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China lidera ranking da cadeia de fornecimento de baterias

Relatório da BloombergNEF aponta que o país alcançou esta posição pela terceira vez consecutiva

Autor: 16 de novembro de 2022Mundo
7 minutos de leitura
China lidera ranking da cadeia de fornecimento de baterias

Canadá subiu para o segundo lugar do ranking, seguido pelos Estados Unidos. Foto: Reprodução

Levantamento realizado pela BNEF (BloombergNEF) apontou que a China continua a dominar o ranking global da cadeia de suprimentos de baterias de íon-lítio, pela terceira vez consecutiva, tanto para 2022 quanto para sua projeção para 2027, graças ao apoio contínuo à demanda de VEs (veículos elétricos) e investimentos em matérias-primas.

O país, atualmente, abriga 75% de toda a capacidade de fabricação de células de bateria e 90% da produção de ânodo e eletrólito. O aumento dos preços do lítio também levou a maiores investimentos em instalações de refinaria de carbonato e hidróxido no país, tornando-o o principal refinador de metais para baterias em todo o mundo.

Apesar desse crescimento, a pesquisa apontou que outros países estão aplicando políticas para criar demanda por baterias e garantir matérias-primas necessárias para apoiar sua transição para veículos elétricos.

De acordo com a BNEF, o Canadá subiu para o segundo lugar este ano, o que reflete seus grandes recursos de matérias-primas e atividade de mineração, bem como seu bom posicionamento em fatores ambientais, sociais e de governança e infraestrutura, inovação e indústria.

A falta de capacidade significativa de fabricação de células e componentes significa que a maior parte do valor desses recursos é realizada fora do país, embora anúncios recentes de empresas como BASF, General Motors e Posco mostrem um aumento nos aportes em baterias.

“Este ano, as mudanças nas classificações gerais foram impulsionadas principalmente pelo maior acesso a várias matérias-primas importantes e capacidades de fabricação no mercado interno”, disse Allan Ray Restauro, analista de metais e mineração da BNEF e principal autor do relatório.

“Os países que não são necessariamente os maiores produtores ou fabricantes, mas têm presença significativa em várias áreas na extração de metais e minerais para baterias, bem como na manufatura, se saíram melhor do que os países que se destacam principalmente em uma única commodity ou componente”, apontou.

Segundo o executivo, o sucesso na cadeia de fornecimento de baterias é cada vez mais determinado por mais de uma categoria ou métrica. “Uma base sólida na riqueza de recursos realizados internamente, reforçada pela produção responsável e ética, é o tema principal do ranking deste ano, à medida que os países e a indústria se esforçam para uma cadeia de suprimentos sustentável”.

Os EUA caíram para o terceiro lugar no ranking, apesar do forte crescimento na demanda por baterias devido à Lei de Redução da Inflação. O país ficou entre os 10 primeiros em todas as categorias, exceto ESG, onde ficaram em 16º lugar.

De acordo com o estudo, a forte demanda de bateria para armazenamento estacionário e a rápida aceleração das vendas de veículos de passageiros (aumentando de 5% em 2022 para 34% em 2027) garantem que ela esteja no topo da tabela de classificação.

Apesar de os EUA registrarem a maior melhora entre todos os países em matérias-primas para 2022, ainda dependerão das importações de matérias-primas para baterias, especialmente de seus parceiros de livre comércio, como a Austrália.

“A Lei de Redução da Inflação é uma grande vantagem para a demanda de baterias nos EUA, mas, mais importante, mudará o panorama da oferta nos próximos anos”, comentou Yayoi Sekine, chefe de armazenamento de energia da BNEF.

“A lei é a coisa mais próxima da política industrial para baterias que os EUA já tiveram e torna esta a década mais emocionante para a indústria de baterias americana. As empresas buscam maximizar os incentivos à produção de células, módulos e materiais de bateria e cumprir os requisitos de crédito para veículos elétricos, o que trará mais capacidade ao país e seus aliados”, completou.

