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Audiência debate soluções para mitigar riscos de incêndio em sistemas FV

Reunião apresentou as principais causas e a importância da certificação de profissionais e empresas

Autor: 7 de julho de 2022Brasil
6 minutos de leitura
Audiência debate soluções para mitigar riscos de incêndio em sistemas FV

Encontro contou com a presença do Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares e de autoridades do setor elétrico. Foto: Reprodução

A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados discutiu, nesta quarta-feira (6), os riscos de incêndio em sistemas fotovoltaicos. O debate foi solicitado pelo deputado Fabio Schiochet (União-SC).

O parlamentar destacou que o tão elevado número de unidades geradoras exige uma atenção especial quanto aos aspectos de segurança.

“O LIGABOM (Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil), que tem pleno conhecimento das ocorrências de incêndios nesse tipo de instalação elétrica, alerta quanto à necessidade de aperfeiçoamento das normas que regem a matéria”, afirmou.

Bombeiros solicitam normas para conter incêndios em sistema FV

O Coronel Alexandre Gomes, do LIGABOM, esteve presente no encontro e ressaltou que estão preparando normas que garantam a segurança de todos, tanto para usuários, em suas residências e grandes edificações, quanto para os bombeiros no caso de algum sinistro que tenham que atuar.

“Portanto, é muito importante a integração de todos os interessados. A energia solar é uma excelente opção para o futuro do país, para o meio ambiente. Estamos debruçados constantemente em estudar o que vem no futuro sobre essa matéria”, acrescentou.

Coronel Goes, do CBMDF (Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal) também participou da reunião e enfatizou que o futuro está na tecnologia renovável. “É um caminho sem volta. Nos cabe regulá-lo para ser um caminho sem volta com segurança, rentabilidade e efetividade”.

“Temos sim que trazer segurança para o sistema, mas não podemos transformá-lo num bunker, onde se tornará tão seguro que seja inviável a sua utilização, aplicação pelo usuário. Há de se ter uma zona de trabalho. Não podemos estar nem na zona branca e nem preta, precisamos estar na cinzenta, que é o objetivo de estudo desta comissão”, pontuou.

Principais causas de incêndios em sistemas FV

Durante a audiência, o Tenente BM Evandro Maroni, do CBMMG (Corpo de Bombeiros de Minas Gerais), apontou as principais causas de incêndio em usinas solares, conforme o artigo Fire safety and solar electric/photovoltaic systems. São elas:

  • Problemas técnicos na instalação/manutenção;
  • Equipamento especificado/projetado incorretamente;
  • Falha dos produtos/equipamentos defeituosos

Já com relação aos principais riscos, ele enumerou as baterias, arco elétrico, corrente contínua e desconhecimento da existência do risco.

“Diante deste cenário, é imprescindível que os profissionais do ramo tenham capacitação técnica para uma correta e eficaz instalação da planta e que haja sinalização indicativa da existência de módulos na edificação”, exemplificou.

Como evitar incêndios em projetos fotovoltaicos?

Maroni ainda reforçou a necessidade dos equipamentos possuírem rapid shutdown (dispositivo de desligamento rápido) e detecção e interrupção de falhas de arco.

“É fundamental exigir os quesitos, testes e ensaios para os equipamentos que compõem as instalações fotovoltaicas, conforme prevê a Portaria Inmetro nº 140/2022, sendo acrescentados os dispositivos anteriormente expostos”, concluiu.

Plano de trabalho do Inmetro

Pedro Henrique Pereira, analista executivo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), enfatizou que estão vislumbrando elaborar um plano de trabalho conjunto para ajudar a mitigar incêndios que envolvam usinas fotovoltaicas. Segue, abaixo, as sugestões apresentadas por ele.

  • Levantamento de dados e análise de risco sistemática: entendimento do problema, abordagem técnica e subsídios para tomada de decisão;
  • Aprimoramentos na regulamentação técnica: inclusão da obrigatoriedade de dispositivo de proteção contra arcos elétricos, bem como avaliação da conformidade para cabos e conectores e para instalações fotovoltaicas;
  • Grupo de trabalho envolvendo setor produtivo, especialistas e corpo de bombeiros: elaboração de guias e recomendações, treinamento e capacitação dos profissionais de combate a incêndios;
  • Programas setoriais de qualidade: qualidade das instalações fotovoltaicas, cabos e conectores;
  • Desenvolvimento de novas normas técnicas;
  • Guia de boas práticas para segurança dos sistemas fotovoltaicos.

Ao longo do debate, o especialista mostrou ainda um gráfico que relaciona as taxas de mortalidade na geração de 1 TWh. “As mortes podem estar relacionadas a acidentes ou poluição do ar. No topo podemos ver o carvão, petróleo e lá embaixo a solar com o menor índice de mortalidade”, ressaltou.

Pesquisa de mercado da ABSOLAR

Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), relatou que fizeram uma pesquisa com os associados para verificar quais as visões do mercado, das empresas sobre soluções que podem ser avançadas para fortalecer a segurança dos sistemas fotovoltaicos. Segue, abaixo.

  1. Certificação de profissionais e empresas (87,2%);
  2. Certificação de cursos de formação e capacitação de profissionais (79,5%);
  3. Aprimorar e/ou criar mais cursos de formação e capacitação de profissionais (71,8%);
  4. Fomento contínuo de estudos para subsidiar decisões e propor requisitos cada vez mais seguros e viáveis (69,2%);
  5. Aprimorar e criar normas ABNT NBRs (66,7%);
  6. Fiscalização pelo CREA/CONFEA (56,4%);
  7. Instalação de mecanismos de desligamento ou desenergizar os circuitos de corrente contínua (48,7%);
  8. Instalação de mecanismos de detecção e interrupção de arcos elétricos nos circuitos em corrente contínua (46,2%);
  9. Regras de espaçamento entre módulos fotovoltaicos (41%);
  10. Fiscalização pela distribuidora (38,5%).

Por fim, Sauaia ainda divulgou no encontro as propostas da ABSOLAR para ajudar a mitigar riscos de incêndios em usinas solares. Entre elas, estão:

  • Incluir nos RTQ (Requisitos Técnicos de Qualidade) e RAC (Requisitos de Avaliação da Conformidade) do Inmetro a obrigatoriedade de AFCI nos inversores, estabelecendo prazo de transição de 6 meses para estruturação dos respectivos ensaios de conformidade e para adequação do setor;
  • Guia/manual sobre segurança contra incêndios em sistemas FV e como combatê-los: elaboração, junto aos grupos técnicos especializados da ABNT, de PR (Prática Recomendada) sobre o tema, em parceria com o Corpo de Bombeiros do Brasil;
  • Certificação voluntária de empresas do setor solar;
  • Fortalecimento de requisitos de qualidade para cabos e conectores FV;
  • Distanciamento entre as fileiras (strings) de módulos FV: definir, via norma ABNT, condições de acesso e espaço físico apropriados para atividades de operação, manutenção e combate a incêndios;
  • Rapid shutdown ou MLPE (Module-Level Power Electronics): Inmetro – realizar AIR (Análise de Impacto Regulatório), quanto ao uso desses componentes em sistemas FV.
Mateus Badra

Mateus Badra

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020. Atualmente, é Analista de Comunicação Sênior do Canal Solar e possui experiência na cobertura de eventos internacionais.

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