Novas tecnologias como pilares para a nova era da transição energética

Inovações aumentam a eficiência dos equipamentos, reduzem custos e permitem a integração das energias renováveis
Novas tecnologias como pilares para a nova era da transição energética
Foto: Freepik

Com a crescente demanda por energia renovável e barata, os desafios impostos pela política global trouxeram à tona o tema das novas tecnologias na nova era da transição energética, ora almejada por todos os líderes – o que se tornou uma prioridade para todos os países. 

Os temas open energy, segurança energética e inteligência artificial nunca foram tão importantes como agora neste momento atual de inserção das novas tecnologias na matriz energética global.  

A transição energética está remodelando a geopolítica global, criando novos pólos de poder e permitindo que países ricos em recursos naturais, como o Brasil, fortaleçam sua autossuficiência energética.

Podemos listar que os principais impactos geopolíticos da transição energética, como a redução da dependência de combustíveis fósseis, têm feito com que os países que antes dependiam de importação de petróleo e gás, possam se tornar mais independentes com as energias renováveis (solar, eólica, biomassa, hidrogênio verde). 

Por exemplo, a União Europeia busca reduzir sua dependência de gás natural russo com investimentos massivos em renováveis.

Assim, o movimento de ascensão de novos líderes energéticos, como exemplo o Brasil – que pode se tornar um grande exportador de hidrogênio verde e consolidar sua liderança em bioenergia e em energias renováveis – é o principal pilar para a transição energética assertiva e planejada há anos pelo Brasil.

Ao contrário, países tradicionalmente dependentes da exportação de petróleo (como Arábia Saudita e Rússia) precisarão diversificar suas economias para manter a sua relevância energética e reconfigurar os seus mercados de energia renovável.

Ao mesmo tempo, nações com capacidade de produção sustentável de energia podem se tornar grandes hubs de exportação de eletricidade, combustíveis sintéticos e mais tecnologia limpa, acessível e renovável.

O Brasil, por exemplo, com sua matriz elétrica majoritariamente renovável (hidrelétrica, solar, eólica e biomassa), tem maior resiliência frente às oscilações do mercado global de petróleo e gás, bem como está bem posicionado na transição energética, devido a fatores essenciais, tais como:

  • Matriz energética brasileira é bastante limpa, e cerca de 80% da eletricidade brasileira vem de fontes renováveis de energia;
  • Há um enorme potencial para exportação de hidrogênio verde – com aproveitando da energia solar e da fonte eólica – ambas competitivas frente às demais alternativas;
  • O Brasil ocupa hoje uma liderança importantíssima em biocombustíveis como o etanol e o biodiesel, o que poderá substituir combustíveis fósseis no setor de transporte;
  • Há grandes reservas estratégicas de minerais críticos: como lítio e níquel, essenciais para as baterias e o processo de eletrificação.

A nova era da transição energética envolve também a disponibilização de dados energéticos e pessoais (de maneira acessível e padronizada), com o objetivo de incentivar a colaboração entre governos, empresas, startups e pesquisadores. 

Os dados abertos ajudam a identificar as tendências, otimizar os sistemas energéticos e desenvolver as novas tecnologias, reduzindo custos e acelerando a transição para fontes limpas.

Ao mesmo tempo, a transição energética é um processo fundamental para a redução das emissões de carbono e para a promoção da sustentabilidade no setor das novas tecnologias, uma vez que ela envolve a substituição das fontes fósseis, (como o petróleo e o carvão), por fontes renováveis de energia: como a solar, a eólica, o hidrogênio verde e a biomassa. 

Esse movimento não se trata apenas de uma mudança na matriz energética, mas também de um redesenho estrutural da economia e dos mercados de energia mundiais.

As novas tecnologias são fundamentais para viabilizar essa transição, pois aumentam a eficiência dos equipamentos, reduzem custos e permitem a integração das energias renováveis. Algumas das inovações mais relevantes incluem:

Armazenamento de Energia:

  • Baterias de íons de lítio de alta capacidade;
  • Baterias de estado sólido;
  • Hidrogênio verde como vetor energético.