Mercado europeu

A maioria dos países europeus diminuiu o seu desempenho geral este ano, com a Finlândia e a República Tcheca sendo as únicas exceções. A Finlândia ficou em primeiro lugar na Europa e ficou em quarto lugar no ranking geral.

O relatório indicou que a crescente cadeia de fornecimento de metais para baterias do país, a rede elétrica relativamente limpa e a infraestrutura de qualidade o posicionam favoravelmente entre os principais países com baterias de íon-lítio.

A falta de matérias-primas domésticas da Alemanha e da Suécia levou a uma queda em suas classificações em 2022. Apesar das baixas pontuações de matérias-primas do continente, a fabricação de baterias está crescendo.

A Alemanha e a Hungria aumentarão sua capacidade de fabricação de baterias para igualar a Polônia, à medida que as fábricas de células e componentes entrarem em operação nos próximos anos.

“Muitos países europeus estão capitalizando com sucesso o potencial de sua cadeia de suprimentos, mas a tendência de declínio na região este ano indica que o crescimento na Europa está começando a ser superado pelos norte-americanos e asiáticos”, afirmou Ellie Gomes-Callus, analista de metais e mineração da BNEF.

“Países europeus como a República Checa, a Hungria e a Polónia continuam a ter vantagens na sua capacidade de fornecer cadeias de abastecimento mais limpas e sustentáveis. Isso reforçará suas ambições de crescimento e promoverá seu caso como destinos preferenciais para investimentos na fabricação de baterias”, enfatizou.

Demais mercados

China, Coreia do Sul e Japão foram os três principais países em todas as métricas de fabricação de baterias. Eles historicamente tiveram as bases de fabricação mais estabelecidas, com políticas industriais de apoio.

A capacidade de produção de células dos EUA ultrapassou o Japão em 2014 e a Coreia do Sul em 2016. A maioria das instalações operacionais de fabricação de células multi-gigawatt-hora no mundo são de propriedade de uma empresa chinesa, japonesa ou coreana (o Nevada Gigafactory da Tesla foi desenvolvido em conjunto com a Panasonic).

Em 2022, a Coreia do Sul e o Japão anunciaram expansões domésticas e estrangeiras da capacidade de produção de células, bem como estratégias da cadeia de suprimentos para garantir materiais essenciais.

Já nos rankings de 2027 da BNEF, os países da América do Sul registram as maiores quedas, principalmente Brasil e Bolívia. O Brasil continua sendo um forte concorrente devido à força de suas matérias-primas, mas caiu para o 21º lugar no ranking de 2022 devido ao fraco desempenho em ESG.

Segundo a BloombergNEF, a Bolívia estava na parte inferior do ranking este ano. Só teve um bom desempenho em 2021 em matérias-primas devido às suas enormes reservas de lítio.

A maioria dos países ricos em recursos tem uma classificação baixa na pontuação geral, pois geralmente carecem de capacidade doméstica de fabricação de baterias e demanda de veículos elétricos.

Países como Indonésia, Chile, África do Sul e República Democrática do Congo procuram reverter essa tendência usando a competitividade de suas matérias-primas como uma vantagem para atrair investimentos downstream em toda a cadeia de suprimentos.

Os incentivos políticos para impulsionar a adoção de VEs, o fornecimento de energia limpa e a infraestrutura industrial ajudarão esses países ricos em recursos a atrair o investimento a jusante necessário para construir cadeias domésticas de fornecimento de baterias de íon-lítio.

No relatório, a BNEF classifica 30 países líderes na cadeia de fornecimento de baterias de íon-lítio com base em 45 métricas em cinco temas principais:

  • Disponibilidade e fornecimento de matérias-primas essenciais;
  • Fabricação de células e componentes de baterias;
  • Demanda local por veículos elétricos e armazenamento de energia;
  • Infraestrutura, inovação e indústria;
  • Considerações ESG.
Mateus Badra

Mateus Badra

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020. Atualmente, é Analista de Comunicação Sênior do Canal Solar e possui experiência na cobertura de eventos internacionais.