham em conjunto de usinas solares, junto com os inversores eliminando a redundância, aproveitando aquela potência pico e armazenando sem perder nada.
O grande engano de quem usa energia solar é achar que se cair a energia da rede, ele vai continuar tendo energia, e não é o caso porque o sistema ele é conectado a rede elétrica, o usuário ainda depende da rede, para se tornar diferente tem que entrar com um dos pilares da eficiência energética que é o armazenamento.
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