Digitalização e Inteligência Artificial

  • Redes elétricas inteligentes (smart grids);
  • Otimização da geração e distribuição de energia por IA;
  • Medidores inteligentes para deficiência no consumo.

Geração Distribuída e Autoconsumo

  • Painéis solares mais eficientes e de menor custo;
  • Micro e minigeração distribuída para consumidores residenciais e empresariais;
  • Modelos de peer-to-peer para comercialização de energia entre consumidores.

Hidrogênio Verde e Combustíveis Sustentáveis

  • Produção de hidrogênio via eletrólise com energia renovável;
  • Biocombustíveis avançados e SAF (Sustainable Aviation Fuel) para aviação.

Captura e Armazenamento de Carbono (CCUS)

  • Tecnologias para captura de CO2‚ em processos industriais;
  • Reaproveitamento do carbono para produção de combustíveis sintéticos.

Os equipamentos de conversão e armazenamento de energia como, por exemplo, os novos inversores, são essenciais para converter a energia de corrente contínua (CC) gerada pelos painéis solares ou outras fontes de GD em corrente alternada (CA), compatível com a rede elétrica, acoplados aos novos controladores de carga que regula a carga e a descarga de sistemas de armazenamento de energia, protegendo as baterias contra sobrecarga e prolongando a sua vida útil.

Já os sistemas de armazenamento de energia, como as baterias de lítio e outras tecnologias de armazenamento, permitirão que a energia gerada seja armazenada para uso futuro, aumentando a autonomia e confiabilidade dos sistemas.

A integração com a rede elétrica por meio das novas tecnologias será realizada por medidores inteligentes, por exemplo, que irão monitorar o fluxo de energia entre a geração daquela conexão e a rede, permitindo um maior controle e uma tarifação dinâmica, além de monitorar em tempo real o consumo e a produção.

Mas, apesar de todo avanço tecnológico, a transição energética enfrenta desafios que deverão ser superados, tais como: projetos de infraestrutura, novos investimentos e a adaptação da rede elétrica para suportar as fontes intermitentes, além da construção de uma arcabouço regulatório avançado às novas tecnologias juntamente com a implementação de políticas públicas que tenham como base principalmente os incentivos na inovação, na descarbonização e na segurança energética – com a finalidade de garantir um fornecimento de energia estável em momentos de baixa geração das renováveis.

Assim, a interseção entre a transição energética e as novas tecnologias irá definir o futuro mundial da energia renovável, impulsionado por um modelo mais sustentável, eficiente e acessível a todos os consumidores. 

No entanto, as empresas e o governo (federal, estadual e municipal) além de promover um ambiente propício para o crescimento econômico da inserção de novas tecnologias na transição energética, deverá investir nessas inovações com foco em atração de emprego, renda e um papel pioneiro na liderança do setor energético. 

A diversificação das fontes de energia, a integração das fontes renováveis e a modernização da infraestrutura são essenciais para reduzir as diversas vulnerabilidades que irão surgir e assegurar o fornecimento ininterrupto e inteligente da energia – de maneira séria e assertiva – pois já é tempo do Brasil se despontar como grande líder mundial na nova era das energias renováveis!

As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.

Foto de Marina Meyer Falcão
Marina Meyer Falcão
Presidente da Comissão de Direito de Energia da OAB /MG. Professora da PUC em Pós Graduação de Energia Solar. Secretária de Assuntos Regulatórios e Diretora Jurídica no INEL. Advogada especialista em Direito de Energia. Diretora Jurídica da Energy Global Solution. Co-Autora de três livros em Direito de Energia. Membro da Câmara de Energia, Petróleo e Gás da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. Ex-superintendente de Políticas Energéticas do Estado de Minas Gerais.

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