A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) receberá contribuições da sociedade para a elaboração de um Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (DPI) voltado à indústria de H2V (hidrogênio verde).
Com prazo para contribuição até 24 de julho, a Consulta Pública nº 18/23 é um passo importante para iniciar os planos para a criação de um mercado de hidrogênio verde no Brasil.
O hidrogênio é um importante vetor energético, considerado como fundamental para reduzir as emissões de carbono de setores como energia, indústria eletrointensiva e transportes, inclusive os de carga pesada como navios e aviões.
O hidrogênio pode ser produzido a partir de várias fontes energéticas, como carvão, gás natural, energia elétrica, entre outros. Ele é considerado verde quando a sua fonte de energia é proveniente de tecnologias renováveis, como eólica, solar e biomassa.
O mercado de hidrogênio deve atrair muito investimento, principalmente em países como o Brasil, que tem uma das matrizes elétricas mais renováveis do mundo.
Segundo a ABH2 (Associação Brasileira de Hidrogênio), atualmente o custo de produção do hidrogênio verde varia entre US$ 5 e US$ 7 por quilograma. Em contrapartida, o hidrogênio produzido a partir de combustíveis fósseis é de cerca de US$ 1,4 por quilograma de hidrogênio produzido.
Um estudo da BloombergNEF projeta o Brasil como um dos únicos países capazes de oferecer hidrogênio verde a um custo inferior a US$ 1 por quilograma até 2030. Em 2050, essa cifra pode cair para US$ 0,55/kg.
“O foco desta chamada de PDI é impulsionar projetos que promovam a produção desse hidrogênio utilizando a energia gerada por fontes renováveis de eletricidade, como a hidráulica, a biomassa, a eólica e a solar”, diz o comunicado da ANEEL. Estuda-se a adoção de energia nuclear para produção de H2V, porém o tema aguarda posicionamento da Procuradoria Federal da ANEEL.
Segundo a Agência, serão admitidos projetos na modalidade Planta Piloto e Peças e Componentes. “A ANEEL espera que os projetos permitam a análise dos impactos e externalidades do produto do projeto sobre o sistema elétrico, a identificação das oportunidades para o setor elétrico no âmbito da produção de hidrogênio renovável, o dimensionamento dos obstáculos não técnicos e a proposição de melhorias regulatórias. A Agência conta ainda com o desenvolvimento de tecnologia e soluções nacionais e a criação de redes de inovação em hidrogênio renovável e de novos produtos ou de novos modelos de negócios”.
Na visão dos técnicos da ANEEL, o hidrogênio renovável é uma das inovações capazes de sustentar o crescimento da demanda por eletricidade, em parceria com a digitalização, a eletrificação dos usos finais e o incremento da eficiência energética.
Ele possui a capacidade de conectar ao setor elétrico diversos setores da indústria e da economia que atualmente utilizam recursos não renováveis como fontes de energia e de matérias primas. A capacidade de se acumular hidrogênio em grandes quantidades e sua fácil reconversão em eletricidade podem resultar em novas opções de armazenamento de energia para a operação do setor elétrico.
Entre os impactos do hidrogênio renovável visualizados pela ANEEL, estão a redução das emissões de gases de efeito estufa, a flexibilidade operativa da rede elétrica, considerando que o hidrogênio pode ser armazenado e transportado com relativa facilidade, e a abertura de oportunidades de negócios, com criação de empregos e a possibilidade de agregação de valor para diversos produtos da indústria nacional.
Os documentos relacionados à chamada e o formulário para envio de contribuições poderão ser acessados na página da ANEEL, no espaço da Consulta Pública nº 018/2023. Clique aqui para acessar.