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GD 2.0: um novo olhar para a Geração Distribuída no Brasil

Os quatro pilares essenciais para o posicionamento do setor
7 minuto(s) de leitura
Foto: Envato Elements

Todo profissional do setor de Geração Distribuída no Brasil, especialmente quem trabalha com energia solar fotovoltaica, já se deu conta de que estamos em um novo mercado, diferente de tudo aquilo que experimentamos até o final de 2022.

Esse é o mercado que passaremos a conhecer como a GD 2.0, a nova versão que surgiu a partir do Marco Legal do nosso setor, com seus efeitos mais preponderantes percebidos 12 meses após sua promulgação e também pelo rápido avanço tecnológico que estamos acompanhando nos últimos meses.

Sabendo disso, é importante identificarmos caminhos pelos quais nosso mercado seguirá para nos posicionarmos e continuarmos desenvolvendo esse movimento irreversível de mudança de nossa matriz energética pelo Sol.

Em minha experiência no setor solar, já vi isso acontecer em diversos mercados à medida que cada um deles passou a ser mais regulado – e de certa forma mais restritivo –, exigindo de seus profissionais uma atuação cada vez mais qualificada e consultiva.

Quero destacar quatro pilares da nova Geração Distribuída no Brasil, que são extremamente relevantes para o posicionamento do nosso setor.

1) Padronização global de módulos de alta potência

A cadeia de produção de módulos fotovoltaicos busca aumentar sua capacidade produtiva por meio de soluções que confiram aos módulos potências maiores e mais eficiência. O que isso significa na prática?

Para que os fabricantes aumentem sua capacidade produtiva, é preciso que as linhas de produção sejam padronizadas para esses módulos de alta potência.

Estamos em um momento de mercado que exige todo um desenvolvimento tecnológico dos equipamentos que compõem os sistemas fotovoltaicos, como estruturas e, principalmente, inversores, que sejam suficientes para acompanhar a rápida evolução dos módulos fotovoltaicos e de suas grandezas elétricas.

Como atenderemos o nosso mercado com módulos de 700 W+ se as estruturas não suportarem esses equipamentos ou se os inversores não conseguirem trabalhar com tensões e correntes cada vez maiores? Nesse novo momento da GD no Brasil, o rápido avanço tecnológico exige que todos os elos da cadeia se comprometam com tecnologia e qualidade.

2) Atendimento às exigências para conexão com a rede

Atualmente, o crivo para a homologação de projetos junto às distribuidoras de energia está ainda mais rigoroso. Além das evidentes exigências trazidas pela Lei 14.300 e sua normatização, as distribuidoras passaram a exigir compatibilidade técnica entre inversores e a rede.

Exemplo disso são as normatizações do grupo Neoenergia, que proíbem a conexão de inversores monofásicos em redes trifásicas, independentemente do porte do projeto.

Essa proibição traz um viés muito visto em outros países onde a GD está mais desenvolvida, que é o da manutenção da estabilidade da rede elétrica. A premissa básica por trás disso é a de não gerar desbalanceamentos entre fases da rede elétrica utilizando inversores que não sejam plenamente compatíveis com a topologia de conexão.

3) Normatizações de segurança

O mercado fotovoltaico mundial tem uma série de normatizações de segurança, sendo que o principal exemplo é o Código Elétrico Nacional Norte-Americano (NEC – National Electric Code) que, desde 2011, dá diretrizes claras de segurança para a instalação de sistemas fotovoltaicos em telhados nos Estados Unidos, além de outras providências de ordem técnica.

No Brasil, esse assunto estava meio de lado até pouco tempo atrás, mas agora ganha uma relevância significativa no novo momento da GD. Desde 2022, estados brasileiros como Minas Gerais, mais recentemente o Mato Grosso e daqui a alguns meses o Distrito Federal dispõem ou disporão de normatizações de segurança do Corpo de Bombeiros para determinar regras de instalação de sistemas fotovoltaicos em telhados, dentre as quais podemos destacar o Rapid Shut Down, que é o desligamento rápido do sistema CC dos sistemas fotovoltaicos.

