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Ameaça climática e a distribuição de energia

Sistemas mais resilientes: criar resistências ou adaptá-los?

Autor: 13 de novembro de 2023dezembro 21st, 2023Opinião
4 minutos de leitura
Ameaça climática e a distribuição de energia

Uma ação interessante é a poda ou até retirada de árvores próximas às redes elétricas que já estão comprometidas. Imagem: Valdecir Galor/SMCS

A mudança climática já é um fato mesmo com todos os esforços envidados na descarbonização da atividade humana.

Esta mudança pode ser denominada como uma ameaça climática composta de variações na média e desvio padrão no comportamento histórico das variáveis climáticas além do aumento da frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos.

As infraestruturas construídas sob determinado padrão histórico de desempenho acabam apresentando riscos elevados de interrupção dos serviços prestados quando sujeitos a estas ameaças.

Existem duas soluções básicas para enfrentar estas ameaças tornando os sistemas mais resilientes: criar resistências ou adaptá-los.

Normalmente, os investimentos para tornar as estruturas mais resistentes tendem a ser demasiadamente elevados, representando custos que a sociedade não quer pagar.

Medidas de adaptação tendem a ser as mais utilizadas que se bem conduzidas minimizam significativamente os efeitos destas ameaças.

Aplicando estes conceitos às redes elétricas de distribuição, um exemplo de resistência é enterrar toda a rede evitando a ação do vento e chuvas abundantes como também criar paralelismos no suprimento para aumentar a confiabilidade num sistema essencialmente radial.

No entanto, ambas soluções esbarram em custos elevados que refletem nas tarifas que os consumidores não querem pagar. Sugere-se então medidas de adaptação, ou seja, desenvolvimento de ações de preparação para os futuros eventos.

Uma ação bastante interessante, mas que esbarra no entendimento entre prefeitura, distribuidora e secretaria do meio ambiente é a poda de árvores ou até retirada de árvores próximas às redes elétricas que já estão comprometidas por doença ou no final de sua vida.

Não estou dizendo para retirar o verde das cidades, mas reintroduzir escolhendo tipos de árvores mais adequados às cidades. Normalmente parece simples, mas existe um entrave burocrático que dificulta esta ação.

Isto resolveria muitos dos problemas vivenciados neste último evento em São Paulo. Esta ação também minimizaria o índice FEC que é muito caro para as distribuidoras.

Uma outra ação de adaptação que deve ser feita em paralelo com as demais, é a logística de atuação das equipes de reparo e restabelecimento da rede. Neste caso, é preciso preparar as equipes tanto em treinamento como na forma de atuação pós-evento.

As distribuidoras já têm programas específicos para estas contingências mas não dispõe de capacidade suficiente para casos em larga escala como ocorreu em São Paulo.

Apesar dos procedimentos de cada concessionária serem diferentes seria interessante uma utilização compartilhada de capacidades entre as concessionárias próximas. Esta ação minimiza o índice DEC que também é muito caro para as distribuidoras.

Tudo isto depende também do conhecimento prévio de quando, onde e em que intensidade o evento climático irá ocorrer. Bons modelos de previsão e projeção são necessários para o curto e médio prazo. É importante conhecer o tamanho e as características da ameaça que vamos enfrentar.

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Por fim, sabemos que rede elétricas assim como qualquer infraestrutura estão sujeitas a estas anomalias. Sistemas energéticos distribuídos são menos vulneráveis pois minimizam o uso destas redes.

A geração distribuída (entenda aqui como entidade física e não compensação de energia), o armazenamento distribuído, tendem a minimizar estes efeitos para o consumidor aumentando a confiabilidade de abastecimento.


As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.

José Wanderley Marangon Lima

José Wanderley Marangon Lima

Conselheiro do INEL. Diretoria de Recursos Energéticos Distribuidos da ABGD. Professor titular voluntário da UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá). Diretor presidente da MC&E (Marangon Consultoria & Engenharia. Atuou na Eletrobras, onde participou e coordenou estudos de operação e planejamento de Sistemas Elétricos. Também trabalhou na ANEEL como assessor de diretor. Esteve no Ministério de Minas e Energia como integrante do grupo que elaborou o Novo Modelo Elétrico Brasileiro.

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