Já imaginou gerar e armazenar a sua própria energia, sem depender da concessionária? Isso é possível com um sistema off-grid.
Também chamado de sistema autônomo, esse modelo tem como principal característica o funcionamento independente da rede elétrica.
Por isso, vem ganhando espaço no mercado fotovoltaico, oferecendo ao consumidor uma tecnologia capaz de armazenar a energia solar excedente e garantir abastecimento contínuo.
Neste artigo, explicamos o que é e como funciona o sistema off-grid, suas principais vantagens e desvantagens e quanto custa investir nessa tecnologia.
Mostramos também um caso real de sucesso de quem substituiu o uso de geradores a diesel por energia solar e conseguiu retorno financeiro em pouco tempo.
Boa leitura!
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O que é um sistema off-grid?
Um sistema off-grid é o conjunto de equipamentos fotovoltaicos que gera e armazena energia sem qualquer ligação à rede pública.
Também chamado de sistema isolado ou autônomo, esse tipo de instalação é projetado para atender locais onde não há conexão com a concessionária ou onde se busca total independência elétrica.
Nesse modelo, a energia captada pelos módulos solares é usada localmente e o excedente é guardado em baterias.
Assim, o consumo é garantido mesmo à noite ou em períodos de baixa irradiação solar. Todo o fornecimento é feito de forma independente, sem necessidade de medição ou compensação de créditos pela distribuidora.
A adoção de sistemas solares isolados tem crescido em escala global.
Segundo um relatório (em inglês) da Global Off-Grid Lighting Association (GOGLA), foram comercializados 9,3 milhões de kits solares em 2024 por empresas do setor solar off-grid. Esse é o segundo maior volume da série histórica.
As empresas associadas à instituição já levam energia a mais de 137 milhões de pessoas, sendo 3,6 milhões delas empreendedoras que utilizam esses kits para gerar renda.
Como funciona o sistema off-grid?
O funcionamento de um sistema off-grid é baseado na captação da luz solar pelos módulos fotovoltaicos e na conversão dessa energia em eletricidade utilizável.
Durante o dia, os painéis geram corrente contínua (CC), que é direcionada para um controlador de carga. Esse equipamento regula a tensão e a corrente enviadas às baterias, evitando sobrecargas e prolongando sua vida útil.
A energia armazenada nas baterias é utilizada quando a geração solar não é suficiente, como à noite ou em dias nublados.
Nessa etapa, entra em ação o inversor, que transforma a corrente contínua das baterias em corrente alternada (CA), padrão das tomadas e equipamentos elétricos.
De forma simplificada, o fluxo de energia segue esta ordem:
painéis solares → controlador de carga → baterias → inversor → equipamentos elétricos.
Cada componente tem uma função específica:
- Módulos fotovoltaicos: captam a radiação solar.
- Controlador de carga: gerencia a entrada e saída de energia das baterias.
- Baterias: armazenam a energia gerada.
- Inversor: converte e distribui a energia para uso imediato.
O desempenho do sistema depende do correto dimensionamento de todos esses elementos, de acordo com o perfil de consumo e o nível de autonomia desejado.

Veja também: Energia solar on-grid e off-grid: diferenças e qual escolher
Vantagens do sistema off-grid
A principal vantagem desse tipo de sistema é a independência energética. Afinal, o consumidor gera e armazena a própria eletricidade, mantendo o fornecimento mesmo em locais sem rede pública ou em situações de falha no abastecimento da concessionária.
Além da autonomia, os sistemas solares isolados tem outros benefícios relevantes:
- Aplicação em áreas remotas: solução viável para regiões rurais, comunidades isoladas, ilhas e zonas sem infraestrutura elétrica.
- Economia em longo prazo: redução de gastos com combustíveis fósseis e manutenção de geradores.
- Fornecimento contínuo: operação garantida mesmo em locais com falhas ou ausência de energia da concessionária.
- Sustentabilidade: geração de energia limpa, com menor impacto ambiental e sem emissões de CO2.
- Flexibilidade de expansão: possibilidade de ampliar a capacidade com novos módulos e baterias conforme o aumento do consumo.
- Redução de ruído e poluição: substitui geradores a diesel, eliminando ruídos e odores.
Uma das vantagens que mais desperta interesse e também certa dúvida em quem avalia a instalação de um sistema autônomo é o retorno sobre o investimento. Será que a economia compensa na prática?
A seguir, veja um exemplo real de um negócio que adotou essa solução e comprovou o resultado financeiro.
Estudo de Caso – Ilhabela (SP): energia solar substitui diesel
Na Praia de Castelhanos, em Ilhabela (SP), o Quiosque do Alemão adotou um sistema solar off-grid de 4,36 kWp, equipado com um inversor Growatt SPF5000ES e duas baterias de lítio Dyness de 4,8 kWh.
Antes da instalação, o quiosque consumia 243 litros de diesel por mês, com custo total de R$ 1.951, incluindo manutenção e transporte do combustível.
Após a implantação do projeto off-grid, o consumo caiu para 22 litros de diesel mensais, equivalentes a R$ 329.
O investimento total foi de R$ 50.785, e o retorno financeiro (payback) ocorreu em 2 anos e 9 meses.