Isso obriga revendedores e projetistas a executarem projetos cada vez mais consultivos, alinhados com regras dispostas tanto na lei quanto nas normatizações de segurança, além, é claro, de todas as normas técnicas brasileiras e internacionais que conferem as boas práticas de engenharia às usinas fotovoltaicas instaladas em telhados.

4) Armazenamento de energia e redes inteligentes (smart grids)

O principal motivo pelo qual observaremos o rápido avanço de sistemas de armazenamento no Brasil não será pela vontade ou necessidade de autonomia por meio da desconexão da rede, mas sim pela necessidade de um relacionamento amigável entre a GD e a rede elétrica.

Em outras palavras, à medida que a GD avança em potência instalada, a necessidade de controle da operação do sistema elétrico brasileiro fará com haja também medidas ou regulamentações para o controle da injeção de energia excedente dos sistemas fotovoltaicos na rede.

Num primeiro momento, armazenar energia significa melhorar a eficiência financeira do investimento realizado em sistemas fotovoltaicos, principalmente na microgeração.

É possível realizar um controle muito mais efetivo entre produção, consumo instantâneo e geração de créditos a partir da injeção de energia na rede, o que, consequentemente, gera controle e previsibilidade sobre a incidência de cobrança da TUSD Fio B nos sistemas instalados nesse novo formato e na Geração Distribuída no Brasil.

Mas, além disso, em vários lugares do mundo, entre eles a Califórnia (EUA), há um fenômeno na curva de carga da rede conhecido como Duck Curve (ou Curva de Pato em uma tradução livre), quando há uma diferença muito grande entre os momentos de alto consumo versus aqueles com alta injeção de energia na rede elétrica

Figura 1 – Duck Curve (Curva de Pato). Fonte: https://www.energy.gov/eere/articles/confronting-duck-curve-how-address-over-generation-solar-energy

Esse é um fenômeno altamente indesejado e que precisa ser controlado para que não haja colapso do sistema elétrico, motivo pelo qual é preciso controlar essa injeção. A forma mais eficiente de manter esse relacionamento amigável com a rede é armazenar parte ou toda a energia excedente dos momentos de pico de geração para descarregá-la na rede nos horários de pico de consumo.

Isso traz um nivelamento da curva de carga da rede elétrica, o que é altamente desejável para sua operação pelo órgão responsável que, no caso brasileiro, é o ONS (Operador Nacional do Sistema).

A Ecori Energia Solar, distribuidora pioneira na tecnologia MLPE no Brasil com os microinversores da APsystems, sempre se preparou para esse momento da GD 2.0, mesmo quando nosso mercado ainda era embrionário.

Preocupada em oferecer ao mercado brasileiro soluções de alto valor agregado, segurança e conformidade com normatizações de segurança internacionais, a Ecori disponibiliza um portfólio completo de soluções APsystems, com microinversores e sistema de armazenamento, alinhado ao novo momento do nosso mercado.

Além disso, desenvolvemos muitas ações gratuitas de estímulo ao conhecimento, qualificação profissional, fomento de discussões para implementações de regras e regulamentações em nosso setor, além de desempenharmos com protagonismo nosso papel de parceria e suporte às revendas, projetistas e integradores que hoje se questionam sobre o futuro do nosso setor.

A GD 2.0 já é uma realidade no Brasil e nossa capacidade de compreendê-la, desenvolvendo parcerias sólidas, aumentando nosso nível de qualificação e estabelecendo uma cultura de venda consultiva que prima por capacitação, qualidade de equipamentos e segurança como valor inegociável, nos projetará mais rapidamente ao caminho do sucesso nesse mercado que, mesmo diferente, continua extremamente necessário e promissor.


As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.

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Yoni Ziv
Yoni Ziv é vice-presidente da Ecori Energia Solar. Expert global no mercado fotovoltaico com mais de 20 anos de experiência internacional. Foi vice-presidente de Vendas Técnicas da SolarEdge, empresa global de equipamentos para energia solar. É engenheiro eletrônico pela Universidade de Tel Aviv, em Israel, onde mora.

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