Tivemos um primeiro semestre bem desafiador, com a instabilidade dos preços das commodities que influenciaram diretamente no custo de produção dos módulos. Essa é a análise de Rafael Xavier, gerente de Operações da Sunova no Brasil.
Além disso, na visão do executivo, o mercado brasileiro de energia fotovoltaica desacelerou para a GD (geração distribuída) em virtude das mudanças na lei e alta taxa de juros.
“O polisilício, por exemplo, matéria prima principal para a confecção dos painéis, viveu uma verdadeira ‘montanha russa’ esse ano. Comparando janeiro de 23 a junho de 23 ele teve uma queda de 46%, mas não sem antes ter um crescimento semelhante nos meses de fevereiro e março”, disse.
“Consequentemente, isso trouxe grandes problemas para muitos distribuidores que fechavam seus contratos e logo depois vinham mudanças enormes nos custos dos módulos”, acrescentou Xavier.
Outro ponto que influenciou diretamente nos custos, conforme ele, foi o câmbio, que abriu o ano batendo R$ 5,40, passou o primeiro trimestre inteiro acima de R$ 5,15, porém chegou a descer de R$ 4,80 em junho. “Agora, retornou ao patamar de R$ 4,90~5, também dificultando os contratos de maior volume ou longo prazo”.
“Com essa soma de fatores, o setor e o país estão vivendo um ano turbulento, mas o horizonte se abre para gente nesse último trimestre com a esperança de retomada dos negócios no setor, uma Intersolar extremamente produtiva e a atuação da Sunova junto aos seus principais parceiros”, destacou o especialista.
Projeções para o 4º trimestre
Segundo o gerente de Operações da Sunova, a empresa está projetando um quarto trimestre de maior volume, seguindo o que aconteceu nos últimos anos no Brasil, embora a rentabilidade dos projetos seja cada vez menor para praticamente toda a cadeia atualmente.
“Entretanto, nosso principal objetivo, hoje, é o de continuar crescendo. Na divulgação da última pesquisa da Greener vimos que já subimos de sétimo para o sexto lugar no ranking de importações para o Brasil (com uma diferença mínima para o quinto). Então, avaliamos que, mesmo em um ano desafiador, conseguimos melhorar nossa posição e nosso market share no país também”, ressaltou.
Para Rafael Xavier, a grande tendência que estão apostando, no que se refere aos produtos, é a massificação dos módulos N-Type TOPCon, tecnologia que investem desde o começo do ano, principalmente com os módulos de 575 W.
“Na Intersolar Brasil, apresentamos o novo modelo de 600/605W, já disponível para cotação e que tem como grande destaque sua eficiência, atingindo até 22.9%. Isso se deve a uma pequena mudança na célula, que a torna retangular (186x182mm, frente a célula padrão de 182x182mm). Aliado a eficiência, o módulo é cerca de 5 cm maior e a largura se torna ideal para melhorar o LCOE da usina”, pontuou.
“Estamos batendo muito nessa tecla para trazermos uma mentalidade de começarmos a falar de LCOE e qualidade dos equipamentos, principalmente para grandes usinas, e fugirmos da eterna comparação de R$/W dos equipamentos e a mentalidade equivocada de que os painéis são ‘tudo igual’ ou uma ‘commoditie’”, explicou o executivo.
De acordo com Xavier, não só de produtos e tecnologia que a fabricante está buscando um diferencial para o restante do ano. Estão investindo ainda mais no Brasil trazendo estoques locais e aumentando mais o tamanho da equipe para estreitar a relação com os parceiros.
Certificações da Sunova
Em função do cenário desafiador que o setor solar está vivenciando, a Sunova realizou algumas mudanças na política comercial e correram atrás de mais diferenciações para a marca dentro do mercado.
“No caso, tivemos a novidade mais notável que pudemos expor na Intersolar que foi a obtenção do Tier 1 da Bloomberg para poder mostrar a solidez da nossa marca também em grandes projetos, além da já consolidada atuação em GD”, enfatizou.
“Iniciamos também outros dois processos. Graças a uma gestão profissional e estruturada recebemos duas promoções consecutivas no nosso rating na PV TECH, além de sermos classificados como uma empresa de baixo risco tanto para fluxo de caixa como para endividamento”, frisou ele.
Em paralelo a isso, comentou que a companhia correu para obter os certificados técnicos da PVEL. “Assinamos o contrato em fevereiro e começamos os testes já no mês seguinte. Estamos correndo atrás de termos todos os testes necessários concluídos ainda esse ano para termos mais esta certificação técnica independente e mundial”, concluiu.