Leia mais: Sistemas off-grid garantem independência energética para estabelecimentos em Ilhabela
Desvantagens do sistema off-grid
Apesar de oferecer autonomia total, o sistema solar off-grid tem seus desafios, que devem ser considerados antes do investimento. As principais limitações estão relacionadas ao custo inicial e à operação em longo prazo.
- Custo inicial elevado: o investimento costuma ser maior que o de sistemas conectados à rede, principalmente pelo uso de baterias e controladores de carga.
- Dependência das condições climáticas: períodos prolongados de chuva ou baixa irradiação reduzem a geração e exigem maior capacidade de armazenamento.
- Manutenção e substituição de componentes: baterias e controladores exigem monitoramento constante e troca após alguns anos de uso.
- Geração de resíduos: o descarte inadequado de baterias pode causar impactos ambientais, exigindo destinação correta e reciclagem especializada.
É importante destacar que esses fatores não inviabilizam o uso dessa tecnologia. Na verdade, eles reforçam a importância de um projeto bem dimensionado e executado por profissionais qualificados, que assegure a eficiência e a durabilidade do sistema.
Outra boa ideia é investir em treinamentos e cursos de energia solar para compreender melhor as opções disponíveis e tomar decisões mais informadas sobre o uso dessas tecnologias.
Para quem o sistema off-grid é recomendado?
O sistema off-grid é indicado para locais onde não há acesso confiável à rede elétrica ou onde o custo de extensão da rede seria inviável.
Veja alguns dos perfis ideais:
- Fazendas, chácaras e sítios afastados da rede elétrica;
- Comunidades isoladas e vilarejos em regiões de difícil acesso;
- Ilhas e regiões costeiras sem infraestrutura elétrica;
- Unidades móveis (trailers e motorhomes) que exigem autonomia durante viagens;
- Aplicações comerciais itinerantes sem acesso à rede elétrica (estandes, quiosques, e carrinhos de lanche);
- Projetos de turismo ou hospedagem em ambientes naturais sem conexão com a rede.
Está gostando do texto? Aproveite e confira no vídeo os principais mitos sobre a energia solar!
Posso usar sistema solar off-grid no Brasil?
Sim. Os sistemas solares off-grid são permitidos e regulamentados no Brasil.
Por se tratarem de instalações isoladas da rede pública, esses projetos não se enquadram nas regras da geração distribuída definidas pela Resolução Normativa nº 1.059/2023 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Na prática, isso significa que não há necessidade de homologação ou outorga para pequenos sistemas que operam de forma independente, já que eles não injetam energia na rede da concessionária.
A própria ANEEL reconhece os chamados sistemas “zero grid”, termo usado para designar instalações que, embora tenham conexão com a rede elétrica, não injetam excedentes.
Ainda assim, em projetos de maior porte ou em áreas próximas a redes existentes, é recomendado comunicar a distribuidora local. Essa etapa é importante para garantir a conformidade técnica e evitar riscos à segurança da instalação.
Saiba mais: Projetos de energia solar zero grid precisam ser homologados?
Quanto custa um sistema off-grid?
O investimento em um sistema solar off-grid varia conforme a potência, o tipo de bateria, a autonomia desejada e a complexidade do projeto. Em aplicações residenciais ou de pequeno porte, o valor costuma ficar entre R$ 15 mil e R$ 40 mil.
Já os projetos maiores, que exigem maior capacidade de geração e armazenamento, podem facilmente ultrapassar R$ 100 mil. Isso especialmente quando utilizam baterias de lítio e inversores de maior potência.
O que explica essa variação de preço é o conjunto de equipamentos necessários para o funcionamento autônomo.
Além dos módulos fotovoltaicos, o sistema inclui baterias, controladores de carga, inversores e estruturas de fixação. Tudo isso eleva o investimento inicial em comparação aos sistemas conectados à rede (on-grid).
Confira também: Como calcular consumo de energia em kWh/mês? Confira o passo a passo
Onde encontrar um sistema solar off-grid?

Para investir em um sistema solar autônomo, é fundamental contar com fornecedores qualificados e de confiança na sua região.
Um bom profissional saberá dimensionar corretamente o sistema, indicar os equipamentos adequados e garantir a instalação dentro dos padrões técnicos e de segurança exigidos.
Mas antes de fechar o contrato, verifique se a empresa possui experiência comprovada em projetos off-grid, se oferece suporte pós-venda e se trabalha com equipamentos certificados.
Quando o assunto é energia solar, informação de qualidade faz toda a diferença para uma escolha segura e eficiente. É por isso que o Canal Solar se consolidou como um dos principais portais especializados em energia fotovoltaica do Brasil.
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Conclusão
O sistema off-grid se consolida como uma alternativa viável para quem busca autonomia energética e independência da rede pública.
Embora o investimento inicial seja mais alto, esse sistema elimina custos com combustível, garante fornecimento contínuo e amplia o acesso à energia em locais remotos.
Em todo caso, o sucesso do modelo depende de um projeto bem dimensionado, do uso de componentes de qualidade e de um planejamento que considere o perfil de consumo e a autonomia necessária.
Quando bem executado, o sistema oferece economia, estabilidade e sustentabilidade no longo prazo.
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