Um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que 56% das empresas consultadas têm interesse em migrar do mercado cativo para o mercado livre. A estimativa é que 45 mil indústrias tenham condições de migração a partir de 2024, com potencial de obter uma economia média de 15% a 20% nos gastos com energia elétrica.
A portaria nº 50/2022 do Ministério de Minas e Energia (MME) estabelece que as empresas conectadas em média e alta tensão poderão migrar para o mercado livre a partir do próximo ano.
Os números da sondagem revelam que, entre as grandes empresas, 59% afirmaram que há possibilidade de migrar para o mercado livre. Entre as indústrias de médio porte esse mesmo percentual foi de 61% e, entre as pequenas empresas, 48% indicaram a possibilidade de migrar.
“O momento é de preparação por parte dessas empresas para a migração. 2023 será um ano para estudar o mercado, planejar e fazer contas sobre a viabilidade de ingressar no mercado livre. A estimativa é de que 45 mil indústrias têm condições de migrar a partir de 2024”, afirma Roberto Wagner Pereira, especialista em Energia da CNI.
A energia elétrica é a principal fonte de energia para 78% das indústrias brasileiras. As demais fontes consumidas pela indústria são: oléo diesel (4%), gás natural (4%), lenha (3%) e bagaço de cana (2%).
Nos últimos 12 meses, o aumento médio percentual dos gastos com energia elétrica no custo total de produção das indústrias foi de cerca de 13%. Para 75% das empresas, esse aumento teve impacto relevante sobre seus custos, sendo médio ou alto para 40% dessas empresas.
A pesquisa foi realizada em outubro passado com 2.016 empresas, sendo 794 pequenas, 734 médias e 498 grandes.
Mercado livre x mercado cativo
Com relação ao mercado que as empresas adquirem o fornecimento da energia, 45% do total são somente consumidores cativos, ou seja, compram energia elétrica da distribuidora local. Os respondentes classificados como somente consumidores livres representam 34%, enquanto empresas que são somente autogeradoras de energia representam 5%.
O total de empresas que já estão no mercado livre de energia, exclusivamente ou não, é de 40%. Entre as pequenas empresas, 70% obtêm energia do mercado cativo. Apenas 6% estão totalmente no mercado livre. Considerando as empresas de médio porte, 57% estão no mercado cativo e 25% somente no mercado livre. Entre as grandes empresas se observa uma maior inserção no mercado livre, onde 59% das empresas obtêm fornecimento do mercado livre, sendo 52% exclusivamente no mercado livre.
Eficiência energética
A maioria das empresas (52%) investiu em máquinas mais eficientes. Entre as grandes empresas esse percentual é maior: 63% investiram em máquinas mais eficientes. Entre médias e pequenas empresas os percentuais foram 48% e 33%, respectivamente.
Classificando pelos segmentos industriais, os investimentos em máquinas mais eficientes foram mais comuns entre as empresas da indústria extrativa (69%) e entre as empresas da transformação (54%). Entre as empresas da indústria da construção, 31% afirmaram ter realizado investimentos em máquinas mais eficientes.