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Empresas aproveitam preços baixos para alongar contratos no mercado livre

Procura por energia renovável também aumentou no primeiro semestre, aponta BBCE
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Foto: Freepik

Empresas de diversos portes estão aproveitando os preços baixos de energia no Mercado Livre de Energia para formalizar contratos de fornecimento com prazos mais longos. Isso é o que mostra os dados divulgados nesta semana pela plataforma de negócios com energia BBCE (Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia).

De acordo com Marcelo Bianchini, gerente de Produtos, Comunicação e Marketing da BBCE, do total de contratos negociados de janeiro a junho, 41,6% do volume tem vencimento superior a 2024 e 62,6% envolvem produtos anuais. Tal comportamento é explicado pelo cenário hidrológico favorável que tem derrubado os preços no mercado livre.

Em julho de 2021, no auge da crise hídrica, o PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) alcançou o teto de R$ 583,88/MWh. A partir daquele mês, o PLD entrou em uma trajetória de queda e desde outubro de 2022 ele se encontra no piso (R$ 55,70/MWh em 2022 e R$ 69,04/MWh em 2023).

Leonardo Lopes, sócio fundador e diretor comercial da Simple Energy, disse que a expectativa é que o PLD permaneça no piso ao longo de 2023 e 2024. Segundo ele, além dos reservatórios cheios, há um conjunto de fatores que contribui para esse cenário, como o aumento da capacidade instalada em 16 GW – considerando os novos empreendimentos no mercado livre e regulado -, o baixo crescimento da carga (em média de 2,7 GW entre 2023 e 2024) e a entrada massiva de sistemas de geração solar distribuída.

O PLD representa o custo da energia no mercado de curto prazo e serve como referência para os contratos de energia no mercado livre.

Devido ao PLD mínimo, o volume financeiro negociado na BBCE no primeiro semestre somou R$ 14 bilhões, queda de 24,3% na comparação com igual período de 2022.

Volume financeiro da energia incentivada: Fonte: BBCE
Volume financeiro transacionado na plataforma no primeiro semestre de 2023: Fonte: BBCE

Aumenta a busca por energia incentivada

Segundo levantamento da BBCE, outra tendência que se verifica no mercado é uma procura maior dos consumidores por energia incentivada, composta pelas fontes eólica, solar, biomassa e PCHs (pequenas centrais hidrelétricas).

Por lei, essas usinas podem comercializar energia no mercado livre oferecendo ao cliente um desconto (que pode chegar a 100%) no custo do transporte da energia, tecnicamente chamado de Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão e Distribuição (TUST/TUSD).

No entanto, muitas empresas procuram a energia incentivada não apenas pelo custo – já que essa energia costuma ser mais cara que a convencional (térmica e hidrelétrica) -, mas também pelo engajamento ambiental que essas companhias procuram demonstrar em seus relatórios de sustentabilidade.

A BBCE fechou o primeiro trimestre com 159 mil gigawatts-hora negociados na plataforma, crescimento de 21% na comparação com o volume transacionado no mesmo período do ano anterior. Os produtos de energia incentivada foram destaque do semestre: foram negociadas 25,8 mil GWh, aumento de 155% em relação ao mesmo período do ano passado. “Desde 2022 observamos relevante alta desses negócios, intensificada ao longo do primeiro semestre de 2023”, explica Bianchini.

Volume de energia incentivada comercializada no primeiro semes
Volume de energia incentivada comercializada no primeiro semestre de 2023. Fonte: BBCE

Segundo Lopes, a energia incentivada está sendo comercializada abaixo de R$ 100/MWh para contratos com suprimento em 2024. “Os preços de energia convencional e incentivada para o ano de 2024 estão sendo negociados atualmente na ordem de R$70/MWh e R$105/MWh, respectivamente, sem expectativas de grandes variações ao longo do ano de 2023 e 2024. Lembrando apenas que o PLD mínimo para o próximo ano será divulgado apenas em dezembro de 2023, trazendo alguma acomodação nos preços atuais de mercado caso haja uma mudança substancial em sua base de cálculo, o que não deve ocorrer.”

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Wagner Freire
Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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