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As energias renováveis continuarão a liderar a expansão da matriz elétrica no Brasil. A previsão é que a fonte solar e eólica representem, respectivamente, 35% e 23% da capacidade instalada em 2060, frente aos atuais 17% e 13%. Os cálculos são da Aurora Energy Research, consultoria que fornece previsões e análises para o mercado global energético.
“O mercado livre é economicamente racional, portanto, o desenvolvimento da expansão vai acontecer com as tecnologias que são economicamente viáveis”, disse Inês Gaspar, gerente de Produto para o Brasil na Aurora, durante evento promovido pela ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) na última quinta-feira (9/5), em São Paulo.
Segundo a consultoria, a participação das hidrelétricas vai reduzir de 51% em 2023 para 19% em 2060. “Sem que haja algum incentivo para aumentar a capacidade hídrica, não vemos hidrelétricas no sistema”, afirmou.
“Por outro lado, vemos as térmicas entrando no sistema de forma bastante significativa. Com tantas renováveis, é natural que seja necessário manter a segurança do abastecimento”, disse a especialista.
“Em um país onde não há regulação para outras tecnologias que também provêm a segurança no abastecimento, é natural que a resposta seja a térmica”, completou.
Entre 2023 e 2060, a previsão da consultoria é que 370 GW serão adicionados na matriz elétrica brasileira.
Mudança de paradigma
Inês alerta para uma “canibalização” no setor solar nos próximos anos. De acordo com ela, há uma grande oportunidade para as energias renováveis no mercado livre nos próximos anos.
Porém, os investidores precisam estar atentos a uma mudança de paradigma em relação ao preço de captura diário, uma vez que a solar costuma gerar justamente quando PLD (Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) está no piso. Logo, o investidor precisará calibrar bem o projeto para não ter prejuízo em função do preço baixo.
Ela explica que a solar só produz energia durante algumas horas do dia, portanto, o preço horário que a usina vai capturar é distinto do preço médio.
Em 2021 e 2022, o preço médio de captura da energia solar continuou a pagar um prêmio, como podemos ver no gráfico abaixo. Portanto, não houve qualquer prejuízo em precificar a energia renovável com base no PLD.
Já em 2023, pela primeira vez, houve um desconto de -3% no preço médio de captura da energia solar em relação ao PLD. “Isso significa que se o investidor tivesse feito um contrato considerando a média anual do PLD, já teria sofrido um prejuízo.”
Nos próximos 6 anos (2024-2030), a consultoria calcula que haverá um desconto de 10% para a energia solar relativamente ao preço médio do PLD.
“Não importa se a estratégia do investidor é surfar no curto ou no longo prazos. Em qualquer um dos casos, já temos que ter atenção ao fato que esses descontos vão ser vistos mais rapidamente do que o esperado”, disse Inês.
A previsão da Aurora é que o PLD médio no Brasil fique em torno de R$ 200/MWh nos próximos 6 anos e, a partir de 2031 até 2060, a flutuação ficará próximo dos R$ 260/MWh.
“Se eu fosse precificar o meu contrato com base no preço médio, eu não deveria olhar para R$ 200/MWh, mas sim R$ 190/MWh, porque minha solar não vai capturar os R$ 200. A medida que nos aproximamos de 2060, com um sistema renovável de peso, a solar poderá ter descontos de 39%”, completou a executiva.
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