Micro e pequenas empresas geram 27% do PIB (Patrimônio Interno Bruto) no Brasil, segundo dados recentes do Sebrae. Integram este número integradores do setor de energia solar.
A participação destes empreendedores representa a pulverização dos polos de indústria por meio da criação de APL´s (Arranjo Produtivo Local). Essa realidade em todos os estados brasileiros traz equilíbrio ao mercado financeiro e uma competitividade local saudável, diminuindo o impacto produtivo. Ou seja, caso alguma empresa feche, outra se abrirá, contribuindo para uma segurança econômica na região.
As afirmações foram feitas por Guilherme Chrispim, presidente da ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída), durante o último episódio do Papo Solar.
Apenas 13% dos consumidores rurais têm energia solar no Brasil
Chrispim relacionou o crescimento exponencial da GD (geração distribuída) pela descentralização dos grandes polos. Ele destacou que tal cenário é vantajoso pois fomenta o mercado local, contribuindo para a geração de empregos e de renda, estabilizando a economia e dando segurança ao setor financeiro daquela região. “Não temos hoje no mercado de GD a dependência de ter apenas uma grande usina. Quando a GD chega, ele chacoalha o mercado”, disse.
O executivo ainda usa de exemplo o próprio setor elétrico, como a usina de Itaipu, que centraliza recursos impossibilitando a criação de um mercado amplo. Para ele, este movimento desenvolve uma ação em cadeia para o setor, gerando serviços para manter o funcionamento daquela usina ou instalação. “Mais empresas, mais pessoas, girando a cadeia econômica local, e o céu se torna o limite neste ciclo”, completa.
Lentidão do Marco Legal
O presidente da Associação também pontuou, durante o papo, como a eletricidade tem ocupado um espaço cada vez maior em comparação a outros meios, que também geram energia, porém sendo vistos como recursos antigos. De acordo com Chrispim, a subordinação para a energia nunca esteve tão clara, e ele ainda chama de “óbvio oculto”, a dependência sem saber que ela existe.
A discussão levou o executivo a chamar a atenção para a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). A Agência perdeu o prazo para valorar os benefícios da geração distribuída e ainda não se manifestou sobre datas.
“Abre-se uma discussão em um espaço jurídico legal entre as empresas de GD e a Lei, o que não traz benefícios e não cumpre com o propósito da criação da Lei, que seria a segurança jurídica. Precisamos sim finalizar a 14.300”, explica.
O presidente da ABGD finaliza ao dizer que o procedimento após a conclusão da norma será benéfico ao setor, pois a lógica se mantém ao lado das empresas. A entrada no mercado de GD ainda será visto como um bom negócio, pois a energia é um recurso essencial e não perderá espaço no setor, mantendo um crescimento positivo, agora junto ao poder jurídico.
“A mobilidade está chegando e vem com muita força, não só aqui mas no mundo inteiro, o armazenamento vai ser para o setor elétrico o que o smartphone foi para as telecomunicações”, conclui.