A renovação do PADIS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores) é extremamente importante para que as pesquisas em andamento continuem. O programa foi criado em 2007 e pode expirar em janeiro do ano que vem
Esta é a análise de Adalberto Maluf, diretor de Marketing e Sustentabilidade da BYD Brasil. Para ele, o PADIS é um dos poucos programas brasileiros que incentivam a inovação tecnológica, tendo já mostrado resultados positivos no setor.
Entre os estudos que estão sendo fomentados por iniciativas como esta, está a recém-lançada parceria entre a BYD e o CTI Renato Archer – cujo objetivo é desenvolver células solares fotovoltaicas com uma camada de perovskita, que estão sendo feitas em Campinas (SP).
“Sem o PADIS, projetos como estes e outros vão acabar. Inclusive, trará riscos para a sobrevivência da sustentabilidade financeira das fábricas aqui no Brasil. Uma vez que, atualmente, o produto importado da China é subsidiado pelo governo, já que não paga nenhum imposto, enquanto o fabricante local paga imposto e é obrigado a fazer P&D”, ressaltou.
De acordo com Maluf, o PADIS é necessário para, pelo menos, continuar com esses poucos incentivos que existem para pesquisa e inovação.
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Apoio ao setor de semicondutores
A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados aprovou, no dia 24 de novembro, a prorrogação do prazo de vigência de incentivos por meio do PADIS. O Projeto de Lei nº 3042/2021 que prevê a prorrogação tem o apoio do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações).
Segundo o Órgão, em função da crise de semicondutores no mundo, o produto se tornou estratégico para os países que fabricam esta tecnologia. “Empresas que produzem os componentes no país dependem dos incentivos para a manutenção da produção. Durante a pandemia, a produção de semicondutores foi desviada para a de computadores de celulares, o que afetou outros setores industriais como o automotivo”, disse o MCTI em nota.
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O deputado Vitor Lippi (PSDB/SP), um dos autores do projeto, avaliou a importância de manter os incentivos para o setor. “Este é o segmento da economia que mais vai crescer nos próximos anos, é a questão de semicondutores, chips, equipamento para a memória. Tudo isso faz hoje uma corrida mundial porque é um elemento extremamente estratégico”.
O parlamentar pediu na Comissão que a medida siga direto para o Plenário da Câmara, por conta da urgência do tema. “Essa legislação ela deixa de valer em janeiro, então nós precisamos aprovar agora, nesse mês e estamos fazendo um trabalho com o Governo, junto com as lideranças. Já temos um requerimento para que ele vá direto para o Plenário”.
Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, se reuniu em outubro deste ano com representantes da indústria de semicondutores do país e com parlamentares para debater o assunto. Na ocasião, destacou que o ministério está de portas abertas para ajudar no que for preciso para que o PADIS seja prorrogado.
Após passar pelo Plenário da Câmara, o texto será enviado para análise no Senado. Caso seja aprovado sem alterações, a medida segue para a sanção presidencial.