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PPAs corporativos de energia renovável somam 36,7 GW no mundo, diz BNEF

Relatório destaca 167 empresas, como Amazon, Ford, MCDonald’s e Google, que anunciaram contratos em 36 mercados

Autor: 10 de fevereiro de 2023Indicadores
6 minutos de leitura
PPAs corporativos de energia renovável somam 36,7 GW no mundo, diz BNEF

Empresas estão se comprometendo em assinar contratos de compra e venda de energia limpa. Foto: Freepik

Em um cenário de crise energética mundial, gargalos da cadeia de fornecimento e altas taxas de juros, empresas privadas e instituições públicas assinaram contratos para garantir 36,7 GW de potência de energia renovável para alimentar suas operações em 2022, um aumento de 18% em relação a 2021.

O relatório 1H 2023 Corporate Energy Market Outlook, da BNEF (BloombergNEF), destacou 167 empresas — entre elas, Amazon, Ford e McDonald’s — que anunciaram PPAs (contratos de compra e venda de energia) em 36 mercados mundiais. No total, assinaram PPAs para 148 GW desde 2008 — mais do que a capacidade total de geração de energia da França.

“A compra de energia limpa pelas empresas tem sido uma constante inabalável, mesmo quando outros aspectos de investimento em ESG estão sob escrutínio”, disse Kyle Harrison, head de pesquisa de sustentabilidade da BloombergNEF.

“As companhias podem acessar energia limpa em grande escala na maior parte dos grandes países. A economia faz sentido e, em meio à turbulência nos mercados de energia, os PPAs se tornaram ferramentas úteis de mitigação de riscos para CFOs”, completou.

Volumes mundiais de PPAs corporativos, por região. Fonte: BNEF

Volumes mundiais de PPAs corporativos, por região. Fonte: BNEF

PPAs aumentaram 18% nas Américas

Segundo a pesquisa, as atividades foram aceleradas em duas das três principais regiões. Os contratos assinados (medidos em GW) nas Américas totalizaram o recorde de 24,1 GW, alta de 18% em relação ao ano anterior, com crescimento nos Estados Unidos e na América Latina.

Nos EUA, as empresas adotaram o modelo de PPA virtual sob o qual um projeto de energia limpa é vendido diretamente no mercado atacadista para obter o preço spot, em vez de literalmente entregar seus elétrons direto ao cliente.

“Esses contratos são relativamente fáceis de serem assinados pelos compradores e permitem uma cobertura contra os aumentos de preços de eletricidade. As mineradoras que buscam energia limpa para alimentar suas operações em áreas remotas do Chile e do Brasil impulsionaram a atividade de PPAs na América Latina”, relatou o estudo.

“A piora na economia da região pode tornar isso um caso isolado. Liderados por mineradoras como Codelco (978 MW), Teck Resources (580 MW) e Usiminas (381 MW), um recorde de 3,3 GW de PPAs foram assinados por corporações – principalmente no Chile (1,7 GW) e no Brasil (1,5 GW)”, exemplificam.

“Essas empresas foram habilitadas por políticas como a abertura do mercado livre do Brasil a todos os clientes de alta tensão, permitindo-lhes assinar PPAs bilaterais”, acrescentou a BNEF.

Além disso, enfatizam que a energia solar comercial e industrial no Brasil também alcançou um novo recorde de 2,5 GW em 2022, possibilitado por uma extensão da política de medição líquida do país.

“No entanto, espera-se que moedas fracas e inflação elevada em toda a região continuem até 2023 e possam alimentar a hesitação das empresas, fazendo com que a aquisição corporativa de energia limpa em todos os mecanismos caia”, explicaram.

Na visão da consultoria, a recessão econômica em toda a região em 2022 quase certamente pode prejudicar a demanda das empresas. O crescimento no Chile, especificamente, pode ser atribuído a uma nova adição saudável de projetos solares e eólicos nos últimos anos.

Ásia-Pacífico, Europa, Oriente Médio e África

Na região Ásia-Pacífico, a atividade de PPAs corporativos mais do que dobrou para 4,6 GW, liderada pela Índia e pela Austrália. Agora, o modelo PPA está amplamente disponível nos principais mercados da região do Japão, China e Coreia do Sul — o que não era o caso até um ano atrás.

A BNEF espera que as atividades em toda a região APAC continue a crescer significativamente, à medida que mais e mais empresas estabeleçam metas de energia 100% renovável.

Em 2022, na região da Europa, Oriente Médio e África (EMEA), a atividade caiu para 8,1 GW, queda de 7% em relação ao ano anterior, principalmente devido à crise energética da região.

Alguns desenvolvedores pediram que os PPAs mais ricos refletissem o aumento dos preços gerais de energia na Europa. Outros dispensaram completamente os PPAs e venderam diretamente nos mercados atacadistas.

No entanto, afirmaram que a atividade de PPA na região EMEA pode se recuperar em 2023 em razão da baixa nos preços do gás natural e das reformas no mercado de energia elétrica propostas pela Comissão Europeia.

Amazon lidera ranking entre empresas

Entre as empresas que assinaram acordos de energia limpa, a Amazon ficou em primeiro lugar com 10,9 GW de PPAs assinados em 2022, seguida pela Meta (2,6 GW), Google (1,6 GW) e Microsoft (1,3 GW), ilustrando o domínio contínuo das grandes companhias de tecnologia no mercado.

No total, a Amazon anunciou 24,8 GW de contratos de compra e venda de energia até o momento, dando-lhe o sétimo maior portfólio de eletricidade limpa do mundo, incluindo serviços públicos.

“As empresas de tecnologia, em particular, precisarão continuar a comprar energia renovável para atender sua demanda de eletricidade em rápido crescimento”, apontaram.

Principais empresas compradoras de energia limpa em 2022. Fonte: BNEF

Principais empresas compradoras de energia limpa em 2022. Fonte: BNEF

De acordo com a BloombergNEF, as empresas que assinaram contratos para receber energia limpa em 2022 fizeram parcerias com pelo menos 135 desenvolvedores de projetos de energia elétrica diferentes.

A AES Corporation encabeçou a lista de vendedores em 2022 com 2,8 GW de novos PPAs assinados este ano, seguida pela Engie (1,6 GW) e Acciona (1,1 GW). Todas essas companhias ofereceram contratos personalizados para atender aos perfis de demanda de capacidade energética dos clientes.

A lista de empresas comprometidas em alimentar suas operações com energia limpa continua a crescer. Em 2022, por exemplo, 56 novas companhias aderiram à iniciativa global RE100, prometendo atingir 100% do consumo de energia limpa em uma data futura.

Em suma, os 397 membros da RE100 adquiriram um total estimado de 249 TWh de energia limpa até o momento, mas precisarão de mais 290 TWh até 2030 para cumprir suas metas, segundo as projeções da BNEF.

Para empresas como a Google e a Microsoft, que se comprometeram a atender suas necessidades de eletricidade com energia livre de carbono, a demanda será ainda maior.

“Estamos vendo uma evolução nas compras corporativas de energia, com empresas caminhando em direção a metas de energia livre de carbono por hora e outras assinando contratos de energia limpa por razões de confiabilidade”, disse Harrison.

“Os desenvolvedores que podem fornecer serviços ininterruptos de balanço de energia e frequência (firming and balancing) têm acesso a um manancial de demanda de energia limpa corporativa e estão prontos para se tornar os maiores vencedores deste mercado”, concluiu.

Mateus Badra

Mateus Badra

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020. Atualmente, é Analista de Comunicação Sênior do Canal Solar e possui experiência na cobertura de eventos internacionais.

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